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Cerca de 66% dos mortos a tiros na RM de Belém em agosto eram negros, aponta levantamento

Mapeamento indica que neste mês houve 68 tiroteios, com 59 pessoas baleadas, das quais 35 são negras, diz o Instituto Fogo Cruzado.

O Liberal
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O Instituto Fogo Cruzado lança nesta quinta-feira (5) o relatório mensal da violência armada na região metropolitana de Belém do Pará. Em agosto de 2024, foram contabilizados 68 tiroteios, com 59 pessoas baleadas. Dessas, 50 morreram, sendo 33 pessoas negras, e nove ficaram feridas, duas vítimas eram negras. Em comparação com o mês anterior, houve um aumento de 26% no número de tiroteios, passando de 54 registros em julho para 68 em agosto. O número de mortos também aumentou 60%, de 31 em julho para 50 em agosto. Já o número de feridos teve uma redução de 18%, caindo de 11 em julho para nove em agosto.

Em agosto foram registrados 31 homicídios ou tentativa de homicídio e 25 ações policiais com tiroteios. Além disso, houve nove tiroteios motivados por tentativas de roubo; quatro sem identificação da motivação; e três ocorrências como resultado de briga.

"A violência não atinge a todos da mesma forma. A violência, sobretudo a violência armada, tem como alvo constante homens e mulheres negros, que sofrem diariamente. Em agosto, mais da metade dos mortos em tiroteios eram negros. Não podemos normalizar isso e temos o dever de questionar por que só uns têm direito a proteção enquanto a resposta para outros é o tiro. Os dados deste relatório escancaram o quanto a segurança pública precisa ser redesenhada a partir de dados e evidências se o foco dela for a preservação da vida", analisa Eryck Batalha, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Pará.

Em Benevides o aumento de tiroteios se deu após a morte do policial penal Ivanildo Aiati Araújo Borges no dia 13 de agosto. Ivanildo estava jogando futsal, quando foi morto. Após o ocorrido três operações policiais foram registradas no município e três pessoas foram mortas.

A distribuição da violência armada por município da região metropolitana de Belém em agosto ficou da seguinte forma:

Belém: 35 tiroteios, 22 mortos e 5 feridos

Ananindeua: 13 tiroteios, 12 mortos e 2 feridos

Benevides: 5 tiroteios e 5 mortos

Barcarena: 5 tiroteios e 3 mortos

Marituba: 4 tiroteios e 5 mortos

Santa Izabel do Pará: 4 tiroteios e 2 mortos

Castanhal: 2 tiroteios e 1 morto

O perfil da violência armada

Dos 50 mortos registrados no mês de agosto, 33 eram negros, o que representa 66% do total; 12 eram brancos; e cinco não tinham declaração de raça. Entre os nove feridos, dois eram negros, dois eram brancos, e cinco não tinham identificação de raça.

"Desde que o Instituto Fogo Cruzado passou a atuar na Região Metropolitana de Belém reconhecemos um padrão: ou observamos pessoas negras liderando os dados de mortes ou nos deparamos com a ausência de dados de raça. Essa é uma discrepância que necessita atenção do Estado para podermos entender melhor o problema que enfrentamos de forma coletiva", afirma o coordenador regional do Fogo Cruzado no Pará, Eryck Batalha.

Na análise, três agentes de segurança foram mortos em agosto. No mês anterior, um agente de segurança foi morto. Além disso, um mototaxista foi morto, assim como 21 pessoas classificadas como PPTE (pessoa que passou pela tutela do Estado).

No que diz respeito à faixa etária, 48 adultos foram mortos, um adolescente e uma pessoa sem identificação de idade. Entre os feridos, oito eram adultos e um era adolescente. Além disso, houve também uma morte relacionada a um caso de feminicídio.

Dias de maiores ocorrências

No mês de agosto, o dia 8 se destacou como o mais violento, com seis tiroteios registrados. Os dias com maior número de mortes foram: 8, 13 e 22, com quatro casos.

A coleta de dados foi realizada entre os dias 1º e 31 de agosto de 2024. As informações também estão disponíveis na API do instituto, e podem ser consultadas de forma aberta e gratuita.

Fogo Cruzado

O Fogo Cruzado é um Instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida. 

Com uma metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da instituição produz mais de 50 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife, de Salvador e de Belém.

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