Endividamento das famílias paraenses em 2022 recua em relação a 2021

Cartão de crédito e carnês continuaram, no entanto, sendo os principais motivos de dívidas no Estado

O Liberal
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Embora 61,9% famílias paraenses estivessem endividadas em dezembro de 2022, dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), produzida pela Federação do Comércio do Pará (Fecomércio-PA) e divulgada agora, mostram que o número é menor do que o registrado em dezembro de 2021, quando o índice era de 65,5%. Já em comparação ao mês de novembro de 2022, quando 61,2% das famílias paraenses apresentavam endividamento, o percentual é ligeiramente maior. 

O levantamento mostra que, entre as famílias endividadas, pelo menos 25,1% estavam com contas em atraso, isto é, estavam inadimplentes, ao passo que 6,8% não teriam condições de quitar essas dívidas, em dezembro de 2022. O número das que tinham contas em atraso, no entanto, era menor do que um ano antes, quando o percentual estava em 29,3%.

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Esse é um dado que, inclusive, veio caindo ao longo de 2022. Em janeiro do ano passado, 30,1% das famílias paraenses estavam com contas em atraso e, em dezembro, já eram 25,1%. Da mesma forma, era muito maior em janeiro do ano passado o número de famílias paraenses que não conseguiriam dar conta de pagar as dívidas (14,9%) do que em dezembro (6,8%). 

Segundo a pesquisa, o principal motivo de dívidas entre os paraenses ainda é o cartão de crédito, que atingia 83,7% das famílias em dezembro de 2022, contra 79,1% em dezembro de 2021. Em seguida, apareciam os carnês, com 15,7% em dezembro de 2022, contra 36% em dezembro de 2021. 

Para o economista Genardo Oliveira, as famílias paraenses precisam desenvolver uma visão mais analítica sobre seus gastos e se organizar para que nos próximos meses haja saúde financeira. “A maioria das dívidas obtidas pelo cartão de crédito é para suprir gastos com alimentos, transportes e combustíveis. E essa é uma dívida cumulativa, caracterizada por juros compostos, ou seja, sem uma estratégia viável ela se torna uma dependência mensal. É preciso que todos fiquem atentos para datas de vencimentos e reduzam a quantidade de cartões de créditos, se tiverem mais de um em uso”, aponta. 

Designer tem seis cartões de crédito, mas quer reduzir para apenas um

O designer Leonan Pimentel, de 27 anos, conhece bem essa realidade. Dono de seis cartões de crédito, ele utiliza a ferramenta com bastante frequência, tanto para compras simples, como lanches e alimentação, como mais complexas, como aparelhos eletrônicos, entre outros. Ele conta que a situação começou a se agravar quando os primeiros cartões de crédito passaram a ter limites mais elevados, o que fez com que ele perdesse o controle dos gastos. “Eu não soube administrar a utilização deles de forma simultânea e acabei comprando mais do que eu ganhava. E mesmo parcelando, acabei me enrolando em várias dívidas, uma atrás da outra. Quando parei para prestar atenção, percebi que não estava levando em conta imprevistos como doenças e a própria pandemia de covid-19”, lembra. 

Doente, ele precisou de várias idas ao médico, remédios e todo o suporte, que não estava previsto. “A alta dos alimentos eu também não tinha levado em consideração e tudo isso foi fazendo uma bola de neve. Eu conseguia pagar um cartão, mas os juros aumentavam no outro que eu não tinha pago. Aí eu tentava parcelar um e não conseguia pagar o outro. Eu ainda estou atrás da resolução desse problema porque eu consegui receber parte das minhas férias e também fiz os saques extraordinários do FGTS para conseguir pagar algumas dessas dívidas. O meu planejamento é agora em 2023 conseguir me livrar de outras dívidas pequenas que eu tinha para focar em pagar esses cartões restantes”, completa ele, acrescentando que tão logo quite as dívidas, pretende cancelar a maioria dos cartões de crédito e ficar com apenas um. 

Confira os principais motivos de endividamento e inadimplência no Pará:

  • Cartão de Crédito 83,7%
  • Carnês 15,7%
  • Crédito consignado 11,3%
  • Financiamento de carro 6,6%
  • Financiamento de casa 3,4%
  • Crédito Pessoal 2,9%
  • Cheque Especial 2,8%
  • Outras Dívidas 1,8%
  • Cheque Pré-datado 0,2%

Fonte: Fecomércio-PA

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