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Tecnologia e políticas sustentáveis devem gerar 69 mi de vagas de emprego até 2027

Como a convergência entre inovação tecnológica e práticas ambientais está criando novas profissões e transformando setores estratégicos da economia global

Jéssica Nascimento
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A combinação entre tecnologia avançada e políticas sustentáveis está moldando um novo cenário econômico e profissional. Isso porque a transição verde e a transformação tecnológica devem liderar a criação de cerca de 69 milhões de empregos entre 2023 a 2027, em uma base de dados que analisa 673 milhões de postos de trabalho. Os dados são do relatório O Futuro do Trabalho 2023, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum – WEF) com o apoio da Fundação Dom Cabral (FDC). O presidente-executivo da Associação Brasileira de Recursos Humanos - Seccional Pará (ABRH-PA) afirma que setores como o agronegócio sustentável, construção verde e mobilidade elétrica estão em alta nesse contexto.

No entanto, a criação de empregos verdes, a necessidade de requalificação da mão de obra e a adoção de práticas inovadoras são desafios e oportunidades que empresas e governos precisam enfrentar para garantir um crescimento econômico sustentável. O avanço de setores como energias renováveis, inteligência artificial e economia circular está impulsionando a demanda por novas habilidades e transformando a forma como as empresas gerenciam pessoas e recursos.

O impacto da sustentabilidade e tecnologia na geração de empregos

A transformação digital e sustentável da economia global promete gerar cerca de 69 milhões de novos empregos até 2030, segundo previsões de especialistas. A integração de inteligência artificial, automação e energias renováveis cria oportunidades inéditas, especialmente nos setores de energia limpa, mobilidade elétrica, economia circular e agronegócio sustentável.

De acordo com Allan Costa, professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e estudioso de inteligência artificial e cibersegurança, a criação desses empregos depende da implementação eficaz de políticas educacionais e da capacitação profissional. "A transição para uma economia verde não é apenas uma necessidade ambiental, mas uma grande oportunidade econômica", afirma Costa.

Setores em ascensão e as profissões do futuro

Segundo Junior Lopes, presidente-executivo da ABRH-PA, o crescimento da economia verde impulsiona a demanda por profissões em áreas como energia renovável, gestão ambiental, engenharia sustentável, design ecológico e economia circular.

Além disso, setores como o agronegócio sustentável, construção verde e mobilidade elétrica estão em alta. "Essas carreiras emergentes exigem conhecimentos interdisciplinares e uma formação contínua. A capacidade de adaptação será um diferencial competitivo", explica Lopes.

O professor Allan Costa complementa que novas profissões, como cientistas de dados ambientais, especialistas em cibersegurança para infraestrutura crítica e arquitetos sustentáveis, também terão grande relevância. "Habilidades como programação, análise de dados e conhecimento em ESG serão indispensáveis para os profissionais do futuro", destaca.

As habilidades mais valorizadas no novo mercado de trabalho

A ascensão das profissões verdes exige um novo conjunto de habilidades e competências. Entre as mais valorizadas estão:

  • Pensamento crítico e solução de problemas;
  • Gestão ambiental e competências digitais;
  • Liderança colaborativa e conhecimento em ESG (Environmental, Social and Governance);
  • Programação, análise de dados e design sustentável.

Para Costa, os avanços tecnológicos também ampliam a demanda por especialistas em inteligência artificial, IoT (Internet das Coisas) e blockchain, tecnologias essenciais para a rastreabilidade ambiental e a otimização do consumo de recursos naturais. "A inteligência artificial, por exemplo, pode ser utilizada para prever desastres climáticos, otimizar o consumo de energia e melhorar a gestão de cadeias de suprimentos, reduzindo desperdícios", explica.

O papel das empresas, governos e instituições educacionais

A transição para uma economia sustentável requer um esforço conjunto entre setor produtivo, poder público e instituições de ensino. Junior Lopes destaca que currículos acadêmicos precisam ser atualizados conforme as novas demandas do mercado.

"Modelos de formação como o programa europeu 'Green Skills for Jobs' e o 'Skills Future' de Singapura podem servir como referência para o Brasil. Além disso, há iniciativas locais já reconhecidas internacionalmente, especialmente dentro da Amazônia", aponta Lopes.

Além da qualificação, a inclusão e diversidade também são desafios centrais. Programas de mentoria e capacitação acessível são essenciais para garantir que trabalhadores de diferentes contextos tenham oportunidades na economia verde. "É fundamental estabelecer políticas de ESG que contemplem diversidade de gênero, etnia e origem socioeconômica, garantindo que a transição para um mercado sustentável seja inclusiva", enfatiza Lopes.

O futuro das relações de trabalho na economia verde

A digitalização dos processos e a flexibilização do trabalho são tendências que devem ganhar força nos próximos anos. Modelos híbridos e remotos, por exemplo, ajudam a reduzir deslocamentos e emissões de carbono, otimizando o uso de recursos naturais.

Contudo, Lopes destaca que muitas empresas que adotaram o home office durante a pandemia retornaram ao modelo presencial, o que pode dificultar o avanço das metas de sustentabilidade corporativa. "Esse é um desafio que precisa ser equilibrado com políticas que incentivem práticas sustentáveis sem comprometer a produtividade", ressalta.

Além disso, a transformação digital também impacta a gestão de pessoas. "O uso de tecnologia para recrutamento e desenvolvimento profissional tem se tornado essencial, permitindo maior eficiência e personalização no treinamento dos colaboradores", afirma Lopes.

Os desafios para a inovação sustentável

Apesar das oportunidades, a integração entre tecnologia e sustentabilidade enfrenta barreiras, como o alto custo inicial de implementação, a necessidade de requalificação da mão de obra e desafios regulatórios. Além disso, a cibersegurança se torna um fator crítico, pois infraestruturas energéticas e ambientais mais digitalizadas podem ser alvos de ataques cibernéticos.

Para Costa, o Brasil tem vantagens estratégicas para liderar essa transição, como seu potencial em energias renováveis e biodiversidade. "Projetos como o etanol de segunda geração, o agronegócio sustentável e a rastreabilidade do gado por blockchain são exemplos de como podemos impulsionar o crescimento econômico com base em inovação sustentável", destaca.

O caminho para um crescimento econômico sustentável

A combinação de inovação tecnológica e sustentabilidade está moldando um novo modelo econômico e profissional. Empresas e governos que investirem em capacitação, políticas públicas eficazes e financiamento para soluções verdes estarão mais bem posicionados para competir globalmente.

"O futuro será verde, tecnológico e sustentável – e a inovação será a chave para essa transformação", conclui Costa. O desafio agora é garantir que essa transição seja inclusiva, acessível e capaz de gerar oportunidades para todos os profissionais no mercado de trabalho do futuro.

 

 

 

 

 

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