Pará registra 84 casos de leptospirose em 2023; confira as orientações para prevenir a doença

A capital paraense obteve 13 casos registrados

Vitória Reimão
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O Pará obteve 84 casos de leptospirose em 2023, segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Já no ano passado, em 2022, o órgão estadual comunicou que, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, foram registrados 108 casos da doença. A capital paraense também teve registro da doença. A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informou que, em 2022, Belém registrou 22 casos de leptospirose; em 2023, até agora, foram 13 casos.  

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Segundo as orientações da Sespa, a população deve-se prevenir para não correr riscos de contrair a doença, principalmente neste período chuvoso. "É necessário usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem; não acumular entulhos e materiais de construção; vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés; utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos; e manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quintais, paióis e celeiros", comunicou. 

Já a orientação da Sesma é procurar atendimento médico o mais rápido possível, caso o paciente apresente os seguintes sintomas: febre, dores de cabeça e no corpo e pele amarelada. "Também deve procurar assistência quem teve contato com roedores, fezes e alimentos consumidos por estes animais", diz o órgão municipal. 

O que é leptospirose?

Para o especialista em Infectologia Alessandre Gomes, médico dos hospitais Universitário Barros Barreto e Beneficente Portuguesa, a leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria do gênero Leptospira. Esta doença é transmitida pela urina de animais infectados, principalmente por ratos, que pode causar a contaminação da água e solo. Por conta disso, pode causar a contaminação caso haja contato com pele e mucosas de seres humanos expostos, principalmente se houver lesão (feridas), mas independente disso (pele íntegra também), quando imersos em águas contaminadas. 

"O período de tempo entre a exposição e o início dos sintomas pode variar de 1 a 30 dias, mas geralmente ocorre entre 7 a 14 dias. É uma doença que apresenta elevada incidência em determinadas áreas, sobretudo quando não há saneamento básico adequado e acúmulo de lixo, tendo elevada letalidade que pode chegar de 40 a 50% nos casos graves, em que uma pessoa perde a vida a cada duas infectadas", explica Alessandre. 

De acordo com o médico infectologista, os sintomas podem variar entre graus leves e graves. Há casos que incluem a febre, dor muscular, icterícia (mucosas amareladas) e as complicações renais, como a insuficiência renal (parada da diurese), que faz parte dos principais sintomas da forma grave da doença. Alessandre orienta para a importância da busca pelo atendimento médico "se houver suspeita de leptospirose, pois as condutas tomadas precocemente fazem grande diferença no desfecho clínico da doença, incluindo a diálise precoce, quando indicada". 

"Para saber se é um caso de leptospirose, o médico precisa levar em consideração principalmente a história clínica do paciente e as informações epidemiológicas do caso, se houve exposição à enchente, contato com água contaminada, canais (esgoto), entre outros. O diagnóstico específico depende da fase da doença e de exames podem levar alguns dias para ficarem concluídos, então, mediante suspeita, o tratamento empírico deve ser instituído precocemente com antibióticos", acrescenta o especialista. 

A principal recomendação, segundo Alessandre, é a proteção contra a leptospirose. Evitar nadar, tomar banho ou entrar em contato com água de esgoto a céu aberto, ou por outro locais como canais, água que serve de drenagem de esgoto ou enchentes. "Caso ocorra o contato “acidental” ou por atividade de trabalho, em que há pessoas mais expostas, existe um esquema de antibióticoprofilaxia que deve ser instituído. Usar botas ou sapatos de cano alto, proteger os pés, seja com sacos plásticos de alta gramatura e sem gravuras - pois são menos permeáveis, permitindo menor contato com fatores externos. Tentar mínima exposição possível (menor tempo) e imediatamente fazer higiene corporal", orienta o infectologista.

(Vitória Reimão, estagiária sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador de Atualidades)

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