Saiba o que fazer para não cair no golpe das criptomoedas, como o aplicado pelo 'Sheik dos Bitcoins'

Nesta semana, foi preso em Curitiba Francisley Silva, que aplicou golpes de mais de R$ 4 bilhões em vítimas brasileiras

O Liberal
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Nesta semana, foi noticiada em todo o Brasil, a prisão, pela Polícia Federal (PF), de Francisley Valdevino da Silva, um empresário paulista que ficou conhecido como “Sheik dos Bitcoins”. Dono de dezenas de empresas, no Brasil e no exterior, ele é suspeito de comandar um esquema que fraudava a utilização de moedas digitais. Segundo as investigações, as empresas de Francisley ofereciam possibilidades de altos lucros para quem investisse em negociação de criptomoedas e aluguel de criptos. Só que, na verdade, nada disso existia. O que existia era a vida de alto luxo levada pelo empresário, que teria movimentado mais de R$ 4 bilhões apenas com os golpes aplicados no Brasil. Mas há investigações contra ele também em outros países. 

Na prática, de maneira simplificada, os clientes adquiriam essas criptomoedas e investiam nas empresas do acusado, que supostamente fazia a gestão desses ativos, pagando juros mensais aos investidores. Quando as empresas de Francisley começaram a falhar no pagamento dos clientes, denúncias surgiram e as autoridades policiais foram investigar.  

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Enquanto as suspeitas aumentavam, a vida de alto luxo de Francisley também passou a chamar a atenção. Em uma primeira operação, realizada no início do mês de outubro, a Polícia Federal apreendeu, em endereços ligados a ele, dinheiro em espécie, barras de ouro, carros, jóias, relógios de luxo, entre outros itens. A PF acredita que os valores investidos nas empresas pelos clientes, na verdade, eram gastos pelo “Sheik dos Bitcoins”. 

Da mesma forma, na operação realizada nesta última semana, em Curitiba, que culminou com a prisão de Francisley, também foram apreendidas, em cumprimento a mandados de busca e apreensão, peças de vestuário de luxo, calçados, computadores e dispositivos eletrônicos. 

Vida de luxo

Para o professor e mestre em Ciência da Computação, Rômulo Pinheiro, era justamente essa vida de luxo que ajudava a atrair novas vítimas para o esquema. As pessoas viam a ostentação de Francisley nas mídias sociais e acreditavam que, assim como ele, poderiam ter ganhos exorbitantes com o negócio. 

“Primeiro, é importante entender que qualquer pessoa pode operar no mercado de criptomoedas ou no mercado de moedas mesmo, como dólar, euro, etc. Só que ele ostentava uma vida de luxo para atrair as vítimas. Pegava o dinheiro delas, prometia grandes lucros e não devolvia. E com esse dinheiro ele comprava carros, casas, passeava e ostentava nas redes sociais. Com isso, atraía mais pessoas interessadas. Não à toa, teve gente que perdeu mais de um milhão e duzentos mil reais com ele. Ele dizia para essas pessoas que elas iam ganhar algo em torno de dez por cento de lucro por mês em cima do investimento que faziam, então, muita gente caiu. Aí, ele pagava o lucro em um mês. E a pessoa reinvestia esse dinheiro. Então, ele fazia toda essa engenharia social de convencer com a lábia. As pessoas achavam que estavam ficando ricas, mas na verdade não estavam. Estavam ficando pobres, enquanto ele gastava”, relata. 

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Ganhos falsos

Para o especialista, esse tipo de golpe, que promete ganhos cada vez maiores para as vítimas, é muito comum. “O golpe mais comum é quando as pessoas prometem ganhos fora do que é comum no mercado financeiro. O ganho comum seria de algo que vai de zero até dois por cento ao mês, sendo que dois por cento já é raro. Então, o que esses golpistas de criptomoedas fazem é prometer ganhos de dez, quinze por cento ao mês, o que não existe, é o primeiro indicativo de golpe de pirâmide financeira, que certamente é o mais comum”, completa. 

De acordo com a Polícia Federal, após o deflagramento da primeira parte da operação, ainda em outubro, Francisley passou a se reunir frequentemente com funcionários do seu grupo de empresas, na sua casa, em Curitiba, demonstrando, assim, que as atividades ilegais poderiam continuar ocorrendo. Por isso, a PF pediu a prisão preventiva do acusado, a qual foi negada por duas vezes, até ser finalmente expedida pela Justiça e cumprida nesta semana. 

Golpe com famosos

Depois que o Sheik foi preso, começaram a surgir vítimas dele também entre pessoas famosas. Segundo a PF, Sasha Meneghel e o marido dela, o cantor João Figueiredo, tiveram um prejuízo de cerca de R$ 1,2 milhão, investidos no grupo empresarial de Francisley. 

Já o cantor Wesley Safadão estaria disputando na Justiça com as vítimas do acusado a posse de uma aeronave que vale R$ 37 milhões. Ele teria recebido a aeronave como garantia de pagamento de um investimento que ele fez na empresa de Francisley, coisa que as outras vítimas também desejam. 

Nessa lista de vítimas estariam ainda jogadores de futebol, cujos nomes não foram divulgados. 

Cuidados que você precisa ter na hora de investir em criptomoedas 

  • Procurar instituições sérias, que tenham renome no mercado e clientes que possam testemunha sobre a idoneidade dela;

  • Desconfiar de qualquer empresa que prometa ganhos acima de 1 a 2% ao mês (se a pessoa ou empresa prometer ganhos acima de 10% com o negócio, tenha certeza de que se trata de pirâmide financeira);

  • A pirâmide financeira nada mais é do que tirar dinheiro de um para dar para outro, por isso, alguns recebem dividendos em algum momento, outros não;

  • Dinheiro fácil não existe, então, tudo que pareça maravilhoso demais precisa ser alvo de atenção e cuidado. 

 

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