5G: cerca de 65 cidades do Pará devem ficar sem tecnologia até 2029
A quinta geração da conectividade móvel promete reduzir o tempo de espera entre a comunicação de dispositivos ou servidores
O 5G já é realidade em Brasília e pode alcançar todo país até dezembro de 2029, conforme aponta o cronograma de metas definido pelo governo brasileiro. A quinta geração da conectividade móvel promete avanços, como na saúde e educação à distância, automação e uso de robótica, além do uso de aparelhos inteligentes. Entretanto, cerca de 65 municípios do Pará podem ficar fora dessa inovação por não atenderem o critério de quantidade populacional.
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A estimativa é do professor Leonardo Ramalho, diretor da faculdade de engenharia da computação e telecomunicações da UFPA, e pesquisador do Núcleo de P&D em Telecomunicações, Automação e Eletrônica (Lasse/UFPA). Ele explica que o cronograma 5G estabelece que as operadoras devem atender 100% dos municípios com população igual ou superior a 30 mil habitantes, com pelo menos uma antena a cada 15 mil habitantes. Ou seja, aproximadamente 79 cidades devem ser contempladas.
O especialista ressalta que é importante levar em consideração que o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi realizado em 2010, e o número de habitantes nos municípios provavelmente pode ter mudado. “O Pará possui 144 municípios. Se for para atender somente o que o leilão do 5G estabeleceu, a estimativa aponta, baseada em um levantamento realizado há um tempo considerável, que apenas 79 cidades devem receber a tecnologia 5G até 2029”, disse o especialista.
Com a promessa de trazer uma série de melhorias em relação ao padrão anterior, o 4G, o diferencial da nova tecnologia não é só velocidade, apesar dela também melhorar significativamente esse aspecto. O maior destaque está na diminuição da latência, que é o tempo de espera entre a comunicação de dispositivos ou servidores, além da ocupação de um espectro maior que aumenta sua expansão em um território.
Leonardo explica que o leilão do 5G no Brasil envolveu vários lotes em quatro frequências: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. Destas, duas serão inicialmente híbridas, capazes de distribuir os sinais de quarta e quinta geração de redes móveis em diferentes espectros. Para dar lances em certas frequências no edital, a Anatel colocou como pré-requisito que a operadora se comprometa a fazer investimento em regiões menos privilegiadas na implementação de conexões anteriores.
Quem levou a faixa dos 2,3 gigahertz, por exemplo, não apenas terá que explorar o 5G mas também oferecer o 4G a 95% da área urbana de municípios sem acesso ao 4G e que tenham menos de 30 mil habitantes. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), 77,35% da população paraense possui tecnologia 4G. Atualmente, várias regiões encontram-se sem cobertura de operadoras nacionais, até mesmo da tecnologia 4G.
Habitantes, trabalhadores e visitantes têm dificuldades para se comunicar com outras pessoas e acessar serviços onlines que hoje são essenciais. O Brasil não está todo coberto pelo sinal de 4G, mesmo a evolução dessa tecnologia já com vias de ser implantada. A conectividade 4G chegou ao Brasil na metade de 2013, os primeiros testes práticos foram realizados durante a Copa das Confederações, torneio de futebol de curta duração que aconteceu em uma das cidades que no ano seguinte receberam partidas da Copa do Mundo- Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife e Salvador, ofertados inicialmente por Claro, TIM, Oi e Vivo.
A melhora em relação ao 3G era bastante notável em termos de qualidade. A velocidade foi bastante ampliada, pois o 4G prioriza o tráfego de dados ao invés de voz cada vez menos usado, chegando a 300 MBPS de download na primeira implementação da tecnologia “Foi a partir do 4G que muita gente passou a adotar mais serviços de streaming, jogos, transporte por aplicativo e nuvens em dispositivos móveis como smartphones”, comentou Leonardo Ramalho.
Uma estimativa da Anatel estimou que 1 milhão de pessoas estariam usando 4G até final de 2013, mas essa meta não foi atingida, em especial, pela falta de antenas instaladas pelas operadoras e de poucos aparelhos baratos e compatíveis no mercado nacional. Em 2020, segundo dados do Sinditelebrasil, sindicato que representa as operadoras de telefonia no Brasil, o país chegou no início da pandemia do coronavírus com 4.997 cidades, equivalente a 97,5% da população nacional, enquanto o 3G chegou a 5.225 municípios.
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