Paraenses que moram na Argentina relatam tensão às vésperas das eleições

Segundo turno das eleições presidenciais ocorrem neste domingo (19) opondo o governista Sergio Massa e o libertário Javier Milei

Amanda Engelke / Especial para O Liberal

São poucos os que se arriscam a cravar quem será o próximo presidente da Argentina. O segundo turno das eleições presidenciais que ocorre neste domingo (19) no país vizinho é permeado de incertezas e acusações de fraudes do sistema eleitoral, em um cenário próximo ao vivenciado pelos brasileiros nas eleições de 2018. Na disputa, estão o governista Sergio Massa, alinhado ao centro-esquerda, e seu opositor ultraliberal Javier Milei, que leva uma pequena vantagem, de acordo com as últimas pesquisas.

No meio da semana, um dos últimos atos de campanha de Milei acabou com ovos espatifados no chão na cidade de Ezeiza, a cerca de 30 km da capital Buenos Aires. O candidato se preparava para discurssar em uma carreata, mas acabou falando menos do que o programado. Isso porque houve confusão entre seus apoiadores e os apoiadores do atual ministro da Economia, Sergio Massa. Milei acusou Massa de contratar apoiadores brasileiros. “Malditos brasileiros que vieram fazer campanha suja", afirmou.

Se o clima já não era ameno, ficou pior. Paraenses que moram no país relatam um certo clima tensão, muito pelas incertezas. O universitário Leonardo Damasceno, de 20 anos, conta que teme as mudanças propostas por Milei. “O impacto vai ser direto, especialmente para nós que estudamos aqui. Ele (Javier Milei) fala de privatizar a maioria dos órgãos públicos e adotar o dólar como moeda oficial. Nós dependemos do apoio financeiro familiar, e se o dólar for estabelecido como moeda, isso será ruim”, comenta.

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image Leonardo mora em La Plata e conta polarização política no país se assemelha a do Brasil. (Arquivo Pessoal)

Leonardo, que mora em La Plata, conta ainda que percebe semelhanças entre entre o cenário atual na Argentina e o vivenciado pelo Brasil. “Entendo o desespero das pessoas em busca de mudança, pois a situação não é das melhores. No Brasil, já vimos esse cenário: um presidente foi eleito com propostas ultraliberais e frustrou boa parte da população, e não foi releeito. Aqui, as condições de vida e o poder de compra ainda são melhores do que alguém que ganharia o mesmo no Brasil”, avalia o estudante.

Eleitores tentam mudar o voto um do outro, diz paraense

Assim como ele, Eduardo Santos, de 21 anos, conta que observa uma situação acalorada nos dois lados desta eleição. “Era algo que sabíamos que iria acontecer em algum momento, essa polarização. As pessoas estão insatisfeitas com o partido do Massa (Unión por la Patria), que já está há bastante tempo no poder. Com isso, as pessoas estão bastante fervorosas, então todo mundo quer mudar o voto do outro, não aceitam pensamento diferente. Elas indagam umas às outras sobre em quem vão votar. Não está tão polarizado quanto no Brasil, entre Bolsonaro e Lula, mas ainda assim, é um ambiente fervoroso", diz.

Para o professor Renan Moraes, de 35 anos, que mora em Rosário (cidade a 300 km de Buenos Aires), o resultado não afeta a vida dos brasileiros em si, mas gera incertezas sobre o clima do país como um todo. “É o mesmo fenômeno que ocorreu no Brasil nas eleições de 2018, então, não surpreende a nós, brasileiros. Há um medo da crise piorar e gerar uma cascata de insegurança no país em todos os sentidos, porque aqui ainda é bem mais seguro que no Brasil, mas não sabemos até quando isso vai durar”, comenta.

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Neste segundo turno, as regras são iguais às brasileiras

Neste domingo, cerca de 45 milhões de argentinos estão registrados para votar. Destes, mais de 35 milhões votaram no primeiro turno do pleito, que teve como vencedor Sergio Massa (Unión por la Patria), com 36% dos votos, seguido de Milei (La Libertad Avanza), com 29%. Naquela ocasião, três candidatos principais eram esperados para dividir os votos: Milei, Massa e Bullrich.

Para vencer no primeiro turno, um candidato deve obter pelo menos 50% dos votos ou pelo menos 40% dos votos com 10 pontos percentuais a mais que o segundo colocado. Se nenhum candidato atingir o limite necessário, é realizado um segundo turno entre os dois principais candidatos do primeiro turno. Isto foi o ocorreu neste ano.

Neste segundo turno, as regras são iguais às brasileiras: ganha quem tiver a maioria simples entre o total de votos válidos, ou seja, sem contar nulos, brancos e abstenções. Porém, a votação é em papel. Não há uma cédula em que se assinala o nome dos candidatos. Os eleitores pegam uma espécie de panfleto com foto e número do postulante, e coloca dentro de um envelope para, em seguida, depositá-lo na urna.

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