Governo já sabia que haveria manifestação em 8 de janeiro, diz ex-diretor da Abin em CPMI
Saulo Moura da Cunha diz que a Agência não sabia, no entanto, se havia entre os manifestantes algum extremista ou alguém portando armas
Até o dia 4 de janeiro, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) acreditava, pelos monitoramentos feitos, que o ato do dia 8 de janeiro teria "baixa adesão" de pessoas. Foi o que contou o ex-diretor adjunto da entidade, Saulo Moura da Cunha, que prestou depoimento nesta terça-feira (1º) após ser convocado pela Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques aos Poderes da República, a chamada "CPMI do 8 de janeiro".
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"A informação que nós tínhamos era que o ato teria baixa adesão. Nós estávamos recebendo informações da ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres]. No dia 5 de janeiro, nós tínhamos cerca de 43 ônibus informados pela ANTT. A PRF [Polícia Rodoviária Federal] não estava nos informando nenhuma movimentação atípica nesse período", lembra.
No entanto, ele confessa ter percebido que, nos dias 6 e 7, houve um esse aumento na quantidade de ônibus, para 105, e por isso o órgão teria feito um alerta no dia 7, relatando o incremento. Segundo Saulo, o documento teria sido encaminhado para o Ministério da Justiça - Diretoria de Inteligência (Dint), ao Centro de Inteligência do Exército (CIE), Centro de Inteligência da Marinha (CIM), Assessoria de Inteligência de Defesa e à Secretaria de Segurança Pública.
"O que nós não tínhamos ainda era a qualidade desses passageiros, ou seja, se havia ali entre eles algum extremista, alguém portando armas. Essas informações, nós não tínhamos, mas nós informamos, sim, um incremento, uma atividade não usual na chegada para Brasília. Na tarde do dia 7, os órgãos de segurança do GDF e alguns órgãos do governo federal já tinham a informação de que teria uma manifestação, com pelo menos um grande número de pessoas", relata.
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