Presidente de CPMI que xingou paraense de 'verme' é ex-investigado na Lava Jato

Expressão usada por Arthur "Tuca" Maia, presidente da CPMI dos Atos de 8 de Janeiro, contra empresário George Washington Sousa, que planejou um atentado a bomba em Brasília, pode ser enquadrada como injúria

O Liberal

As sessões da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atentados do dia 8 de janeiro têm se caracterizado pela busca de holofotes pelo seus integrantes. Na primeiro depoimento, do ex-superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, a relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), chamou atenção pelos gritos de "cale a boca" contra o deputado Éder Mauro (PL-PA), chamando atenção mais pelo descontrole do que pela pertinência das perguntas ao depoente. Nesta quinta-feira (22), foi a vez do presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), também se exibir para as câmeras, durante o depoimento de George Washington de Oliveira Sousa, o paraense que planejou um atentado a bomba mal sucedido contra o aeroporto de Brasília.

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Injúria

Ao inquirir o depoente, Maia chegou a ameaçar prendê-lo, ignorando que ele já foi condenado pela Justiça e está preso. Arthur Maia, em vez de questionamentos, fez xingamentos, usando expressões como "verme que se esconde no esgoto", "vil", "covarde", entre outras.

Dessa forma, tanto o presidente da CPMI, quanto a sua relatora, bem como seus integrantes e outros parlamentares que comparecem às sessões, estão mais preocupados em gravar e difundir nas rede sociais cortes de vídeos nos quais aparecem "lacrando", para usar um termo da internet, no que pode ser chamado de um verdadeiro circo. Além disso, legalmente, o ataque contra George Washingto Sousa pode ser enquadrado como injúria.  

Enquanto isso, a apuração efetiva de tudo o que aconteceu no dia 8 de janeiro, seus bastidores e seus personagens, fica em segundo plano, seja pela dificuldade em se aprovar convocações de integrantes do atual governo, pelo rolo compressor da maioria governista, seja pela pouca disposição geral para o trabalho sério.

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Investigado

Quanto ao presidente da CPMI, Arthur de Oliveira Maia, não pode ser considerado uma reserva moral em condições de distribuir xingamentos aos depoentes, mesmo aqueles condenados por atos terroristas, já que, como todos sabem, também foi investigado pela operação Lava Jato, na qual foi delatado, acusado de receber doações eleitorais não contabilizadas da Odebrecht, no valor de R$ 200 mil, na campanha eleitoral de 2010, tendo sido investigado por falsidade ideológica, de acordo com o inquérito. 

Na famosa lista da Odebrecht, uma planilha com os políticos que recebiam doações não contabilizadas da construtora, constava o nome de Arthur Maia, com o apelido de "Tuca", conforme delação do ex-executivos da Odebrecht José de Carvalho Filho e Cláudio Melo Filho. 

Na ocasião, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Procuradoria-Geral da República a investigar Arthur "Tuca" Maia, entre outros 39 deputados federais, oito ministros, três governadores e 24 senadores, integrantes da chamada "lista do Janot".

Por mais que as investigações da Lava Jato venham sendo arquivadas em série, isso não apaga o passado. Portanto, seria bom que os integrantes da CPMI se portassem com mais seriedade, atentos à missão de investigar, em vez de promover espetáculos deprimentes e vazios em busca da fama.

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