Vítima de agressão física em ponto de táxi, em Belém, presta depoimento na Polícia Civil
“Elas foram agredidas porque são um casal de meninas”, diz prima da vítima
“Elas foram agredidas porque são um casal de meninas”. A afirmação é da historiadora Lara Costa, prima de uma das jovens agredidas em um ponto de táxi do bairro de São Brás, em Belém, na última quinta-feira (02/06). Na manhã desta sexta (03), uma das vítimas, de 23 anos, prestou depoimento na Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios e Homofóbicos (DCCDH), da Polícia Civil do Pará.
O depoimento começou por volta das 10 da manhã e durou mais de duas horas. Ainda abalada emocionalmente, a vítima preferiu não dar declarações à imprensa. A outra jovem está hospitalizada. O vídeo que mostra a agressão física às duas jovens começou a circular nas redes sociais na noite da última quarta-feira (01).
Lara Costa contou que a família de sua prima, que ela identificou como Ane, está muito abalada. “A mãe dela às vezes tem crise de choro. Ela não vê mais a filha segura na rua. A gente nunca imaginou passar por isso. A gente pensa que isso nunca vai acontecer com a gente”, afirmou.
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Na opinião de Lara, a violência foi motivada por homofobia. “Elas foram agredidas por serem um casal lésbico. E isso incomodou eles (os taxistas). E, a partir disso, veio a agressão. Não foi por consumo de bebida alcoólica e nem por nada que foi alegado”, afirmou. Lara disse que as famílias das jovens esperam por justiça. “A gente espera que eles paguem pelo o que fizeram. As cenas (mostradas no vídeo) são absurdas. São cenas de violência”, ressaltou. Lara acrescentou que a outra jovem permanece internada, mas está reagindo bem.
"As pessoas se acham no direito de fazer essa violência", diz coordenadora da Diversidade Sexual de Belém
Jane Patrícia Gama, coordenadora da Diversidade Sexual de Belém (CDS), da Prefeitura de Belém, também acompanhou o depoimento da vítima. O município monitora o caso por meio da Secretaria Extraordinária de Cidadania e Direitos Humanos de Belém (SecDH) e das Coordenadorias Municipais da Diversidade Sexual (CDS) e da Mulher (Combel).
“Isso não pode acontecer. As pessoas se acham no direito de fazer essa violência, de nos matar”, disse. Ela afirmou que o Brasil é o país que mata mais pessoas LGBTQ+ (sigla que representa os grupos compostos por lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transsexuais, queer e outros de gênero e sexualidade). Segundo dados de entidades que atuam na defesa dos direitos das pessoas LGBTQI+, ocorre uma morte a cada 23 horas.
Jane Gama afirmou que, desde o começo da denúncia, a prefeitura de Belém está acompanhando o caso. “Isso não pode ficar impune. Tem que ser investigado e as pessoas, punidas”, disse. “Parem de nos matar, deixem-nos viver”, afirmou. Ela acrescentou que o registro oficial das agressões ainda não havia sido feito porque as vítimas estavam com medo. “Elas estão preocupadas com a segurança delas. E foram orientadas a fazer a denúncia. Tem que denunciar. Não podemos no calar”, completou.
A outra vítima será ouvida assim que receber alta hospitaliar. O depoimento desta sexta-feira foi dado à delegada Adriana Norat. Em nota, a Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pela Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios e Homofóbicos (DCCDH). "Uma das vítimas foi ouvida e encaminhada à perícia médica. Diligências estão sendo feitas para ouvir os demais envolvidos e levantar mais informações sobre o ocorrido", afirmou.
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