Pará registrou quase 700 acidentes envolvendo bicicletas em 2020, aponta Detran

No Dia Nacional do Ciclista, grupos pendem por mais respeito e segurança no trânsito

Dilson Pimentel / O Liberal
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Em 2020, foram registrados 698 acidentes com bicicletas, no Pará. Desses, 655 pessoas ficaram feridas e 43 morreram, informou o Departamento de Trânsito do Estado (Detran). Os dados de 2021 ainda estão sendo contabilizados. Belém registrou 6.926 acidentes entre janeiro e agosto de 2020. Desses, 82 envolveram ciclistas. Os dados estão no “Relatório Estatístico de Acidentes de Trânsito em Belém”, produzido pela Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém, com dados do Departamento de Trânsito do Pará. A Semob informou que ainda está consolidando, junto ao Detran, os dados dos acidentes registrados no segundo semestre de 2020 e primeiro semestre de 2021.

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Nesta quinta-feira (19), é comemorado o Dia Nacional do Ciclista. A data foi instituída nove anos após o acidente que vitimou o ciclista Pedro Davison, atropelado e morto no 19 de agosto de 2006, em Brasília. E ser ciclista, em Belém, é uma atividade muito arriscada. Na manhã de terça-feira (18), Marcelo Espírito Santo morreu, após um dia de internação no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua. Ele havia sido atropelado na segunda-feira (16) por um ônibus na avenida Centenário, bairro do Mangueirão, em Belém.

E, nesta quinta-feira (19), os ciclistas farão uma manifestação. Pedindo mais respeito no trânsito, eles vão se concentrar na Praça da República, às 19h30, e sairão até o local daquele acidente. “É uma luta diária. As pessoas saem de suas residências e não sabem se vão voltar para casa. É como se estivéssemos em uma luta pela vida. E olha que é só a escolha de um modo de transporte. Não deveria ser tão difícil”, disse o técnico em informática Cid Kamijo. Administrador do Bike Belém, grupo que existe há quase 10 anos e conta com mais de 23 mil integrantes, ele aponta a falta de respeito e de estrutura e a ausência do poder público. “O ciclista parece que está sobrevivendo. Quando você sai de carro, você não tem essa insegurança toda. Você não abre sua garagem, sai e diz: ‘será que eu volto pra casa’. Não está desse jeito. Mas, para o ciclista, que não tem para-choque, não tem airbag e nem proteção de barras laterais, ele está total incerteza se volta para casa. O ciclista contribui bastante para o nosso trânsito. Deveria ser valorizado e não negligenciado”, afirmou.

Ciclistas também desviam dos caminhos que levam ao assalto

Outro problema, disse, é que Belém tem pontos certos de assalto. “Além de ter que se livrar dos perigos do trânsito, ele também tem que saber desviar dos caminhos que levam ao assalto”. Um deles é a avenida Centenário, próximo ao elevado do Shopping Bosque Grão-Pará. “Ali é ponto certo. Eram vários assaltos. A Polícia tomou alguma providência e cessou um pouco mais. E, agora, voltou. Como se fosse guerra de território. À noite, saem de dentro do mato e abordam de terçado e armados”, disse. Há roubos também no BRT, na avenida Almirante Barroso. “Esse mapeamento tem que ser alvo da polícia. A gente estimula sempre a fazerem boletins de ocorrência, para a Polícia utilizar para mapear o crime. Isso é um pleito dos cidadãos. Todo mundo está precisando de mais segurança pública”, disse.

Cid afirmou que, em Belém, o ciclista conta com mais de 100 km de ciclovias e ciclofaixas. Mas, segundo ele, não necessariamente toda essa quilometragem deve ser considerada como eficiente. Há ciclofaixas que não são respeitadas e padecem de sinalização – além disso, carros estacionam e trafegam nelas. “Essa sensação de impunidade gera essa balbúrdia, essa festa que eles fazem no trânsito”, disse.

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Respeito aos ciclistas deve começar na escola

Ter ciclovias e ciclofaixas é um benefício e uma obrigação do poder público. “Mas, se não forem fiscalizadas, de nada adianta, porque são espaços que não vão ser respeitados. E ciclista fui como a água. Por onde for mais fácil ele vai. ‘Ah, tem ciclista na pista’. Por que ele opta por isso, é suicida. Não. Ele conhece os desafios daquele local e opta por não andar ali, seja pela falta de respeito de carros, motos e de pedestres que fazem caminhadas e corridas. Isso ocorre muito na Duque, Bernardo Sayão, Marquês”, afirmou.

Para ele, todos esses problemas de desrespeito ao trânsito é uma questão de desrespeito ao cidadão. “Se você tem a premissa do respeito, você delimita espaço. Você consegue tirar de distância de segurança ou não ultrapassar um ciclista em caso de risco, se você perceber que ele vai se assustar, se atrapalhar. O ciclista também deve respeitar. Não fazer contramão, ou evitar, usando seu espaço. Mas recai nos pontos anteriores: meu espaço tem estrutura, segurança, fluidez¿

Ele defende que, desde a escola, tenha educação de trânsito. “Se você vai se habilitar como motorista, desde a autoescola falar sobre bicicleta. O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) instituir também questões sobre bicicletas nas provas de trânsito. Se eu sei que vai cair, vou estudar e, assim, acabo tendo conhecimento disso. Em paralelo à educação no trânsito, campanhas de conscientização e educação de trânsito, mas o que dá resulto mesmo é mesmo é multa. E mais rigor nas leis e punições de trânsito. Muitas das mortes de atropelamentos as pessoas (responsáveis por esses acidentes) não estão presas”, afirmou.

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Semob informa que mantém fiscalização diária

A Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informou que mantém fiscalização diárias com agentes de trânsito fixos e em ronda, para coibir o tráfego, parada e o estacionamento irregular de veículos em ciclofaixas e ciclovias da cidade e autua, mediante flagrante. A Semob informa que, a partir deste mês, vem intensificando essa fiscalização, principalmente na Júlio César, Augusto Montenegro, Arthur Bernardes, Mundurucus, Antônio Baena, Lomas Valentina, Angustura e Bernardo Sayão, onde os agentes, inclusive, fazem rondas diárias por serem as vias que concentram os maiores índices de infrações.

Conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o agente de trânsito só pode autuar mediante flagrante, ou por radar, ou por vídeo monitoramento, equipamentos regulamentados pelo Conselho Nacional de Trânsito. De acordo com o CTB, as ciclovias e ciclofaixas são vias exclusivas para o uso de bicicletas. E, conforme as novas regras do CTB, transitar na ciclofaixa/ciclovia passou a ser considerada infração gravíssima, com valor da multa triplicado - ou seja, R$ 880,00 e 7 pontos na CNH. Não reduzir a velocidade ao ultrapassar ciclista se tornou infração gravíssima (7 pontos) e multa de R$ 293,40.

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De acordo com as novas regras no CTB, transitar na ciclofaixa/ciclovia passou a ser considerada infração gravíssima

Malha cicloviária conta com 113,72 km, que se estendem por 41 ruas e avenidas

A partir dessa mudança, condutores que costumam usar as ciclovias e ciclofaixas como local de parada para o embarque e desembarque de passageiros são punidos com infração grave. Até então, o CTB não previa autuação para parada nas ciclofaixas, apenas estacionamento e circulação. Segundo a autarquia, a malha cicloviária conta, ao todo, com 113,72 km, que se estendem por 41 ruas e avenidas. “Se colocássemos em linha reta as ciclofaixas e ciclovias da Grande Belém, seria possível percorrer a distância entre Belém e Castanhal, ida e volta, tendo como referência o Km 0 da BR-316, que inicia no túnel do Entroncamento”, informou.

A nova ciclofaixa da avenida Pedro Miranda, que tem previsão de conclusão ainda este mês, vai acrescentar 2,7km à malha cicloviária de Belém. Até outubro estão previstas a implantação de ciclofaixas nas seguintes vias: avenida Doutor Freitas, entre as avenidas Brigadeiro Protásio de Oliveira e Almirante Barroso; avenida João Paulo II, entre passagem Mariano e avenida Doutor Freitas; avenida 16 de Novembro, em Mosqueiro; e a ligação das avenidas Pedro Miranda com a Visconde de Souza Franco, através da rua Bernal do Couto. Desde o início desta gestão, a Semob informou que investe na revitalização das ciclofaixas e ciclovias da capital paraense. De janeiro até junho de 2021, foram renovados 6.800 metros de ciclofaixas no total, dentre elas estão incluídas as ciclofaixas das avenidas Independência e Visconde de Souza Franco.

Polícia Militar informa sobre ações para coibir assaltos

Polícia Militar informa que realiza ações de policiamento ostensivo e preventivo diuturnamente no bairro Val-de-Cans e conta com o suporte de outras unidades para intensificar ainda mais a segurança. Além disso, a Polícia Militar conta com um Ponto Base Estratégico próximo ao Shopping Bosque Grão Pará, 24h. A PM esclarece, ainda, que qualquer informação ou denúncia pode ser realizada pelos números 190 ou 181 e todas as ocorrências são devidamente verificadas.

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