Pastor que é ex-deputado diz que não entraria em um avião pilotado por um cotista

O vídeo do ex-deputado federal e pastor Josué Bengtson (PTB/PA) atacando as cotas em universidades tem atraído críticas nas redes sociais, que classificam como racismo as posições dele em uma pregação religiosa que teria ocorrido no domingo, 18, no templo da travessa da Timbó, em Belém.  

Durante “pregação” no culto de hoje, o Pastor da Quadrangular e deputado federal, Josué Bengtson, disse que não voaria em um avião que o piloto tenha sido cotista na faculdade. “É por isso que de vez em quando um avião cai”, disse relacionando com as cotas.

Que vergonha! pic.twitter.com/ChA3mru1JB

— Daleth (@dalethhh) July 20, 2020

Bengson, 76 anos, que é paulista, mas se elegeu pelo Pará, é pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular brasileiro. Ele afirma que não entraria em um avião em que um piloto fosse aprovado por cota. “É por isso que de vez em quando cai um avião”, diz ele no vídeo. E arremata: “Em 99% das vezes a culpa é do piloto; ele errou alguma coisa”. Não fica claro se ele diz que os pilotos culpados por acidentes entraram por cotas, apesar de não haver cotas para se tornar piloto. Em seguida ele usa o exemplo de médicos, perguntando aos presentes se eles se deixariam operar por um médico formado que entrou na universidade por cota. “A meritocracia é que tem que funcionar. É o esforço!”, pregou.

Em nota, o pastor Josué Bengtson falou sobre o vídeo, afirmando tratar-se de um trecho pinçado de uma fala que, por si só, não explica o posicionamento pessoal dele a respeito do sistema de costas. Afirma ainda que esta edição dá brecha para o pronunciamento ser mal interpretado.

 “Reconheço a importância e a necessidade das cotas para que se inicie um processo de inclusão. Mas defendo que elas devam ser oferecidas a estudantes oriundos do ensino público, independentemente da sua cor de pele. Cotas raciais reforçam justamente a ideia que mais devemos combater: a que a humanidade se divide em raças. Só existe uma raça, a humana. E nós humanos somos todos iguais e temos a mesma capacidade, independente de cor. O que falta para muitos é a oportunidade. E é aí que entram as cotas. Quando disponibilizamos cotas para os mais pobres estamos fazendo justiça social, e isso é transformador!”, disse Bengston.  

Ele concluiu a nota pedindo desculpas aqueles que entenderam de maneira diferente. “As pessoas que me acompanham e que estavam presentes no momento em que o vídeo foi gravado, conhecem o meu posicionamento e sabem do meu compromisso com aqueles que mais precisam”.

No site da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) explica como chegar à carreira de piloto: “Um aspirante a piloto pode iniciar sua trajetória em aeroclubes, escolas de aviação ou se dar na carreira militar. Em geral, a trajetória evolui da obtenção da certificação de Piloto Privado (PP), Piloto Comercial (PC), até chegar a Piloto de Linha Aérea (PLA). Para cada um desses estágios é necessário atender a requisitos de idade, escolaridade, conhecimento, experiência, instrução de voo e aptidão psicofísica e psicomotora.”

O regime de cotas (Lei nº 12.711/2012) para o ingresso nas universidades federais destina 50% das vagas para estudantes das escolas públicas. As demais são de livre concorrência. Da cota para estudantes das universidades públicas, há subdivisões, conforme gráfico do site do Ministério da Educação.

Fonte: MEC