Restaurante de Belém une cultura e culinária amazônica

Como um sonho de família se transformou em referência na gastronomia de Belém

Jéssica Nascimento
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No coração de Belém, um restaurante celebra a rica diversidade cultural e culinária da Amazônia. Idealizado por Maurício Façanha, o Ver-O-Açaí é mais do que um local para comer: é um mergulho na essência da região.

Inspirado no sonho de sua mãe e enraizado na tradição paraense, o restaurante une criatividade, produtos locais e o compromisso de valorizar a Amazônia em cada detalhe.

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O sonho que virou realidade

Maurício Façanha cresceu ouvindo o desejo da mãe de abrir um restaurante dedicado aos sabores da Amazônia. Com um toque artesanal de uma tia, que adornaria o espaço com quadros, e a experiência de outra, que administraria e cozinharia, o sonho parecia promissor. Contudo, a insegurança em arriscar deixou o projeto em espera.

“Minha mãe nunca teve o pulso de empreendedora porque sabia que empreender é colocar em risco algumas coisas, inclusive a família”, relembra Maurício.

Com a perda da mãe, Maurício decidiu transformar o desejo materno em realidade. Já com experiência em explorar a diversidade do Norte, o empresário concebeu um projeto que unisse “culinária” e “cultura”. A inspiração para o nome veio de um ícone local: o Ver-O-Peso, misturado ao rei dos sabores da região — o açaí.

image Maurício Façanha durante entrevista. (Foto: Carmen Helena / O Liberal)

A influência cultural de Maurício vai além de Belém. Vivendo em diversas cidades do Norte, como Manaus, Macapá e Porto Velho, ele absorveu a diversidade de tradições e sabores de cada lugar. Esse repertório foi essencial para construir a identidade do restaurante. “Quando eu olho para o Ver-O-Açaí, vejo um mosaico de experiências que vivi”, comenta.

Do sonho à concretização: desafios do início

Abrir um restaurante com foco em produtos regionais trouxe desafios significativos. Desde a formação da cadeia de fornecedores até o aprendizado sobre as oscilações dos ingredientes locais, Maurício enfrentou instabilidades.

“Trabalhar com produtos regionais é entender que há sazonalidade. Por exemplo, o tucupi é o mesmo desde que abrimos, mas sabemos que ele varia conforme a época do ano”, explica o empresário.

Os desafios eram também logísticos: manter um fornecimento constante de produtos de alta qualidade e criar uma relação de confiança com os fornecedores foi essencial para estabelecer o padrão desejado.

image Interior do restaurante Ver-O-Açaí Belém. (Foto: Carmen Helena / O Liberal)

Outro obstáculo foi superar a percepção inicial de que o Ver-O-Açaí era apenas uma casa de açaí. O cuidado em transmitir ao público a combinação de culinária e cultura tornou-se um dos diferenciais do restaurante. Cada canto da casa está repleto de elementos que contam histórias da Amazônia, criando uma experiência única para os visitantes.

Resiliência e a força do coletivo

O impacto da pandemia ameaçou o negócio em seus primeiros anos, mas foi a equipe que manteve o Ver-O-Açaí de pé. No momento mais crítico, os funcionários rejeitaram a ideia de fechamento, reafirmando a parceria essencial para o sucesso do restaurante.

“Eu posso ser o idealizador, mas sem uma equipe competente que acredita no projeto, nada disso seria possível”, destaca Maurício.

Durante a pandemia, o restaurante também precisou se reinventar. O delivery tornou-se uma estratégia fundamental para atravessar os momentos de crise. Maurício enfatiza que a solidariedade e a criatividade de sua equipe foram decisivas. “Criamos promoções especiais, trouxemos novos pratos e nos conectamos ainda mais com nossos clientes”, afirma.

image Maurício mostra um pouco da cultura presente no restaurante. (Foto: Carmen Helena / O Liberal)

Essa parceria reflete em ações como o campeonato interno Ver-O-Chefe, que estimula a criação de pratos autorais pela equipe. Os vencedores são presenteados com viagens e o restaurante ganha um cardápio cada vez mais criativo.

Produtos 100% Amazônia: Uma experiência autêntica

Com o compromisso de utilizar produtos regionais sempre que possível, o Ver-O-Açaí oferece uma experiência que vai além do prato. Dos refrigerantes locais à representação dos sabores autênticos como maniçoba, tacacá e peixes amazônicos, cada detalhe exalta a riqueza do Norte.

“Se a Amazônia não produz, a gente oferece alternativas, mas sempre buscando mostrar algo da região”, explica. Esse conceito é acompanhado de um trabalho de educação dos clientes, incentivando-os a experimentar produtos típicos que muitas vezes ainda não são amplamente conhecidos fora da região.

Outro destaque é a linha do Marajó, com pratos que homenageiam uma das regiões mais Icônicas do estado. O filé marajoara tradicional e o filé do embaixador são exemplos que aliam criatividade e tradição.

Olhar para o futuro: planos de expansão

Com duas unidades consolidadas em Belém, o Ver-O-Açaí almeja crescimento prudente. Maurício revela planos para Ananindeua e cidades irmãs do Norte, como Macapá e Manaus.

“Quero levar nossa cultura para lugares onde ela é compreendida e valorizada. Nosso objetivo é expandir dentro do Norte”, afirma.

A estratégia de crescimento reflete a filosofia do restaurante: valorizar a Amazônia e preservar a autenticidade em cada novo passo. Antes de abrir novas unidades, o foco é garantir que as operações existentes funcionem perfeitamente. “Crescemos rápido e agora é hora de ajustar os processos”, pondera o fundador.

Vitrine cultural

O Ver-O-Açaí é um ponto de encontro para valorizar a identidade paraense e amazônica. A inclusão de pratos como o filé marajoara e o compromisso com os produtores locais garantem que a casa se mantenha fiel às suas raízes.

image Entrada do restaurante, onde há elementos da cultura amazônica ribeirinha. (Foto: Carmen Helena / O Liberal)

Além disso, o restaurante promove eventos culturais, como apresentações de música local e exposições de artesanato. Cada visitante tem a oportunidade de vivenciar a cultura paraense da gastronomia à arte.

“O mundo consome o que o Brasil produz, mas o Brasil ainda não consome a Amazônia como deveria. Estamos aqui para mudar isso”, conclui Maurício.

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