CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Investidores suiços visitam Museu Goeldi em busca de parcerias

O nexBio Amazônia 2024 é uma iniciativa da Swissnex, um programa da Secretaria de Estado de Educação, Pesquisa e Inovação do governo suíço, que visa apoiar soluções tecnológicas sustentáveis

O Liberal

Um grupo de startups, pesquisadores e representantes de órgãos de ensino, financiamento e apoio bilateral suíços esteve no Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi, para participar do nexBio Amazônia 2024, programa criado pelo país europeu para apoiar e financiar soluções tecnológicas sustentáveis na Amazônia. A comitiva, composta de 40 pessoas da Swiss Nex, também visitou o Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá na segunda-feira (28/7), para conhecer projetos em andamento no complexo e conhecer os laboratórios e startups residentes.

VEJA MAIS

image Lançamento do livro perdido de Paul Le Cointe resgata trajetória de cientista francês na Amazônia
O livro traz a transcrição e tradução de um diário inédito que Le Cointe criou para narrar sua viagem de barco no início do século XX, onde saiu de Óbidos, passando por Barbados, Jamaica, Panamá, descendo pela costa da América do Sul até a Bolívia, onde trabalhou como gerente de um seringal.

image Voadeiras elétricas abrem caminho para o transporte fluvial sustentável na Amazônia
Falta de fornecedores nacionais de componentes elétricos e de estrutura para carregamento são, no entanto, alguns entraves para viabilidade

Durante a programação, os potenciais parceiros tiveram contato com pesquisadores paraenses, conheceram uma série de projetos e soluções desenvolvidas no museu e abordaram os desafios para fomentar a inovação na região. Houve avanços para parcerias nas áreas de frutas comestíveis, óleos essenciais, produtos florestais não madeireiros e indústria pesqueira.

O objetivo do programa, segundo a Secretaria de Estado de Educação, Pesquisa e Inovação do governo suíço, é apoiar soluções tecnológicas sustentáveis, de curto prazo, fáceis e de rápida implementação, que melhorem a sustentabilidade e a eficiência das cadeias de produção existentes no Pará.

Propostas

Entre as propostas destacadas estão projetos realizados por pesquisadores do Museu Goeldi e o papel da instituição na promoção e compartilhamento de boas práticas de gestão da inovação. Isso inclui o apoio à proteção e transferência de conhecimento por meio do Núcleo de Proteção ao Conhecimento, Inovação e Transferência de Tecnologia (NITT) e da Rede de Núcleos de Inovação Tecnológica da Amazônia Oriental (Redenamor).

image Amilcar Mendes recepcionou o grupo durante a programação (Janine Valente | MPEG)

“Apresentamos em linhas gerais a missão, a visão de futuro e a cadeia de valor, os principais programas e linhas de pesquisa estratégicas para mostrar o que o Museu Goeldi faz. Falamos ainda sobre as coleções e os laboratórios que dão suporte às linhas de pesquisa, em especial nas áreas da bioeconomia e biotecnologia; o trabalho no campo da gestão da inovação e proteção do conhecimento; além do portfólio de produtos e processos inovadores que estão em fase de patenteamento”, explicou o coordenador do NITT e da Redenamor, o pesquisador Amilcar Carvalho Mendes.

Um dos principais desafios mencionados por Mendes é a falta de recursos financeiros, humanos e materiais para a melhor estruturação do ambiente de inovação nas unidades de pesquisa da Amazônia. No entanto, ele considera que o nexBio pode contribuir para acelerar os projetos e chamar a atenção para a importância da ciência no fortalecimento da bioeconomia na região.

“O Museu Goeldi gera inovação tendo como base os ativos da bio, geo e da sociodiversidade amazônica”, resume. Mendes exemplifica esse propósito com a experiência da Iasauatec Amazon, a primeira startup formalizada dentro da instituição. A startup é responsável pela elaboração de tecnossolo ancestral, um biofertilizante baseado no solo mais fértil da Amazônia: a terra preta arqueológica. Este solo é capaz de restaurar a fertilidade de áreas degradadas e aumentar sua produtividade, promovendo benefícios socioambientais.

"Todo produto que é acrescentado na área da agricultura pode ter várias funções, como acelerar o crescimento das plantas ou melhorar a condição do solo. Nosso biofertilizante faz ambas as coisas. Ele melhora as condições do solo e contribui para acelerar o crescimento das plantas," destaca a doutora em Química Analítica e CEO da startup, Milena Moraes.

Com um pedido de patente em curso junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e a marca em processo de registro, Milena Moraes avalia que a startup tem um grande potencial para contribuir com o setor. Ela destaca a importância do apoio do Museu Goeldi, que tem sido fundamental para a consolidação da startup no cenário atual da bioeconomia.

Planta Versátil

Projetos com aplicações de conhecimentos químicos e botânicos também estão em estágio avançado rumo à transferência tecnológica. No Laboratório de Análises Químicas (LAQGOELDI), a tecnologista Cristine Bastos do Amarante conduz estudos com as espécies Montrichardia linifera e Montrichardia arborescens, conhecidas como aninga. Estudos comprovam que esta planta aquática tem propriedades repelentes e antimalárica, além de fibras que podem ser utilizadas como biomateriais sustentáveis, substituindo produtos sintéticos.

“Estamos em fase de testes de validação dos bioprodutos e realizando o depósito das referidas patentes no INPI para proteger nossas inovações. Além disso, estamos iniciando o desenvolvimento de protótipos de novos bioprodutos de aninga, explorando outras aplicabilidades na medicina. Esses novos produtos têm o potencial de contribuir para tratamentos de diversas condições de saúde, expandindo significativamente o impacto de nossas pesquisas”, explica Cristine Amarante.

Óleo Essencial em pó

image Microcápsula em pó a base de óleo essencial desenvolvida pela engenheira química Lidiane Diniz do Nascimento (Janine Valente | MPEG)

Outra proposta apresentada na nexBio Amazônia é a de uma microcápsula em pó à base de óleo essencial desenvolvida pela engenheira química Lidiane Diniz do Nascimento. Segundo ela, a característica do produto em pó evita a volatilização e a ação de fatores externos como luz, umidade e oxigênio. O produto final, com propriedades diferenciadas quando comparado ao óleo essencial "bruto", permite sua utilização em aplicações cosméticas e alimentícias.

Lidiane Diniz ressalta a importância de valorizar os saberes dos povos e comunidades tradicionais sobre a floresta e suas culturas do fazer, especialmente no uso medicinal e nutricional das plantas. “Esse conhecimento é uma base valiosa para a pesquisa científica e parcerias entre pesquisadores e comunidades tradicionais precisam ser implementadas, a fim de desenvolvermos uma pesquisa ética e sustentável. Essa é a base para a inovação sustentável, capaz de garantir que os recursos naturais sejam usados com responsabilidade e que os benefícios econômicos, sociais e ambientais sejam equilibrados”, defende a cientista.

A doutora em agronomia e ex-pesquisadora do Programa de Capacitação Institucional (PCI), Monyck Lopes, desenvolveu um projeto para prospectar a microbiota visando promover o desenvolvimento de espécies vegetais, especialmente as florestais, e a geração de um depósito de patentes. Para ela, as oportunidades de parceria favorecem a biodiversidade, conservação e uso sustentável dos recursos naturais a partir do fortalecimento do tripé ciência, inovação e tecnologia.

“O evento foi essencial para unir forças em prol da inovação e desenvolvimento, sobretudo na Amazônia, pois proporciona a interação da Suíça, como país inovador, com a nossa região, solucionando as demandas de gerar bioeconomia, mas conservando a biodiversidade”, ressalta Lopes.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Pará
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM PARÁ

MAIS LIDAS EM PARÁ