Pó de rocha pode reduzir em até 40% custos de produtores rurais

Tecnologia é pesquisada pela Faepa e foi apresentada ontem, durante o 58° Encontro Ruralista

Elisa Vaz
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Uma tecnologia que vem sendo pesquisada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) denominada "pó de rocha", material proveniente do subsolo, é capaz de reduzir em até 40% os custos do produtor rural que trabalha com a agropecuária. Integrantes do grupo de pesquisa estiveram presentes ao 58° Encontro Ruralista, realizado nesta terça-feira (29), com um estande montado para explicar os benefícios dessa inovação. O evento, organizado pela Faepa sob o tema "Alimentar é construir o futuro", segue até a quarta-feira (30), das 8h às 18h, na sede do Palácio da Agricultura, e mostra produtos tecnológicos e processos inovadores disponíveis no setor do agronegócio.

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De acordo com o pesquisador Walter Oliveira, o pó de rocha pesquisado vem de uma empresa que explora britas. O material é "britado", ou seja, reduzido e transformado em pó e, a partir disso, passa a ser utilizado na agricultura como forma de remineralizar o solo. "Isso significa o seguinte: há solos que, ao longo do tempo, são cultivados e vão perdendo a vitalidade e os nutrientes. O pó de rocha traz de volta esses elementos, que passam a enriquecer novamente o solo e fazem com que os vegetais plantados ali tenham vitalidade novamente, como se reativasse a vida", explica.

Para o produtor rural ou agricultor, esse componente pode ser "muito interessante" na opinião do geólogo Oscar Pimenta, consultor da Faepa. Embora nas regiões Sul e Centro-Oeste do país as pesquisas estejam mais avançadas, no Pará ainda é inicial e esses são os primeiros lotes de pó de rocha para agregar valor aos agricultores. Muitas rochas, segundo Oscar, podem ser utilizadas para produzir esse material, mas isso ainda não está sendo feito. E destaca que a Federação tem tido protagonismo ao lançar esse trabalho.

Benefícios

"Nós precisamos avançar nisso. Para se ter uma ideia, eles estão trabalhando com pó de basalto aqui, e grande parte dos rejeitos que se tem em Carajás é de basalto, que não é utilizado para absolutamente nada e não se tem noção de como pode ser utilizado para fazer esse tipo de trabalho. O Pará é o maior produtor de minério e tem também o maior de rejeito de mineração. Isso reduziria em torno de 30% a 40% o custo com fertilizante nitrogenado que nós importamos", afirma. As cidades mineradoras, portanto, podem vir a ser destaques na produção de pó de rocha, mas o diálogo com as empresas ainda está no início.

Outro benefício do produto é a redução do desmatamento, segundo o geólogo Cleber Barata, que também estava no estande. Com a utilização do pó de rocha, há o aumento da produtividade do agricultor, principalmente por se tratar de um item natural. Dessa forma, há a diminuição do desmatamento, porque uma produção maior impede a derrubada de mais áreas para se plantar. "É um dos maiores benefícios que essa tecnologia pode trazer para a sociedade", declara.

O empresário Cristhian Rocha participa da pesquisa desde o começo e diz que esta é uma demanda dos próprios agricultores - daí se entendeu a necessidade de começar a estudar o produto para uso na agricultura. O trabalho foi iniciado em 2019 e, nos últimos anos, o uso do pó de rocha já foi testado em produções de cacau e em áreas de recuperação de pastagem, que, segundo os pesquisadores, tiveram "ótimos resultados", "muito satisfatórios", com o incremento de nutrientes.

Apicultura

Também esteve em exposição durante o evento um estande de mel. De acordo com Alix Silva, que trabalha no projeto Rota do Mel, desenvolvido pela Faepa, há uma expectativa de aumentar a produção no Estado. Atualmente, a média fica em 11 quilos por caixa no Pará, mas a previsão é de alcançar a marca de 50 quilos por caixa. Além disso, ele diz que hoje a região Norte produz apenas 2% do mel no país, e cerca de 1,5% é do Pará, mas a ideia é chegar ao posto de maior produtor do Brasil em três anos.

Isso será possível, segundo Alix, aproveitando o potencial não explorado do Estado no que diz respeito à produção de mel. "Nós não temos doenças nas abelhas; não temos frio, que às vezes atrapalha a vida do apicultor; a nossa chuva não é muito prejudicial; e temos uma grande área que não é explorada. Hoje a Federação tem esse projeto, chamado Rota do Mel, que visa a incentivar a produção do mel. Até ano que vem vamos tentar chegar aos 144 município do Estado, levando subsídio ao apicultor: caixas, fumegador e a roupa, além das capacitações", detalha. Hoje pouco mais de 10 cidades são atendidas.

O principal empecilho, na opinião do integrante do projeto, é que os trabalhadores não "levam a sério" a profissão, ou seja, atuam de forma amadora e não especializada. Por isso a Faepa ensina sobre gestão financeira e fluxo de caixa. Alix ainda destaca que, se o produtor conseguir fazer uma produção de mel de 50 quilos por caixa ao ano, consegue ter uma média salarial de R$ 4 mil a R$ 5 mil. Outra técnica ensinada aos apicultores é sobre a agregação de valor - quanto mais o produtor se preocupar com a aparência e apresentação do seu produto, mais pode vender, a preços mais altos.

Evento

O encontro com lideranças e representantes dos segmentos de agricultura e pecuária, segundo o presidente da Faepa, Carlos Xavier, é importante para mostrar a importância dos setores para a economia do Pará, além de expor o que tem sido feito de mais tecnológico dentro do Estado.

Ele ressalta que o carvão é responsável pela maior parte da energia elétrica gerada no mundo hoje, mas, no Brasil, é produzida uma energia limpa. "Temos aqui a presença constante do sol, e se formos buscar exatamente a energia solar vamos ver a importância disso. Temos aqui o setor que mais tem gerado tecnologia e estamos levando conhecimento. Quando há a geração de conhecimento, você provoca o desenvolvimento, é esse o nosso objetivo e estamos fazendo a exposição de tudo isso. E uma consequência é a geração de emprego nessas áreas.

O evento é promovido pelo Sistema Faepa/Senar/Fundepec/Núcleos/Sindicatos, com apoio da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), e continua nesta quarta-feira (30), com diversas palestras.

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