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Com a força da economia das águas

Com receita anual de US$ 82 milhões, exportação de pescado do Pará cresce 217% em menos de duas décadas e registrou recorde na geração de empregos nos últimos três anos

Gabi Gutierrez
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A atividade pesqueira do Pará é um dos setores mais promissores da economia do Estado, não apenas pela sua relevância cultural e gastronômica, mas também pelo impacto direto na geração de empregos e nas exportações brasileiras. Atualmente, o setor pesqueiro paraense movimenta mais de três mil vínculos formais de emprego, com destaque para a preservação (congelados) e a comercialização de peixes e frutos do mar. Em um cenário de constante crescimento, atividades como o funcionamento de peixarias e a própria pesca em água salgada já registraram crescimentos significativos, evidenciando o potencial de expansão desse mercado.

O Pará teve um avanço expressivo na exportação de pescados, alcançando uma receita de US$ 82,02 milhões em 2022, resultado de um crescimento acumulado de 217% desde 2009, conforme dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme). Entre os municípios paraenses, Belém lidera com 63,6% do volume exportado, seguido por Bragança e Curuçá, no nordeste do Estado, que também contribuem significativamente para esse crescimento.

Os produtos com maior demanda no mercado exterior são os peixes congelados, com destaque para o pargo e outros peixes, que juntos correspondem a quase metade do volume exportado. Esse cenário reflete o crescente interesse internacional pelos pescados paraenses, consolidando o Pará como um importante fornecedor de pescado.

Abundância e postos de trabalho

“A gente vem todo mês e, em uma viagem dessas, traz por volta de 30 quilos de peixe. Tem de todas as espécies”, conta o comerciante Natinho Prestes, vendedor de peixe no complexo comercial do Ver-o-Peso, em Belém, resumindo o cenário positivo da forte demanda local.  Ele observa que, mesmo em tempos de crise, o mercado de pescado se mantém aquecido: “A clientela não diminui. Sempre tem gente comprando peixe, seja para consumo ou para revenda”.

image Natinho Prestes cita a grande demanda local, que sempre se renova. (Foto: Tarso Sarraf/ O Liberal)

O setor representa a principal renda de muitos paraenses que, assim como Natinho, integram o trabalho nos diversos setores da aquiprodução. No ano de 2021, o Pará atingiu um recorde da série histórica, com 3.566 vínculos de emprego registrados. A atividade de preservação de peixes, crustáceos e moluscos congelados, apresenta o maior registro de empregos formais, com 1.447 vínculos e com participação de 40,6% neste mercado. Os dados são do levantamento mais recente realizado pela Fapespa.

Entre os municípios com maiores números, Belém lidera, seguido por Vigia e Bragança, com, respectivamente, 1.727, 553 e 505 vínculos de trabalho. As participações do total de vínculos ficaram, na mesma ordem, em 48,4%, 15,5% e 14,2%. Acompanhando a tendência, o número de estabelecimentos ligados à cadeia de produção de pescado do Pará teve um crescimento de 16,1% apenas em 2021.

Empreendedorismo

A expansão do setor de pescado paraense também impulsiona o crescimento do mercado de trabalho e do empreendedorismo local. Em 2021, o número de estabelecimentos ligados à cadeia produtiva do peixes aumentou 16,1%, com destaque para o comércio atacadista de pescados e frutos do mar, que teve um crescimento de 26,3%. Atualmente, o Pará conta com mais de 4 mil pequenos negócios no setor, sendo que as peixarias representam a maior parte, com 2.796 estabelecimentos, segundo dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Pará (Fecomércio-PA).

Esse fortalecimento do comércio local é acompanhado de perto pelos pequenos e médios empresários do setor, como o chef David Oliveira, que comanda a cozinha de um restaurante regional em Belém. Oliveira ressalta: a demanda é bem alta e, por isso, os insumos, incluindo pescados, têm que ser reabastecidos a todo tempo. “A gente faz mais de 20 quilos de filhote por dia, só no turno da manhã. Cada bandeja que a gente prepara são dois pacotes, e eles acabam bem rápido, em questão de minutos”, destaca.

image Chef David Oliveira enfatiza a importância de bons fornecedores e (re)abastecimento. (Foto: Tarso Sarraf/ O Liberal)

Essa movimentação no comércio local ajuda a movimentar o mercado pesqueiro também em outras regiões do Estado. Esse é o caso do restaurante do Chef Alvino, que se propõe a oferecer a culinária paraense com uma apresentação contemporânea. “Nossos fornecedores são todos paraenses. O Pirarucu vem de Santarém, por exemplo”, detalha.

image Chef Alvino destaca a qualidade do pescado. (Foto: Tarso Sarraf/ O Liberal)

Produção para o mercado interno

Impulsionado pelo alto consumo de pescado, o mercado interno paraense também tem apresentado números expressivos. A média per capita de consumo de pescado no Estado é de 11,1 quilos por habitante ao ano, enquanto a média nacional é de apenas 2,8 quilos, conforme apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É forte a presença do pescado na alimentação do paraense - o que se reflete na robustez da estrutura produtiva local, especialmente voltada à aquicultura.

image A Belém do Ver-o-Peso. (Foto: Tarso Sarraf/ O Liberal)

Em 2022, o Pará produziu cerca de 14,2 mil toneladas de pescado, com destaque para o tambaqui, que somou 8.004 toneladas, superando a média nacional de produção desse peixe. A produção voltada para o mercado interno está concentrada em regiões como Bragança, Curuçá e a região do Baixo Amazonas, onde pequenos produtores, assim como grandes fazendas de aquicultura, abastecem uma demanda de tendência cada vez mais crescente.

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