Antigas moradoras do Alvorada, emas já foram expulsas do Planalto
Na ditadura militar, por exemplo, a primeira-dama Lucy Geisel, pediu para retirar as emas porque elas perturbavam os dálmatas da família
Os palácios da Alvorada, do Jaburu e a Residência Oficial do Torto, em Brasília, somam mais de mil animais de diferentes espécies entre eles, 57 emas que residem nas residências oficiais desde a década de 1960. Elas dão as boas-vindas e são uma atração do local por seu porte majestoso de 1,4 m, em média, e pesam cerca de 25 quilos. Mas não é só isso: elas estão ali para contribuir ecologicamente para a segurança das pessoas. As emas comem e controlam animais peçonhentos como cobras e escorpiões, por exemplo, que são encontradas às margens do Lago Paranoá, onde fica a casa presidencial. As aves integram ainda a dinâmica dos jardins, compondo uma reprodução do ambiente do cerrado. As informações são do portal UOL.
Moradoras antigas, as emas da Presidência da República têm um histórico conturbado com os inquilinos das residências oficiais. Elas já foram alvo de queixas de vários ocupantes do local, principalmente por causa dos conflitos com outros animais. A relação difícil, sobretudo por conflitos com os bichos de estimação das famílias presidenciais, já levou as aves, a serem retiradas do Palácio da Alvorada.
Na ditadura militar, por exemplo, a primeira-dama Lucy Geisel, mulher do presidente e general Ernesto Geisel, pediu para retirar as emas porque elas perturbavam os dálmatas da família.
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No início de seu governo, a ex-presidente Dilma Rousseff também transferiu alguns dos animais para a Granja do Torto, segundo servidores da época. O objetivo foi evitar conflitos com o labrador Negão, cão de estimação herdado do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Segundo o ornitólogo Marcos Raposo, professor do Museu Nacional, as emas não são animais violentos, mas que, como qualquer outro, se protegem de eventuais ataques de predadores. "O ser humano se assemelha a um predador, inclusive por ser maior que elas. As emas têm predadores naturais, como as onças, e elas têm de se defender de alguma forma."
No mês passado, duas emas que viviam na Granja do Torto, morreram em decorrência, ao que tudo indica, de alimentação inadequada. De acordo com técnicos que acompanharam tanto o processo de avaliação quanto a autópsia dos animais, a morte súbita "fecha com o quadro" de doenças cardíacas e hepáticas, "desencadeadas provavelmente pelo mau manejo alimentar durante os últimos anos". O laudo final sobre as mortes deve sair em duas ou três semanas, mas os técnicos comentaram nunca terem visto uma ave "com tanta gordura".
Características
A ema é a maior espécie de ave que ocorre no Brasil, chegando a medir entre 1,27 e 1,40 para adultos. Sua plumagem é pardo-acinzentada e não possuem cauda. O que diferencia o sexo é que o macho possui a região anterior do peito e o pescoço pretos. Ela possui asas, mas não voa, e as utiliza para equilibrar-se e mudar de direção ao correr.
Elas são animais onívoros, se alimentando de sementes, folhas, frutos e pequenos animais como insetos, roedores e moluscos, e bebem pouco água. Os hábitos alimentares das emas nos palácios atuam no controle de animais peçonhentos, como cobras e escorpiões, o que garantiram o retorno triunfal e a permanência delas até hoje.
A ema só vocaliza na época do acasalamento, quando o macho reúne um harém de 5 a 6 fêmeas, escolhe um território e faz o ninho. Os machos vocalizam e dançam para atrair as fêmeas. Os ovos são chocados pelos machos, e após o nascimento, são cuidados pelos mesmos, os afastando de predadores, como cachorros-do-mato, lagartos e gaviões.
(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).
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