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Organização é o primeiro passo para iniciar 2023 fora do vermelho; veja dicas

Especialista diz que anotar os ganhos e os gastos mensais faz a diferença para ter controle

Elisa Vaz
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Pelo menos 61,2% das famílias paraenses devem fechar o ano endividadas, e 24,9% inadimplentes, segundo dados da Federação do Comércio do Pará (Fecomércio-PA) referentes a novembro. A poucas semanas do final do ano e com a chegada de 2023, períodos que geram mais despesas por conta das festas de dezembro e de pagamentos fixos de janeiro, ainda é possível recuperar o controle das finanças seguindo dicas importantes de educação financeira. O passo mais importante é começar.

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O economista Valfredo de Farias diz que, para organizar as dívidas e sair do vermelho, é preciso primeiro entender quais são essas contas que precisam ser pagas. "A partir do momento em que a pessoa começa a se enrolar, ela tende a chutar o balde mesmo e não controlar mais nada. As dívidas só vão crescendo e a pessoa vai apagando incêndio todo dia, até que chega um ponto em que ela está devendo tanto que nem sabe para quem deve. Então, o primeiro passo é entender a sua dívida", orienta.

Após isso, sabendo quanto deve, a pessoa pode ficar atenta e monitorar aquela dívida para que ela não cresça, além de buscar formas de pagar. Anotar tudo o que é gasto ou recebido também é um passo importante para o controle financeiro; só assim o consumidor terá uma noção de como costuma usar seu dinheiro, ou seja, quanto gasta com moradia, transporte, alimentação e outras despesas fixas. Não manter essas anotações, segundo Valfredo, pode ser um fator complicador para quem está endividado ou quer economizar.

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"A partir do momento em que começamos a anotar todos os nossos gastos passamos a entendê-los melhor. Por exemplo, uma moça que eu estava ajudando na parte financeira me disse que não gastava muito com baladas, festas e outras saídas. Começamos a controlar e vimos que, no final do mês, ela gastou cerca de 30% do que ganhava com saídas a restaurantes, baladas e por aí vai. Ela não tinha essa percepção. Várias pessoas passam pela mesma situação. Gostam de viajar, sair para almoçar fora, curtir uma balada, beber, e quando não anotamos essas contas não temos uma percepção do gasto. O mesmo se aplica à alimentação, ao transporte, à saúde etc. Quando eu passo a entender tudo isso consigo fechar as torneiras", comenta o economista.

Economia

Quem está em uma situação financeira apertada e quer economizar precisa primeiro cortar os supérfluos, ou seja, evitar gastos desnecessários, como saídas em excesso, além de optar por economizar em alguns serviços e produtos, usando modalidades de transporte mais baratas ou substituindo alguns itens da alimentação, por exemplo.

Outra questão essencial é quanto ao uso do cartão de crédito. Valfredo diz que a maioria das pessoas endividadas começou com essa modalidade. O dado é comprovado pela pesquisa da Fecomércio, que aponta que, em novembro, 82,9% famílias tinham dívidas com o cartão de crédito.

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"Temos que ter muito cuidado com esse gasto, porque o que acontece é que as pessoas não estão preocupadas com o quanto elas vão pagar, estão preocupadas com a parcela, e muitas vezes um produto à vista tem desconto, mas elas preferem passar no crédito, com uma parcela pequena, mas no final paga mais de R$ 100 extras, por exemplo. Esses consumidores tendem a comprar diversas coisas parceladas, como supermercado, roupa e isso vai virando uma bola de neve, a fatura vem alta, eles pagam o mínimo e a tendência é de cada vez se enrolar mais", declara o especialista.

Extras

Para os trabalhadores formais, a renda extra do final do ano, o décimo terceiro salário, pode ajudar a pagar dívidas. Também é o caso dos saques extraordinários do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), frequentemente liberado aos trabalhadores. Quem não tem uma ocupação formal, no entanto, tem mais dificuldade.

Mas, em vez de usar esses benefícios extras para pagar dívidas e depois se enrolar novamente, o ideal é aplicar esse dinheiro em produtos que tenham rentabilidade ou em ideias que podem crescer. A melhor forma de se gastar dinheiro, de acordo com Valfredo, é fazendo mais dinheiro, montando um negócio, comprando uma máquina que possa ser usada para gerar renda, adquirindo estoque de produtos para vender. O importante é fazer o dinheiro se multiplicar, na avaliação do economista.

"A educação financeira é fundamental para o desenvolvimento da nação. Existe até um desinteresse do poder público em fazer as pessoas melhorarem nesse sentido, porque quem controla o seu financeiro tem o poder de decidir o que é melhor para si. Isso deveria ser matéria obrigatória em todas as escolas do país. Quem tem uma boa educação financeira pode até não ganhar muito, mas consegue ter um padrão de vida bacana dentro das suas limitações, com qualidade de vida, independente do salário", declara.

Organização

O empresário e advogado Rafael Lauria, de 49 anos, está entre tantas pessoas que já enfrentaram dívidas. Ele conta que, quando era acadêmico, ficou com o orçamento financeiro apertado e por isso criou um método pessoal para se organizar, não apenas ganhando dinheiro, mas priorizando o direcionamento correto dele.

“Lembro que um dos meus hábitos que nada interessava era acreditar que eu ‘daria conta do recado’ com o crédito fácil que um cartão me dava. Então, acreditando nisso, consumia. Outro ponto está no fato de comprar sem ter dinheiro efetivamente. O poder de compra está diretamente relacionado ao quantitativo efetivo que tenho na minha conta na hora de comprar e não na perspectiva do recebimento de algum valor. Quando alguém passa a ter o hábito de consumir sem precisar, a probabilidade de derrocada financeira é alta”, avalia.

Ao perceber que seu futuro estava em jogo, Rafael passou a ter outra mentalidade, com o objetivo de usufruir de uma vida em busca da abundância. O empresário conseguiu sair da inadimplência para uma vida de sobras, ou seja, o que ganha hoje não usa apenas para pagar as contas, mas para investir, doar e gastar. Estabelecer metas financeiras, na opinião dele, é estabelecer a qualidade de vida que se quer ter.

"Antes de alcançar a vida financeira almejada, é necessário se tornar uma pessoa de princípios e valores sólidos, conhecendo-se e buscando ser alguém que não vive só pelo seu umbigo, e sim para somar na vida daqueles que consegue alcançar. Depois disso, é preciso crescer em alguma habilidade que seja útil a outras pessoas, para que elas, ao verem valor nessa habilidade, paguem por isso, para em terceiro momento escalar, alcançando o maior número de pessoas que paguem pelo que tenho para oferecer. Mas veja que passa primeiro por quem eu sou, para depois pelo que eu faço, para, aí sim, receber o que mereço”.

Hoje em dia, Rafael diz que a mudança principal se deu na sua consciência – ele passou a enxergar melhor suas necessidades financeiras. Para quem está começando a se educar, a dica do trabalhador é sempre se perguntar “eu preciso disso?”. Se sim, depois a pessoa deve fazer o questionamento “eu tenho como comprar isso sem pedir emprestado ou sem usar cartão de crédito?”. Por fim, se sim, pode comprar conscientemente. Além disso, outra indicação é investir no mínimo 10% do que se ganha para o futuro e viver dentro do equilíbrio entre adquirir, economizar e ajudar outras pessoas com o excedente que sobra.

Confira 8 dicas para sair do vermelho em 2023:

  • Buscar conhecer todas as dívidas existentes e evitar fazer novas
  • Negociar o que puder ser negociado, seja com empresas ou com pessoas físicas
  • Anotar todos os gastos e ganhos, para controlar melhor o orçamento
  • Cortar os supérfluos e evitar gastos desnecessários
  • Evitar o uso do cartão de crédito e de compras parceladas
  • Usar recursos extras para investir no futuro
  • Aplicar mensalmente um valor em algum produto de investimento
  • Buscar sempre o equilíbrio entre adquirir, economizar e ajudar outras pessoas, se possível
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Economia
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