Febre Oropouche: especialista alerta sobre a doença e seus principais sintomas
O Pará, comprovadamente um dos estados com maior evidência da presença do transmissor, concentra 39 municípios com incidência significativa
Após a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) anunciar, na última terça-feira (27), a implantação da Vigilância Epidemiológica da Febre de Oropouche, doença transmitida pelo mosquito maruim, popular em diversas regiões do estado, o Pará se tornou o primeiro ente da federação a possuir essa política de combate à doença. O Grupo Liberal ouviu com exclusividade a Dra. Rita Medeiros, infectologista que explicou quais são os principais sintomas da doença, assim como formas de diagnóstico, tratamento e prevenção.
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Mas afinal, o que é a febre Oropouche? A doença infecciosa é causada pelo vírus Oropouche, um arbovírus transmitido por mosquitos conhecidos popularmente como borrachudo ou maruim (de nome científico Culicoides paraensis), encontrados facilmente em águas paradas. No entanto, os mosquitos do gênero Culex, mais espalhados pelo país, também podem ser vetores. O período de incubação do vírus é de quatro a oito dias, quando surgem os primeiros sinais. A manifestação dos sintomas costuma durar de cinco a sete dias, mas, segundo o alerta emitido, a recuperação total do paciente pode levar semanas.
Confira os principais tópicos sobre a doença, de acordo com a infectologista Dra. Rita Medeiros
Sintomas
A Dra. Rita Medeiros explica que "são semelhantes aos da dengue, portanto, entre os mais comuns estão febre, dor no corpo, dor de cabeça e manchas. O diferencial é que, mais que na dengue, pode evoluir para um quadro neurológico de meningite", disse. Entretanto, a médica completa dizendo que o quadro de meningite (inflamação das meninges, que são as três membranas que envolvem o cérebro) decorrente da febre Oropouche, é chamado de autolimitado, isto é, não é grave e costuma melhorar em poucos dias.
Diagnóstico
Na maioria dos casos, o diagnóstico clínico é feito quando o teste para dengue é negativado e os laboratórios com capacidade para realizar testes para outros vírus transmitidos por mosquito investigam a possibilidade de ser febre Oropouche", afirma. Entre esses laboratórios, no Pará, estão os Laboratórios do Instituto Evandro Chagas (IEC) e o Laboratório Central do Estado (Lacen-PA).
De acordo com a SESPA, o diagnóstico é realizado pelo Laboratório Central do Estado (Lacen-PA), por meio de métodos moleculares (Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (RTq-PCR) e métodos sorológicos (Enzimaimunoensaio - ELISA IgM).
Tratamento
Segundo a especialista, o tratamento é sintomático, ou seja, age nos principais sintomas, dor e febre.
Prevenção
Conforme a infectologista, a doença é de mais difícil controle e não tem prevenção efetiva, por se tratar de um mosquito mais facilmente encontrado nas matas do que no ambiente urbano. Assim, as principais medidas de prevenção são o uso de repelentes, mosquiteiros e roupas compridas em áreas com alta incidência de casos.
Apesar disso, como no caso da dengue, são válidas as medidas para evitar a proliferação do mosquito, como tampar caixas d’água; não deixar água acumulada; fechar todos os locais de descarte de lixo; colocar areia nos vasos de plantas; deixar lonas esticadas e recipientes tampados ou virados para baixo e retirar águas de pneus.
Implantação da Vigilância Epidemiológica da Febre Oropouche
Há uma equipe treinada e apta no Lacen-PA para realizar o diagnóstico; planejamento de capacitação da Rede de Vigilância dos 13 Centros Regionais de Saúde e posteriormente aos 144 municípios por meio de webconferência e presencial; e divulgação das informações nas salas de situação de arboviroses do estado do Pará.
Casos no Pará
O vírus Oropouche (Orov) circula na América Central e do Sul, tendo causado mais de 30 epidemias e meio milhão de casos, a maioria no Brasil, desde os anos 1960. O Pará, comprovadamente um dos estados com maior evidência da presença do Orov, concentra 39 municípios com incidência significativa, demonstrando a importância da vigilância desse arbovírus.
Nos anos de 2021 e 2022, o Instituto Evandro Chagas detectou 121 casos positivos para Orov, indicando a circulação recente do vírus em vários estados, incluindo o Pará. De acordo com nota emitida pela Sespa:
" A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informa que a Vigilância Epidemiológica da Febre de Oropouche começou este mês. Portanto, só serão obtidos dados de casos confirmados e óbitos pela doença no Pará a partir das notificações que serão realizadas futuramente pelos serviços de saúde. Todos os dados existentes a respeito de casos e presença do mosquito maruim são provenientes, até o momento, de pesquisas científicas", informou.
Casos nacionais e internacionais
No início de fevereiro, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu alerta epidemiológico sobre aumento de Oropouche para a região das Américas, e destacou que a maioria dos surtos afeta pessoas de ambos os sexos, e de todas as idades. Contudo, crianças e jovens foram os mais atingidos.
Nesta semana, o estado do Amazonas emitiu um alerta epidemiológico sobre a detecção de casos da doença do vírus Oropouche (OROV), virose semelhante àquela transmitida pelo vírus da dengue.
(Eva Pires e Lucas Quirino, estagiários sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo Atualidade)
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