Belém recebe evento internacional sobre mudanças climáticas
Fórum Urbanshift primeira vez na América Latina levanta debates sobre desenvolvimento em meio à crise climática
A capital paraense foi escolhida para sediar o Fórum Urbanshift, que acontece --- pela primeira vez na América Latina --- entre os dias 16 e 19 de abril, em Belém. O evento reúne diversas autoridades nacionais e representantes da comunidade internacional para discutir sobre desenvolvimento diante da iminente crise climática. Durante a abertura, nesta terça-feira (16), o ministro das Cidades, Jader Filho, destacou o protagonismo da cidade amazônica diante das discussões internacionais sobre o futuro do planeta e, essencialmente, da região.
O ministro participou do Painel Político de Alto Nível, que partiu da reflexão sobre o papel das cidades na mudança do clima, na prosperidade econômica e qualidade de vida. Com o argumento de que a cidade é onde as mudanças climáticas — como alagamentos, deslizamentos, ilhas de calor, entre outros fenômenos — são mais perceptíveis, os painelistas defenderam o compromisso de estabelecer que o combate às mudanças climáticas deve partir dos centros urbanos.
Entre os principais pontos levantados no painel, Jader Filho ressaltou a necessidade de garantir a visibilidade da população amazônida e a inserção dos moradores nas pautas climáticas. “Não consigo acreditar em um futuro promissor sem a inserção das pessoas nesta discussão. Como é possível transformar esses atores, que estão no cotidiano da Amazônia, e deixá-los invisíveis?”, questionou.
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“Se nós, quando falamos de meio ambiente, só falamos da floresta e da biodiversidade, esquecendo que essas pessoas precisam comer, ter qualidade de vida, como essas pessoas vão se sentir partes integrantes nessa luta?”, completou o ministro, frisando que existe um esquecimento sobre o entendimento do que é a essência da Amazônia e a pluralidade existente na região.
A gestão municipal foi representada no evento pelo vice-prefeito Edilson Moura, que justificou a ausência do prefeito Edmilson Rodrigues, por questões de saúde familiar. Moura apresentou o discurso que seria proferido pelo chefe do executivo municipal. Conforme as palavras de Rodrigues, nos últimos anos, tem crescido o papel das cidades como ente da federação mais próximo ao cidadão[…] Os governos municipais tem as possibilidades de incidir o destinos das suas urbes”, ponderou.
Novos parâmetros para o desenvolvimento
No fórum, foi destacada a integração entre os governos municipais, nacionais e instituições financeiras para encontrar soluções para os entraves que dificultam a captação de recursos e, assim, garantir acesso equitativo aos financiamentos para medidas eficazes de combate à crise climática.
Toni Lindau, diretor de Cidades do World Resources Institute (WRI), declarou que é necessária a inclusão das cidades nos planos de mitigação que estão em desenvolvimento e constatou que a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30) em Belém é um marco para a revisão das metas ambientais dos demais países.
O secretário nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental, do Ministério do Meio Ambiente, Adalberto Maluf, pontuou a situação dos resíduos sólidos produzidos nas cidades. A solução defendida por Maluf para contornar os problemas que existem na gestão do lixo é o incentivo a uma economia circular, que deve ser estruturada em todas as esferas sociais, sendo capaz, inclusive, de fomentar a geração de emprego.
Já a secretária nacional de Políticas Estratégicas e Programas, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marcia Barbosa, reforçou a busca por soluções de planos de desenvolvimento que atendam, de fato, às necessidades da população amazônica e que não comprometam a rentabilidade ou subsistência de comunidades que vivem do extrativismo, por exemplo.
Belém no centro mundial
Representante da organização do evento e diretor global de Desenvolvimento Urbano do WRI, Pablo Lazo explicou que a realização do fórum em Belém foi motivada pelo importante posicionamento da capital paraense ante as pautas climáticas e a biodiversidade. Lazo avaliou que as atenções mundiais estão focadas no Brasil, sobretudo na Amazônia, e nas discussões do G20.
O diretor destacou as temáticas abordadas no evento, como questões de financiamento e planejamento urbano. “Agora a discussão vai caminhar para mostrar como é possível fazer, quais os mecanismos de financiamentos são viáveis nos projetos sobre os temas, discutir quais são as ferramentas e estruturas desses novos mecanismos de financiamentos que precisam ser desenvolvidos, assim como a implementação dos projetos”, concluiu Pablo Lazo.
O titular das Cidades afirmou que as agendas diplomáticas e os fóruns que acontecem na cidade já são uma preparação para a COP 30. “Eu acho que isso aqui é, mais do que nunca, a responsabilidade que Belém tem de se inserir nessa discussão global sobre a questão do meio ambiente, a questão das cidades, a questão das pessoas. [...] São eventos importantes, e Belém se insere nessa discussão global já preparando para o grande evento que vai acontecer em novembro [a COP 30].
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