Naufrágio na ilha de Cotijuba: o que se sabe até agora sobre o acidente
Até o momento, a Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) já contabilizou 23 mortos e 66 sobreviventes
O naufrágio na Ilha de Cotijuba da lancha Dona Lourdes II completou nove dias nesta sexta-feira (16). A embarcação, conduzida por Marcos de Souza Oliveira, estava irregular e saiu de um porto clandestino da comunidade de Camarazinho, em Cachoeira do Arari, na ilha do Marajó, com destino a Belém, e afundou nas proximidades da ilha de Cotijuba, na baía do Marajó, na capital paraense, na última no dia 8, uma quinta-feira. A empresa responsável pela embarcação é a M de Souza Navegações Ares, que pertence à Meire Ferreira de Souza, mãe de Marcos. As investigações sobre o caso estão sendo conduzidas pela Polícia Civil do Pará e Marinha do Brasil. A Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) contabilizou 23 mortos e 66 sobreviventes.
Reflutuação da lancha
A lancha Dona Lourdes II permanece submersa na baía do Marajó. De acordo com a Segup, a responsabilidade pela reflutuação da embarcação seria da proprietária que, em depoimento à polícia, alegou não ter condições de arcar com os custos da operação. Posteriormente, foi consultada a Marinha do Brasil sobre a emersão da embarcação, mas a instituição informou que não fará esse procedimento.
Diante desse impasse, o Estado, por meio da Segup, está realizando os trâmites legais de licenças e licitação para realizar o içamento. Após esse processo, novas averiguações serão feitas na lancha em terra.
Resgate e fuga do comandante da embarcação
No dia do naufrágio na Ilha de Cotijuba, moradores da ilha estavam saindo para a atividade de pesca, quando se depararam com as pessoas pedindo socorro. Um desses moradores foi identificado como José Cardoso Lemos, mais conhecido como “Zezinho”. Ele contou que uma das primeiras pessoas que ajudou a salvar foi o comandante da lancha, Marcos de Souza Oliveira, 34 anos, e a esposa.
Segundo “Zezinho”, Marcos teria simulado um infarto e pedia para ser levado com urgência à beira do rio. Porém, assim que chegou à faixa de areia, o comandante fugiu e deixou os demais passageiros para trás.
Prisão do comandante Marcos Oliveira
Marcos passou cinco dias na condição de foragido da justiça, uma vez que contra ele havia um mandado de prisão preventiva expedido desde o dia 9 deste mês. A Polícia Civil do Pará conseguiu dar cumprimento ao mandado na tarde da última terça-feira (13). O comandante foi localizado e preso na casa do cunhado dele, em Ananindeua. Marcos deverá responder por homicídio doloso, com agravantes de outros crimes, como omissão de socorro.
Advogado pede a revogação de preventiva
O advogado de defesa de Marcos Oliveira, Dorivaldo Belém, informou que pediu a revogação da prisão preventiva do comandante. O pedido foi protocolado nesta sexta-feira (16).
Mãe e irmã do comandante foram ouvidas
Dorivaldo Belém havia informado que seu cliente iria se apresentar naquele mesmo dia em que foi preso, às 10h, na sede da Delegacia Geral de Polícia Civil, no bairro de Nazaré, em Belém. Mas isso não ocorreu. Somente a mãe e a irmã de Marcos compareceram para prestar esclarecimentos.
O advogado alegou que Marcos estava traumatizado e, por este motivo, não conseguiu ir até a delegacia. Inicialmente, o advogado informou que a embarcação era da mãe de Marcos. Na delegacia, porém, o advogado passou a afirmar que a lancha, na verdade, era da irmã do comandante. Segundo o advogado, as duas mulheres não deverão ser presas.
Arcon confirma ilegalidade da lancha
A lancha Dona Lourdes II, que sofreu o naufrágio na Ilha de Cotijuba, estava realizando atividades de forma irregular e partiu de um porto clandestino localizado em Camará, na ilha do Marajó. A informação foi confirmada pela Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos do Estado do Pará (Arcon-Pa), que já havia notificado a empresa responsável pela embarcação.
Além disso, um documento foi enviado no dia 3 de agosto pela entidade solicitando apoio para coibição do serviço e fiscalização da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental.
De acordo com a nota da Arcon, a embarcação não possuía autorização para realizar transporte intermunicipal aquaviário de passageiros junto ao órgão estadual.
Defesa do comandante propõe indenização de R$ 10 mil
O advogado de defesa de Marcos de Souza Oliveira protocolou, na última quarta-feira (14), um processo de indenização por danos morais para as famílias das vítimas que morreram no naufrágio na iha de Cotijuba. O valor ofertado é de R$ 220 mil, ou seja, R$ 10 mil para cada família. O valor pode aumentar se outros corpos forem localizados, disse Dorivaldo.
Corpo da última vítima é reconhecido após exame de DNA
Um mês e dez dias depois do naufrágio, saiu o resultado do exame de DNA que confirmou a identidade do corpo da última vítima da tragédia. Tratava-se da menina Sophia Loren, de apenas quatro anos de idade.
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