Evento realizado em Belém busca aumentar ecossistema de bioeconomia na Amazônia
Entre os objetivos do encontro, realizado nesta quinta-feira (1º), estava a conexão de empreendedores inovadores da região com investidores
Discutir a inovação e o empreendedorismo na agenda global de mudanças climáticas foi o principal objetivo do Bioeconomy Amazon Summit (BAS), evento promovido nesta quinta-feira (1º), no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) - Rede Brasil e pela gestora de venture capital KPTL (lê-se “capital”, em inglês). O encontro contou com o apoio do governo do Pará, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), entre outros parceiros.
Reunindo 80 startups e promovendo o fomento de 60 delas, além de uma intensa agenda de discussão em torno do papel da inovação e do empreendedorismo na agenda global de mudanças climáticas, o evento teve a participação do governador Helder Barbalho (MDB) na abertura oficial. Segundo ele, há grande importância na agenda ambiental e é preciso construir soluções baseadas na natureza para encontrar caminhos sustentáveis para a região.
“De 2019 para cá, nós tivemos a coragem e a ousadia de, primeiro internamente, nos convencer de que poderíamos escolher um novo caminho, poderíamos construir talvez não o caminho mais fácil, mas o caminho correto, de produzir preservando e de provocar novas economias que pudessem conciliar os povos ancestrais, as comunidades tradicionais, trazendo para próximo a agricultura familiar, e destacando a produção agroflorestal. Em 2019, criamos a Política Estadual de Mudanças do Clima, que norteia as metas, as estratégias, o planejamento e as ações que nós estamos traçando e implementando”, destacou o governador paraense.
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O chefe do Executivo estadual disse ainda, na abertura do evento, que, dentro do Plano Estadual de Bioeconomia, ponto central da Política Estadual de Mudanças do Clima, o governo passou a escolher a bioeconomia com uma nova vocação do Pará. Barbalho ressaltou que, sem uma política alternativa de uso do solo, não há sustentabilidade. Há um horizonte de oportunidades de geração de emprego e renda nas novas economias, de acordo com o governador, e o evento desta quinta-feira em Belém, para ele, cumpriu o papel de atingir as metas ambientais estabelecidas pelo Estado.
Inovação e tecnologia
Do lado dos investidores, mais de dez fundos com teses de impacto e sustentabilidade confirmaram presença no evento, além de fundos de Corporate Venture Capital de seis grandes empresas. O CEO da KPTL, Renato Ramalho, explicou que o foco do evento foi a inovação, ou seja, os empreendedores que participaram precisavam oferecer algo inovador dentro da bioeconomia, gerando qualidade de vida e proteção florestal.
“O que a gente está vivendo aqui no bioma amazônico é uma fronteira que o Brasil ainda não explorou devidamente. Se você pensar ‘tem determinada empresa que tem uma oportunidade’. Mas não é só isso, tem tudo a ser desbravado, precisa da logística, da regulação, do capital humano para trabalhar naquela empresa. Então, para a gente, a bioeconomia é um pouco mais elástica. A agenda de bioeconomia não é só aquela startup, mas é tudo que te conecta ao redor daquela oportunidade. É um leque maior de oportunidades que vão ser construídas a partir do bioma amazônico”, detalhou.
Para o CEO do Pacto Global, Carlo Pereira, há o compromisso de fazer o “máximo” possível pela agenda ambiental no país. Dentro da iniciativa da ONU, segundo ele, há quase 2.500 empresas e organizações que estão engajando e motivando o setor empresarial a pensar nos impactos positivos: “De uma maneira humilde, queremos ajudar esse ambiente empreendedor e esse sistema empreendedor da bioeconomia da região. E o evento conta com algumas fases. Tem uma arena empreendedora, a ideia é que investidores de fora que trouxemos interajam com os daqui e a gente consiga trazer mais força para esse ecossistema”.
Empreendedores apostam na bioeconomia
Representantes de uma empresa local, Luciana Gomes e Isabela Serafim estavam apresentando um produto regional no evento: a semente de cumaru, usada em cosméticos, por causa de seu aroma, mas também na gastronomia, com benefícios antioxidantes e vasodilatadores. Luciana comentou que a empresa trabalha com o beneficiamento dessa semente, comprando diretamente dos pequenos produtores locais e transformando em produtos.
“A gente faz a venda da semente de cumaru, do pó de cumaru e do caramelo de cumaru. A gente vende pelo nosso site, inclusive, para algumas lojas daqui de Belém, alguns restaurantes que utilizam o nosso produto para finalizar pratos, para aromatizar e saborizar as comidas”, detalhou Isabela. Segundo Luciana, a participação no evento se deu para fazer networking e para que as pessoas conhecessem os produtos que estavam sendo apresentados. “Essa semente vem de um fruto e, para a gente continuar mantendo o negócio, precisa manter a floresta em pé, não funciona de outra forma”, comentou.
Já Ingrid Godinho, que é presidente da Cooperativa de Turismo e Artesanato da Floresta, estava apresentando artesanatos feitos pelo grupo, que é de Santarém e atua com articulação em 12 comunidades. Os produtos expostos no evento em Belém eram de decoração, todos feitos a partir da palha do tucumã, com cor natural ou com tingimento natural. “Dessa forma nós conseguimos trazer a nossa ancestralidade e levar para o mundo a essência da nossa identidade. A coloração desses produtos é toda natural, com a base do urucum, da mangarataia, caapiranga e outros”, explicou.
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