Após Rússia anunciar recuo, apoiadores do presidente levantam a hashtag "BolsonaroEvitouAGuerra"

Eles tentam levantar a ideia de que o mandatário brasileiro teve influência na retirada de parte das tropas russas da fronteira com a Ucrânia

O Liberal
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A hashtag "BolsonaroEvitouAGuerra", levantada por ministros e apoiadores do governo, alcançou os assuntos mais comentados do Twitter na manhã desta terça-feira (15). Com a chegada do presidente Jair Bolsonaro à Rússia no mesmo dia em que o governo de Valdmir Putin anunciou a retirada de parte das tropas da fronteira com a Ucrânia, aliados do mandatário brasileiro tentam emplacar a ideia de que ele teve influência nesse movimento, que atenuou a iminência de um confronto na região. As informações são da Agência Estado.

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Parte das postagens foi feita em tom de brincadeira, explorando uma publicação do próprio presidente, que ao adentrar o espaço aéreo russo, destacou a notícia da retirada das tropas, mesmo tendo sido aconselhado pelo Itamaraty a não tocar nesse assunto durante a viagem.



O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles foi um dos que mais se empolgou com a brincadeira e fez uma série de publicações sobre o assunto. Em uma delas, compartilhou uma montagem que simula o presidente na capa da revista americana "Time”, com uma manchete falsa atribuindo a Bolsonaro o "Prêmio Nobel da Paz de 2022" por seu "papel fundamental na crise entre Rússia e Ucrânia".

Em outro post, escreveu: “Biden e o mundo ocidental agradecendo Bolsonaro por ter convencido Putin a desistir da invasão, talkey ?!?”

Já a influenciadora bolsonarista Bárbara Destefani, alvo de inquérito no TSE por disseminar desinformação, a foi ao Twitter dizer que Bolsonaro "ligou para (Vladimir) Putin do avião e disse para ele esquecer esse negócio de guerra", atribuindo ao presidente brasileiro a responsabilidade pelo gesto de recuo.

Apesar do tom humorístico das publicações, alguns seguidores demonstraram, nos comentários, que acreditaram na afirmação.

Ouvida pela Agência Estado, a pesquisadora Michele Prado, autora do livro "Tempestade Ideológica: a alt-right e o populismo iliberal no Brasil", avalia que os bolsonaristas com influência nas redes aproveitam a situação para fortalecer a mobilização do público em torno do mandatário.

Para ela, a imagem do presidente entre seus apoiadores é envolta de "mitificação e messianismo", elementos que esse tipo de publicação tenta reforçar. Michele classifica as postagens como uma tentativa de emplacar o que ela chama de contranarrativa - uma disposição dos fatos alheia à realidade.

Ela acrescenta que essa situação pode resultar na ampliação do "limite de aceitação do absurdo" dos bolsonaristas, levando à perda do senso crítico individual. "É o delírio como método. Quando recebem essas publicações (no Telegram, WhatsApp e outras redes sociais), acham que é verdadeiro. No futuro, vão acreditar em algo ainda mais absurdo e fora da realidade", diz a pesquisadora.
 

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