Círio 2024: falta pouco para a grande caminhada de fé e milagres de Castanhal até Belém
A peregrinação já se tornou tradição e não se sabe ao certo quem foi que decidiu fazê-la pela primeira vez
Eles começam aos poucos se espalhando ao longo da BR-316, vindo de diversos municípios da região nordeste do estado, caminhando em grupos ou solitários, porém todos com o mesmo objetivo que é chegar a Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, nos dias que antecedem a maior festa religiosa do Pará, o Círio de Nazaré.
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E é de Castanhal que sai o maior número de peregrinos e de grupos organizados. O movimento se tornou a Romaria de Nossa Senhora de Nazaré de Castanhal até Belém, que neste ano completa 45 anos de tradição.
Um dos principais grupos de romeiros é a Associação de Devotos e Romeiros de Nossa Senhora de Nazaré – ADERCA que reúne mais de mil pessoas. Ele é coordenado há 33 anos pelo professor Nazareno Abraçado. “A minha história na caminhada começou em 1990 quando fui diretor da Escola Agrotécnica de Castanhal. Eu fiz uma promessa a Nossa Senhora para que ela me acompanhasse durante os quatro anos que eu iria caminhar com os alunos até Belém. Não consegui chegar nem na primeira e nem na segunda. Na terceira vez eu conheci o “Zé Bode”, um senhor que já era romeiro e daí em diante começamos a organizar com camisas e colocar o nome de romaria. Eram cinco pessoas e hoje são mais de mil caminhando neste grupo. E nós acolhemos várias pessoas de outros municípios”, contou o coordenador.
São muitas histórias de fé e devoção a Maria que levam católicos a fazer o percurso de mais de 70 quilômetros de distância até Belém. A contadora Jackeline Silva Reis lima, de 31 anos, participou pela primeira vez em 2022.
“Quando fui a primeira vez, não tinha nenhuma promessa, só uma vontade muito grande no meu coração, acredito que era um chamado. Nossa senhora já sabia o quanto eu precisaria viver aquele momento, ressignificar a minha fé, não tem explicação o que se vivencia durante a caminhada, é algo surreal, só entendi o que realmente era fé, depois de tudo que vivi na caminhada. Foi um percurso muito difícil até a chegada na Basílica e por muitos momentos meu corpo não tinha forças para continuar, completamente esgotada tive a certeza que nossa senhora me colocou em seu colo, me sustentando até a chegada”, contou Jackeline.
Meses depois a contadora descobriu que estava esperando o segundo filho e foi uma gestação com muitas complicações. Jackeline conta que quando estava indo para o hospital em Belém, com um forte sangramento, fez uma oração na estrada por onde meses antes tinha estado caminhando por Maria e pediu a Nossa Senhora que ficasse tudo bem com seu bebê.
“De todo meu coração, pedi em oração que não perdesse minha bebê, seria muito sofrimento, mas se ela me desse a graça de ter minha bebê, eu iria aguentar tudo aquilo e agradeceria sempre na caminhada a vida da minha filha. Chegando na maternidade, certa que tinha perdido, em meio a tanto sangramento, descobri que ela estava bem. Naquele momento eu senti que não perderia mais, senti que nossa senhora tinha me dado a graça de gerar. O medo que eu sentia de perdê-la, se transformou em certeza de que ela nasceria bem e saudável. Foi então que entendi o porquê do chamado a caminhada, e recebi a benção de ter uma filha linda e cheia de vida, pois, sempre foi meu sonho ter uma menina. A caminhada foi por ela, minha Maria, nome em homenagem a nossa mãe”, contou.
Os dias que antecedem a caminhada estão repletos de ansiedade e gratidão. Jackeline vai pelo segundo ano, mas dessa vez em gratidão pelo milagre recebido. A contadora vai junto com mais vinte pessoas que fazem parte do grupo “Caminhada da Fé”. Uma de suas grandes incentivadoras é a amiga e cunhada Maria Lima.
“Ano passado não fui porque estava de resguardo, mas agora estou preparada e muito ansiosa para chegar o dia. Vamos todos juntos numa só fé. Tenho o incentivo e ajuda durante a caminhada da minha cunhada, a Maria. Vai ser muito especial porque, irei agradecer pela vida da minha filha e enquanto eu tiver saúde e vitalidade agradecerei, porque minha filha é a prova viva do milagre que nossa senhora fez”, relatou a contadora.
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