Braga Netto diz que Golpe de 64 'fortaleceu democracia'

No texto, o ministro diz ainda que o golpe combateu "os ideais antidemocráticos da intentona comunista"

Luciana Carvalho
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Em sua última ordem do dia como Ministro da Defesa, o general da reserva Walter Braga Netto classificou o golpe militar de 1964 como marco histórico e afirmou que a ação, que levou a 21 anos de ditadura violenta no país, conduziu ao “fortalecimento da democracia”. As informações são do UOL.

A ordem do dia, lida diariamente nos quartéis para informar a tropa, é usada no dia 31 de março todos os anos para comemorar o golpe de 64, mas se transformou em um ato de defesa explícita do período militar durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.

Na versão de Walter Braga Netto, famílias, militares, empresários, políticos, a imprensa e a sociedade em geral se uniram para “para restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil”.

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“Nos anos seguintes ao dia 31 de março de 1964, a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou no restabelecimento da paz no país, no fortalecimento da democracia, na ascensão do Brasil no concerto das nações e na aprovação da anistia ampla, geral e irrestrita pelo Congresso Nacional”, escreveu Braga Netto.

No texto, o ministro diz ainda que o golpe combateu "os ideais antidemocráticos da intentona comunista". Braga Netto afirmou, também, que as instituições se fortaleceram e "as Forças Armadas acompanharam essa evolução".

Mas, ao contrário do que prega o texto do ministro, o Brasil viveu os momentos mais duros da sua história recente na época da ditadura militar, que durou 21 anos, entre 1964 e 1985. O período foi marcado por torturas e ausência de direitos humanos, censura e ataque à imprensa, baixa representação política e sindical, precarização do trabalho, além de uma saúde pública fragilizada, corrupção e falta de transparência.

As menções sobre o golpe voltaram a acontecer no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) após nove anos. Antes disso, entre o início da redemocratização no Brasil e o fim do segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2010, os militares nunca deixaram de lembrar a data. Logo no início de seu primeiro mandato, em 2011, Dilma Rousseff (PT) determinou que o dia em questão não fosse mais "comemorado".

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, inclusive, já trataram da possibilidade de uma nova intervenção militar, justificando as falas com o artigo 142 da Constituição de 1988 - que não dá às Forças Armadas a função de atuar como moderador dos outros Poderes. Recentemente, o presidente voltou a elogiar o coronel Carlos Brilhante Ustra, que atuou na ditadura militar, depois foi declarado torturador pela Justiça e morreu em 2015.

(Luciana Carvalho, estagiária, sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política.)

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