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Chuvas intensas prejudicam estradas e afetam escoamento de produção no Pará

Qualidade das produções também fica ameaçada nesse período

Maycon Marte
fonte

As chuvas intensas do inverno amazônico castigam algumas regiões do estado com impactos que se espalham por diferentes setores produtivos. Em vários municípios, produtores relatam prejuízos diversos, o principal deles é a dificuldade com as estradas, por vezes destruídas ou interditadas em razão das chuvas. A dificuldade de receber insumos ou de escoar as produções reduz os rendimentos desses produtores, que gastam mais com logística e ganham menos com colheitas menores ou até danificadas.

A pecuarista Maria Augusta é uma das afetadas por esse movimento. Ela possui propriedades em Vitória do Xingu e Senador José Porfírio, sudoeste e sudeste do Pará, respectivamente, com um trabalho voltado para a produção de alimentos. O seu relato descreve tanto a dificuldade para receber insumos, utilizados na criação de animais, quanto problemas para enviar o alimento produzido, ambos devido às estradas.

“A nossa dificuldade maior é a logística mesmo, porque como a gente tem uma precariedade na questão de manutenção de estradas, as pontes são comprometidas, a maioria delas, então a gente tem dificuldade de escoar a produção e receber insumos, isso atrasa um pouco a produção”, explica.

As dificuldades relatadas são recorrentes, já que anualmente o inverno amazônico volta e as estradas retornam aos mesmos problemas. O atraso que isso ocasiona prejudica as negociações da pecuarista. “Às vezes a gente negocia um gado, não consegue entregar a tempo, porque o caminhão não consegue ir até a propriedade, então esse é o nosso maior gargalo, a logística”, lamenta.

Na manhã desta segunda-feira (24), durante o transporte de gado, um dos bovinos caiu e ficou preso no meio da estrada, devido à má condição da via. Em vídeo encaminhado por Augusta, é possível ver o momento em que o animal está sendo resgatado. Segundo ela, o nível de um rio próximo teria subido com as chuvas, o que deixou a terra mole e tornou o terreno propício para o incidente, isso somado ao fato da falta de estrutura da via.

“Normalmente o caminhão não tem como chegar na propriedade, a gente tem que tocar o gado até uma certa altura, onde eles conseguem chegar e aí a gente tem esses problemas. O boi caiu nessa ponte, e aí temos que ter mão de obras de vaqueiro pra fazer esse transporte até o curral e quando o caminhão chega na propriedade, muitas vezes ele não consegue sair, nós temos que levar máquinas ou emprestar máquina de vizinhos”, reforça a pecuarista sobre as dificuldades.

Qualidade

Enquanto as chuvas podem ser boas para pecuaristas, que veem colheitas de rações, insumos prosperarem com a irrigação constante, outros produtores rurais enfrentam impactos negativos. O produtor rural e presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado do Pará (Aprosoja Pa) Vanderlei Ataíde relata, além da dificuldade no transporte, problemas com a qualidade da produção. A sua produção se concentra no município de Paragominas, sudeste paraense.

“O polo do sul do estado e na BR 163, que colhe mais cedo, pegou as chuvas com pequenos danos nos grãos. Já o polo de Paragominas, que é o maior, praticamente ainda não começou a colheita, então ainda é cedo para análise de perdas. Dentro destes polos, poucas lavouras foram colhidas, com alguns avariados nos grãos devido às chuvas demais”, avalia.

Ele explica que há um limite de tolerância de 8% em avarias nos grãos para exportação de alimentos. A carga que excede esse percentual gera descontos no valor de venda, o que leva a uma menor arrecadação do produtor. “Quando o tempo está muito chuvoso, é comum ter perdas na qualidade dos grãos”, afirma.

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Preocupação

Preocupada com os recentes prejuízos, a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) tem se movimentado para elaborar estratégias de mitigação do problema das estradas. Segundo o diretor da Federação e zootecnista Guilherme Minssen, a entidade tem recebido e checado relatos de “praticamente todos os sindicatos rurais” sobre a dificuldade de transporte. “Estamos com muitos problemas na Transamazônica, que está toda em situação bastante difícil para nós manejarmos a produção e também a chegada de insumos nessas regiões”, explica.

O levantamento sobre os estragos totais no setor produtivo continua em processo de apuração na Federação. Eles afirmam que as informações continuam chegando, o que também é influenciado pelo período do inverno amazônico, que finaliza apenas em maio.

“Nós estamos bastante preocupados e levantando ainda esses dados. Muita gente ainda está completamente ilhada e sem comunicação. Não conseguimos ainda verificar todos os danos, mas a primeira parte que apareceu é bastante difícil para todos”, destaca Minssen.

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