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Feirantes do Ver-o-Peso celebram décadas de dedicação no tradicional mercado

Dia do Feirante é celebrado neste domingo (25)

Amanda Engelke e Thaís Neves
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Em meio à variedade de produtos e à movimentação característica dos mercados e feiras de Belém, cerca de cinco mil profissionais comemoram neste domingo (25) o Dia do Feirante. Muitos compartilham histórias de décadas de dedicação e trabalho duro para sustentar suas famílias. Na Feira do Ver-o-Peso, com mais de mil desses profissionais, eles continuam firmes apesar das mudanças no mercado e na cidade.

Davi Furtado Buriti, de 84 anos, é um dos exemplos dessa dedicação. Com 54 anos de trabalho, ele relembra que começou sua trajetória no Ver-o-Peso em meio à necessidade, “porque precisava trabalhar”, após “pedir baixa” do Exército e não obter sucesso na procura por empregos. “Foi então que um irmão meu, que já tinha uma barraca na feira, me deu um ponto, e eu comecei a trabalhar com farinha", conta Davi.

Ao longo desse tempo - mais de cinco décadas -, seu Davi compartilha que presenciou inúmeras mudanças no local. "Hoje, a gente diz que está ruim, mas já foi pior. Antigamente, quando chovia, você pisava numa tábua e espirrava lama. Hoje, a barraca está toda coberta. Houve uma grande melhoria ao longo desse tempo, mas é claro que poderia ser melhor", reflete.

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Para Davi, a feira representa muito mais do que um local de trabalho. Ele conta que foi com a renda da venda de farinha em sua barraca na feira que conseguiu criar e educar seus filhos e sustentar, até hoje, sua família. "Tudo que eu tenho, desde o chinelo até a vida, veio daqui", afirma o feirante. "Nunca fui empregado; tudo que conquistei foi aqui", faz questão de frisar.

Tradição

Wilson Marcelo Rodrigues, de 71 anos, também conta que “cresceu no Ver-o-Peso”. Trabalhando há mais de 40 anos no mercado, na sua barraca, ele vende uma variedade de produtos, desde hortifrúti até itens de granjeiro. "Eu sou vendedor desde pequenininho aqui. Eu estudava e vinha para cá trabalhar. Tirei o sustento daqui para criar e educar meus filhos", diz.

Seu Wilson também lembra com nostalgia dos tempos em que a mercadoria chegava à feira de bonde ou pelos navios que vinham do interior, há décadas. "Era um tempo muito bom, que não volta mais", diz. Para ele, é importante oferecer produtos a preços acessíveis para a população, e diz que essa é uma tradição que faz questão de manter desde que começou a trabalhar no mercado.

Nova geração

Aos 37 anos, Suelem Gomes representa a continuidade dessa tradição, já que comumente as barracas costumam passar de pai para filho. No caso dela, para filha. Há 22 anos trabalhando na feira, ela conta que seguiu os passos do pai como feirante. Ele dedicou cinquenta anos ao Ver-o-Peso. "Tudo que eu adquiri foi trabalhando aqui honestamente", frisa Suelem.

image Há 22 anos trabalhando na feira, Suelem seguiu os passos do pai. (Carmem Helena / O Liberal)

Para Suelem, ao longo desses 22 anos, apesar de algumas melhorias, os benefícios “não foram muitos”, mas diz que ela e os outros feirantes aprenderam a se adaptar e é grata a tudo que a feira lhe proporciona. "Trabalhar aqui representa muita coisa boa. Consegui adquirir meus bens, criar meu filho e fazer muitas amizades. Digo que aqui é minha casa; para casa eu vou para dormir", explica.

A feirante também destaca a dinâmica característica das feiras, especialmente no Ver-o-Peso. Segundo ela, as feiras são ambientes onde a colaboração com os colegas é essencial. "A gente tenta se adaptar a tudo e se ajudar um ao outro. Às vezes, a gente se estressa, mas acaba se distraindo, brincando, se divertindo com todo mundo aqui, com os fregueses", completa.

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