Belém e Ananindeua acolhem quase 900 indígenas venezuelanos
O governo federal e a Acnur lançara duas cartilhas para garantir o acolhimento, no Brasil, dessas pessoas
Atualmente, há cerca de 600 venezuelanos indígenas no município de Belém. Desses, 170 estão abrigados no Espaço de Acolhimento Institucional administrado pela Fundação Papa João XXIII (Funpapa) e localizado no bairro do Tapanã. Em Ananindeua vivem cerca de 250 venezuelanos da etnia Warao. E uma parceria entre o governo federal e a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) resultou no lançamento de duas cartilhas que pretendem garantir o acolhimento, no Brasil, de venezuelanos de origem indígena.
O Guia de Referência para o Trabalho Social com a População Indígena Refugiada e Imigrante e o Guia de Proteção Comunitária para Pessoas Indígenas Refugiadas e Migrantes objetivam promover estratégias de integração e atendimento social adequadas à cultura de origem. Para tanto, apresentam conceitos de proteção comunitária, listam direitos e serviços adequados às necessidades destas populações, orientam agentes públicos sobre como trabalhar com as etnias e indicam boas práticas já adotadas por estados e municípios, informou, ainda, a Agência Brasil.
Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, cerca de seis mil indígenas atravessaram a fronteira com o Brasil, “como consequência da crise social, política e econômica que atinge a Venezuela”. Entre as etinias estão Warao, Pemon, E’ñepá, Kariña e Wayúu. Ainda de acordo com o ministério, 19 estados recebem refugiados indígenas venezuelanos. Em maio deste ano, a Acnur e a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos inauguraram o Espaço da Pessoa Refugiada e Migrante na sede da Secretaria em Belém para atender a demanda de acesso à documentação, informações e serviços, incluindo orientações jurídicas e atendimento psicológico para refugiados e migrantes residentes no Estado do Pará. O espaço também contribuirá para que os refugiados e migrantes, incluindo os indígenas, tenham mais autonomia e consigam assegurar seus direitos.
Acnur Belém doou 1.500 mochilas escolares para jovens refugiados e migrantes
Durante os meses de abril e maio, a Acnur Belém, doou 1.500 mochilas escolares para jovens refugiados e migrantes e também brasileiros de Belém, Ananindeua e Santarém possibilitando um melhor preparo dos jovens para os estudos. E, entre fevereiro e março, como resultado dos esforços de sensibilização do ACNUR e com o apoio do Aldeias Infantis SOS e da Delegacia de Migrações da Policia Federal, mais de 30 indígenas Warao residentes em Belém e Ananindeua puderam renovar sua documentação.
A Fundação Papa João XXIII (Funpapa), da Prefeitura de Belém, informou ainda que os demais venezuelanos indígenas estão divididos em espaços privados no distrito de Outeiro. E que, mesmo não sendo espaços institucionais, a Funpapa faz acompanhamento regular com toda a equipe técnica para mapeamentos do fluxo migratório, bem como das necessidades apresentadas. Informou ainda que a única etnia oriunda da Venezuela tem sido a de indígenas Warao. “Em nosso espaço de acolhimento há atendimento psicossocial, acompanhamento pedagógico, nutricional , bem como a inclusão nos programas sociais e todos os encaminhamentos necessários para a garantia de direitos. Ressaltamos que esses encaminhamentos são oportunizados também aos que estão em espaços privados”, afirmou.
Em Ananindeua, os idosos Waraos recebem mensalmente um salário mínimo para sua manutenção.
A Secretária de Cidadania, Assistência Social e Trabalho (Semcat) informou o quantitativo de venezuelanos da etnia Warao é aproximado por alguns não se fixarem no município. As famílias são atendidas pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), as quais foram inseridas no Serviço de Proteção e Atenção Integral à Família (PAIF), por estarem em situação de refúgio, de acordo com a Lei 13.445/17 (que dispõe sobre os direitos e os deveres do migrante e do visitante, regula a sua entrada e estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante).
Nos CRAS, os Waraos são acompanhados pelos técnicos de referência que realizam atendimento individual ou em grupo. Eles também recebem visita domiciliar e oficinas com temas transversais, tais como: abuso e exploração de criança e adolescente, violência contra a mulher, trabalho infantil. Os venezuelanos recebem encaminhamento à rede socioassistencial para acesso à documentos civil e às outras políticas públicas, tais como educação e saúde. As famílias também recebem apoio alimentar pelo programa Ananin Solidária da Semcat, com a entrega de cestas básicas. E os idosos Waraos têm acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), os quais recebem mensalmente um salário mínimo para sua manutenção.
A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos atua na regularização documental presta um acolhimento humanizado por meio de escuta psicossocial e encaminhamento à rede socioassistencial. E acrescentou que o governo do Estado disponibiliza o Espaço da Pessoa Refugiada e Migrante, vinculado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, visando garantir a promoção da autonomia, o fortalecimento e a defesa dos direitos humanos a pessoas refugiadas e migrantes presentes no Pará. O local, disponibilizado na sede da Sejudh, em Belém, é composto de dois espaços. Em um, são ofertadas capacitações e informações. Já o outro possibilita o gerenciamento dos processos de regularizações documentais dos refugiados e migrantes. O Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante, localizado no Aeroporto Internacional de Belém, é um espaço de recepção de pessoas em situação de migração, por meio de uma metodologia de atendimento humanizada, identificando possíveis vítimas de tráfico de pessoas e oferecendo, conforme cada caso, o acolhimento por meio de uma rede local.
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