Polícia Civil segue investigando sob sigilo tentativa de sequestro de jovem em Ananindeua
Ocorrência é semelhante a tentativa de sequestro de mulheres em São Paulo (SP), que ganhou repercussão nesta quarta-feira (18/09)
O caso da suposta tentativa de sequestro de uma adolescente na Cidade Nova V, em Ananindeua, no dia 4 de setembro, segue sendo investigado sob sigilo pela Polícia Civil. Até o momento não há informações sobre a prisão de qualquer suspeito do caso. Por meio de nota, a Polícia Civil informou que "o caso está sendo investigado sob sigilo pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Ananindeua".
A suposta tentativa de sequestro em Ananindeua se assemelha com um caso em São Paulo, que ganhou repercussão nacional nesta quarta-feira (18/09), quando vídeos mostraram um homem tentando puxar mulheres em uma parada de ônibus para dentro de um veículo, da mesma forma como aconteceu com a jovem na Cidade Nova. O homem suspeito em São Paulo estaria aterrorizando mulheres nos bairros Sapopemba e Mooca.
No caso de Ananindeua, o carro utilizado pelos supostos sequestrados - um Honda Civic modelo LXS, na cor branca - foi apreendido pela Polícia Militar (PM), na Cidade Nova VI, no dia seguinte (05/09). O proprietário do veículo prestou depoimento naquele mesmo dia na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Ananindeua, com um advogado, e foi liberado.
Já na capital paulista, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que solicitou a prisão do suspeito e aguarda manifestação do Judiciário. "Diligências estão em andamento para a coleta de provas e a análise das imagens de câmeras de segurança visando à localização do homem".
VULNERÁVEIS - De acordo com a diretora da Comissão das Mulheres e Advogadas da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará (OAB/PA), advogada Samila Gusmão, as mulheres são um dos grupos mais vulneráveis aos crimes de violência sexual no Brasil. Esses tipos de crimes estão diretamente ligados ao exercício do poder que os criminosos tentam exercer sob as vítimas.
"Esses crimes direcionados às mulheres é uma das formas de violência que relacionamos com gênero. Quando falamos de crimes sexuais estamos falando de disputa de poder, algo que está relacionado com exercício de poder de homens que tem mais força física contra essas mulheres e que estão desejam ter poder sobre elas", explica. "Isso decorre das assimetrias de poder que vivemos na nossa sociedade estruturalmente", complementa.
A advogada ressalta que a estrutura do Estado brasileiro ainda é muito insuficiente para combater os crimes contra as mulheres. "Existe uma atuação estatal, mas é insuficiente. Ainda se é carente de políticas para combater a raiz dos problemas. Todos os anos vemos os números dos anuários de violência que aumentam todos os anos na violência sexual e doméstica. Esse aumento não é acompanhado por investimentos das políticas públicas que estruturam a nossa sociedade", compara.
Os dados também demonstram que meninas e adolescentes são as maiores vítimas de crimes sexuais. Gusmão aponta que é necessário pensar as políticas públicas de segurança pública voltadas também para recortes de gênero, raça e idade.
"É só pegar os dados do Anuário Brasileiro de Violências para ver que os grupos mais vulnerabilizados são as mulheres, crianças e adolescentes. A raça também é determinante. As meninas negras estão entre as mais suscetíveis à violência contra as mulheres, é um dos grupos mais vulnerabilizados, daí a necessidade de trabalhar políticas públicas pensando num recorte interseccional de raça", destaca.
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