Com velocidade nas transferências, PIX muda comportamento de consumidores
Vendedor de coxinhas afirma que 80% de seus clientes prefere usar a plataforma
Criado a um e ano e oito meses, já é possível afirmar que o Pix, meio de pagamento eletrônico instantâneo lançado pelo Banco Central em novembro de 2020, modificou de diferentes formas os hábitos de consumo dos brasileiros. Em Belém, vendedores de lanche de rua relatam que aqueles que ainda não usam a plataforma eletrônica “estão perdendo dinheiro”. Além de praticidade, o meio também traz novos riscos e cuidados para evitar erros e golpes de criminosos.
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De acordo com o economista Pablo Reis Damasceno, o principal impacto do PIX veio do aumento da velocidade de transações monetárias, “o que acarretou em menor burocracias, como há em transferências, que além do tempo ser maior, há custos”. “O PIX gerou uma mudança de comportamento e reduziu naturalmente o fluxo uso de moeda (dinheiro), gerando assim uma mudança de comportamento na sociedade em geral”, completa o especialista.
O economista observa também que houve uma “sensível mudança” na concorrência entre as instituições financeiras, que passaram a oferecer novas reduções e isenções de taxas para atrair clientes. “O setor de Segurança e Transporte de Valores acaba sendo pouco afetado, pois os processos de diminuição de saques vêm ocorrendo a mais tempo e de forma gradativa, com a elevação do uso do cartão de crédito, e agora com o PIX”, acrescenta, refletindo sobre quais outros segmentos econômicos podem ter sido impactados pelo meio de pagamento.
Garçons aderem ao Pix para o 10%
Os garçons Marcos Messias, Mário Antônio Félix Filho e Luiz Renato Leão Nunes, que trabalham em um restaurante especializado em espetos, na avenida Duque de Caxias, viram no surgimento do Pix um caminho para garantir o pagamento do 10%, com mais comodidade aos clientes. De acordo com Marcos Messias, que trabalha desde 2008 no local, o valor arrecado é dividido diariamente pelos funcionários, no fim do expediente. Ao todo, o valor pago pelos consumidores varia entre R$ 50 e R$ 100.
“80% dos clientes quer pagar o 10%, e, inclusive, paga até mais. O problema é que, antes, muitos queriam pagar mas não tinham dinheiro em espécie. E nós não trabalhamos com a ‘maquininha’. A casa não cobra a gorjeta. Mas, depois que Pix surgiu, há mais ou menos um ano, foram os próprios clientes que perguntavam se não podiam pagar com o Pix, então começamos a trabalhar assim”, relata, enquanto exibe a chave Pix escrita em um cartão.
Vendedores aderiram aos poucos
O microempreendedor Bruno Rodrigues, que trabalha há um ano e três meses com venda de coxinhas em um carrinho comercial localizado na avenida Rômulo Maiorana, no bairro do Marco, conta que a adesão ao Pix não foi imediata. Ele afirma que esperou ‘pegar’ no gosto da população, para também verificar a necessidade de trabalhar mais constantemente com a tecnologia.
“Muitos de nós, vendedores, tinham bastante desconfiança com as formas de pagamento digital, até por conta do perigo de ser vítima de hackers, os criminosos da internet”, recorda.
Atualmente, 80% dos clientes de Bruno preferem o Pix a outras formas de pagamento. “Mas também precisa tomar alguns cuidados, para também não cair em golpes. Recentemente uma pessoa nos causou um prejuízo de R$ 100, ao colocar um valor bem menor. Na correria do fluxo de vendas, acabamos não vendo que o valor estava errado. É preciso ficar atento. Ocorre também de pessoas errarem os valores sem má fé. Um dia um rapaz comprou três coxinhas, tinha que pagar uma conta de R$ 6, mas digitou errado e nos transferiu R$ 600 instantaneamente. Conseguimos devolver o dinheiro a ele”, relata.
O vidraceiro Felipe Alves, cliente de Bruno Barreto, utiliza também o Pix na prestação de seus serviços. Como pequeno empresário, ele destaca as inovações do aplicativo, que, segundo ele, tem tornado os pagamentos ainda mais práticos. “Existe agora a função do Troco Pix, em que você pode dar o troco para o cliente pelo meio eletrônico. Eu quase utilizo mais cédula, é tudo no Pix”, finaliza.
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