Durante sessão na Câmara, vereadora diz que mulher teve filho autista por 'castigo de Deus'
Zirleide Monteiro (PTB) teria se desentendido com a mãe da criança dias antes
Uma vereadora afirmou durante sessão parlamentar que uma mãe foi "castigada por Deus" por ter um filho autista. A argumentação aconteceu na Câmara de Vereadores, no município de Arcoverde, em Pernambuco (PE), na última segunda-feira (30). Zirleide Monteiro (PTB) teria se desentendido com a mãe da criança dias antes.
“Quando ela veio com um filho deficiente, é porque ela tinha alguma conta a pagar com aquele lá de cima. Ela já veio para sofrer”, disse a vereadora.
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A mulher que foi alvo do ataque da parlamentar não teve a identidade revelada. Ela é mãe de uma criança de 4 anos de idade, com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o qual Zirleide se referiu como “castigo divino”.
Ainda segundo Zirleide, a mãe da criança estava sendo punida devido a uma atitude que teve durante o último fim de semana. “Está nas mãos de Deus. Está entregue e quem faz aqui, paga aqui mesmo. Não vai subir lá para cima não, viu? De jeito nenhum”, declarou.
Logo após a fala da parlamentar, o presidente da Câmara, Wevertton Siqueira (Podemos-PE), declarou repúdio à fala de Zirleide e pediu desculpas à vítima pela ofensa. “Eu acredito que a senhora foi muito infeliz. Eu quero pedir desculpa em nome da vereadora Zirleide. Eu, como presidente, quero pedir desculpa em nome dela a todas as mães, com um filho deficiente aqui em Arcoverde, em Pernambuco, e em todo o Brasil”, disse Siqueirinha, como é conhecido no município.
Em nota oficial, a Câmara de Vereadores de Arcoverde ressaltou o posicionamento do presidente “Siqueirinha” e afirmou que “não aceita ou admite nenhum tipo de preconceito, de qualquer natureza; seja contra Pessoas com Deficiência; em questões de raça; de gênero; etárias; culturais; religiosos ideológicos”. O órgão informou ainda que a presidência está analisando o caso junto à assessoria jurídica e que já existe um processo administrativo em trâmite.
Nas redes sociais, internautas criticaram o posicionamento da vereadora. Diversos perfis que abordam a temática do TEA se posicionaram repudiando o ato considerado capacitista.
O que é Capacitismo?
Capacitismo, segundo o dicionário, é desrespeitar, ofender, humilhar ou agredir uma pessoa devido à deficiência. A prática também é considerada um crime, com pena de 1 a 3 anos de reclusão e multa, segundo a Lei Brasileira de Inclusão (LBI).
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