‘Coisa de preto’: Tribunal absolve vereador Camilo Cristófaro de racismo

Fala de Cristófaro gerou reações do movimento negro, que realizou um ato em frente à Câmara Municipal de São Paulo

O Liberal
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O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) absolveu o vereador Camilo Cristófaro (Avante), da capital paulista, da acusação de racismo. A declaração em questão foi proferida durante uma reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Aplicativos, em 3 de maio de 2022, na qual o parlamentar criticou um serviço, referindo-se a ele como "é coisa de preto" e mencionando que "arrumaram e não lavaram a calçada".

A conversa veio a público após ser vazada, porém, de acordo com o entendimento da Corte, a atitude do vereador não se configurou como um crime, citando o inciso III do Artigo 386.

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Declaração foi feita durante os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as empresas de aplicativo na Câmara Municipal de São Paulo

Para que fosse aberto um processo contra Cristófaro na Câmara Municipal de São Paulo, foi necessário submeter a proposta a votação, que ocorreu no final de maio de 2022 e resultou em 51 votos favoráveis e nenhum contrário. As penalidades que poderiam ser aplicadas eram a suspensão e a cassação do mandato. Um mês após a votação, a Corregedoria da Casa recebeu um pedido do TJSP para que a vereadora Elaine do Quilombo Periférico (PSOL), relatora do processo, fosse substituída devido à alegação de parcialidade. As representações contra Cristófaro pelo episódio foram feitas pelas vereadoras Luana Alves (PSOL) e Sonaira Fernandes (Republicanos), além do deputado federal Alexandre Leite (União Brasil), filho do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, e uma moradora de São Paulo.

A fala de Cristófaro gerou reações do movimento negro, que realizou um ato em frente à Câmara Municipal de São Paulo em maio do ano anterior, exigindo a cassação do mandato do vereador.

Cristófaro já havia se defendido da acusação, alegando tratar-se de "uma brincadeira".

Após passar pelo plenário, o processo entra agora na fase de instrução, onde Camilo Cristófaro terá a oportunidade de se defender. A ação pode resultar em suspensão ou cassação de seu mandato.

Promotoria pode recorrer

Em resposta à decisão, a vereadora Luana Alves, por meio de sua assessoria, afirmou que é provável que a promotoria recorra, ressaltando que a decisão é de primeira instância. Ela lamentou a decisão da Justiça e ressaltou a importância de continuar lutando contra o racismo e a discriminação racial em qualquer órgão legislativo. Luana destacou que a batalha está longe de acabar e que não se calarão diante de situações como essa, reforçando que o racismo se manifesta de diversas formas, inclusive na sub-representação de pessoas negras em espaços políticos. A vereadora expressou sua opinião em um áudio enviado à reportagem.

Procurado pela Agência Brasil, o Ministério Público, que se manifestou durante o processo, informou que ainda não recebeu a comunicação formal da decisão.

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