Lojistas de Belém ainda se adaptam às novas regras de eficiência energética para geladeiras
A medida foi anunciada pela pasta em dezembro de 2023 e passou a vigorar em janeiro de 2024
Um ano depois da resolução do Ministério de Minas e Energia (MME), que trata de novas regras para a eficiência energética das geladeiras fabricadas, os lojistas de Belém ainda estão em processo de adaptação para as exigências do cenário. A medida foi anunciada pela pasta em dezembro de 2023 e passou a vigorar em janeiro de 2024. A proposta aposta na diminuição da conta de luz dos brasileiros e tem um cronograma gradual de implementação estabelecido no país: a partir de 2028, os produtos disponíveis nas lojas devem estar 17% mais eficientes que os de hoje.
A estimativa do MME é que, com a mudança na legislação, cerca de 5,7 milhões de toneladas de gás carbônico deixarão de ser emitidas até 2030. A economia de energia elétrica a ser gerada é de 11,2 Terawatthora (TWh) até 2030, o que equivale a aproximadamente os consumos residenciais anuais de toda região Norte do país (11,5 TWh em 2022), ou do estado de Minas Gerais (13,1 TWh em 2022). Por isso, a ideia é retirar gradativamente do mercado os equipamentos de menor eficiência, que oneram o consumidor e o setor elétrico.
A preocupação dos lojistas de Belém é com o estoque e reposição de produtos. Eduardo Yamamoto, presidente do Sindicato do Comércio Varejista e dos Lojistas de Belém (Sindilojas), afirma que as mudanças, no entanto, “trouxeram maior conscientização sobre a eficiência energética e a sustentabilidade. Com a regulamentação, os produtos disponíveis no mercado passaram a apresentar padrões melhores, alinhados às exigências de consumo”. Os preços, ainda, foram reajustados, tendo a necessidade de avanços tecnológicos para atender a norma como justificativa.
“O mercado demonstrou capacidade de adaptação e os consumidores começaram a perceber o custo-benefício de investir em produtos mais eficientes, que proporcionam economia de energia no médio e longo prazo. O Sindilojas acredita que a melhor alternativa é apostar na educação do consumidor, promovendo campanhas que reforcem os benefícios dos novos padrões de eficiência. Além disso, parcerias com fabricantes e financiamentos acessíveis podem ajudar a suavizar o impacto inicial dos preços, facilitando o acesso a esses produtos por um público mais amplo”, completou Yamamoto.
A meta da iniciativa do MME é que os consumidores tenham acesso a refrigeradores domésticos melhores e que consomem menos energia elétrica. Os aparelhos já adquiridos, se em ótimo estado de funcionamento, não vão precisar ser trocados por um novo para estar de acordo com a resolução publicada. A medida gera obrigações apenas para os fabricantes, importadores e comercializadores dos equipamentos, que, de acordo com as datas limite definidas, não poderão mais fabricar ou comercializar equipamentos que não atendam aos índices de eficiência energética definidos.
Implementação
Até chegar em 2028, o MME definiu etapas a serem seguidas: a primeira, de 2024 até 2025, estabelece que o máximo de consumo permitido nas geladeiras e refrigeradores é de 85,5%, em relação ao que a norma considera como consumo padrão. Na segunda etapa, de 2026 até 2027, esse consumo máximo permitido será de 90% em cada equipamento. De acordo com a pasta, na fase final, a metodologia de cálculo muda e as curvas de consumo padrão passam a ser mais restritivas. Assim, o consumo máximo na etapa 2 fica ainda menor do que na etapa 1.
Mercado de Belém passa por mudanças
Mesmo com as dificuldades de adaptação, o mercado de Belém tem apresentado mudanças no comportamento, tanto no que se refere às vendas, quanto aos modelos de geladeiras e congeladores que chegam nos estabelecimentos. Eliane Dias, vendedora de uma loja de eletrodomésticos da capital paraense, diz que um fabricante lançou um produto com a tecnologia pedida pelo MME na norma por um preço considerado barato para o modelo. “ Um modelo básico gelo seco ficou por R$ 1.899. Ela é um modelo básico, que tem a menor quantidade de litros, mas é um refrigerador que cabe no bolso de alguns clientes”.
Eliane destaca que os valores ficaram, de fato, maiores. O que antes era vendido por cerca de R$ 1.800, hoje é encontrado por mais de R$ 3.800. A procura, porém, não mudou: as geladeiras continuam sendo o menor índice de vendas na loja - a vendedora considera que esse movimento é pelo fato dos consumidores procurarem por consertos para economizar. “Subiu muito o valor, é exorbitante, comparado aos anos anteriores, além do preço da energia aqui no Pará, que é muito caro. Se os outros fabricantes investirem também nessa tecnologia, talvez as vendas aumentem”.
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