Ibama diz que influenciador digital não mantinha apenas a capivara, mas preguiças, arara, jacarés
Instituto divulgou nota técnica listando os animais explorados pelo influenciador digital para conseguir likes na internet
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aponta que o influenciador digital Agenor Tupinambá, que ficou ainda mais conhecido, por causa da polêmica com uma capivara, não tinha só esse animal na posse dele, mas diversos outros bichos.
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"A primeira questão que o Ibama quer esclarecer é que não se trata apenas de uma capivara, se trata de uma capivara e de outra capivara, que teria morrido, de duas preguiças, sendo que uma delas morreu, de duas jiboias, de uma paca, de uma arara, dois papagaios, uma coruja, uma aranha-caranguejeira. Ou seja, uma série de animais que foram explorados, de forma ilegal, para se conseguir likes na internet”, afirma em vídeo o analista ambiental, do Ibama, em Manaus, Roberto Cabral.
Agenor Tupinambá ficou conhecido por mostrar no aplicativo Tik Tok a rotina dele com uma capivara chamada Filó, em Autazes (AM). Em nota técnica, o Ibama afirma que Agenor usou ou manteve de forma irregular os bichos.
Nota técnica do Ibama
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente afirma que Agenor Tupinambá "utilizou diversos animais silvestres de origem ilegal" além da capivara Filó. Isso teria resultado na morte "de um filhote de preguiça e, segundo relatos, provavelmente de um outro filhote de capivara", diz o documento.
A nota data de 24 de abril passado, e é assinada por analistas do Ibama. As conclusões foram obtidas por meio da análise de redes sociais do influenciador e entrevista, segundo o documento.
O Ibama aponta ainda que o influenciador "manuseou ovos de jacaré no ninho modificando-o", além de ter manuseado um filhote da mesma espécie. Ambas as ações são consideradas irregulares.
A nota informa, também, que Agenor teria utilizado e mantido em cativeiro dois papagaios para se promover nas redes sociais. O documento aponta ainda uma suspeita de as asas terem sido "mutiladas cortando ou arrancando penas".
Agenor Tupinambá também manteve uma preguiça filhote em cativeiro, segundo a nota. E usou outra preguiça adulta para se promover nas redes. O Ibama aponta que a preguiça filhote morreu pelas condições de "maus-tratos". Agenor nega as acusações e diz que fez tudo o que podia para salvar o animal.
O Ibama apontou haver uma paca em cativeiro, o uso de duas jiboias para se promover nas redes e uma arara-vermelha, também em situação de clausura. O Ibama, no entanto, não confirma que estes animais tenham sido mantidos em cativeiro. Alguns podem ter sido capturados na natureza e imediatamente soltos, mas outros como papagaios, arara, preguiça, capivara e paca não estão entre esta possibilidade.
O Instituto ressalta que a captura ou apanha em si já é ato infracional e ilegal, sendo que a manutenção do animal em cativeiro torna continuada a conduta, diz a nota técnica do Ibama.
O documento afirma que Agenor Tupinambá "não reside em meio à mata", mas em uma área rural, em uma fazenda, "onde podem ocorrer encontro com animais silvestres, mas isso não implica que o flutuante onde reside seja ambiente natural de paca, arara, capivara, preguiça, papagaio, entre outros animais".
O Ibama ainda contradiz a versão do influencer de que Filó vivia livre. O instituto questiona hábitos como o de colocar roupas no animal. O animal está sendo mantido em uma casa flutuante que fica em uma fazenda. Vestir o animal com roupas e mantê-lo em condições artificiais constitui abuso e dificulta sua necessária e legal possibilidade de reinserção no ambiente natural", diz a nota do Ibama.
Por meio de nota, a assessoria jurídica do influenciador afirmou que "o único animal silvestre sob a tutela do Agenor é a Filó". "Outros animais como cobra, papagaio etc são espécies que ele encontrou na sua rotina diária de trabalho, fez o registro, mas jamais cuidou, levou para casa ou algo do tipo."
O caso
Nas redes sociais, Agenor Tupinambá ganhou destaque por compartilhar a rotina com uma capivara de estimação. Além da capivara, ele também aparecia com outros animais silvestres. O caso chegou ao conhecimento do Ibama após a morte de um bicho-preguiça que Agenor criava na propriedade.
O tiktoker foi multado em mais de R$ 17 mil, pelo Ibama após o órgão constatar irregularidades no tratamento dele com os animais. Agenor é estudante de agronomia, em Manaus. Ele foi acusado de suspeita de abuso, maus-tratos e exploração contra animais, além da acusação de matar um animal — o que ele nega.
O influenciador recebeu duas notificações para apagar o conteúdo alusivo à criação de animais silvestres em ambiente doméstico e a entrega do papagaio e da capivara Filó a um centro do Ibama em Manaus. No entanto, a capivara foi devolvida a Agenor no domingo (30) após uma decisão da Justiça Federal do Amazonas autorizar a guarda provisória do animal até o fim do processo.
A decisão foi criticada pelo agente do Ibama Roberto Cabral. Em vídeo, ele afirmou que Agenor é um "fazendeiro, peão boiadeiro" e que "uma série de animais que foram explorados de forma ilegal para conseguir likes na internet.".
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