Agricultura familiar pode gerar mais de 1.300 empregos em Belém

Estudo mostra que, só no bairro do Tenoné, prática geraria 191 postos de trabalho

O Liberal
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Um relatório do Instituto Escolhas em parceria com a prefeitura de Belém concluiu que a capital paraense tem capacidade de abastecer com legumes e verduras 1,7 milhão de pessoas quando consideradas a agricultura urbana e periurbana da cidade. Além disso, Belém também pode suprir mais de 950 mil pessoas com bebida de açaí por ano e gerar 3.267 empregos relacionados à cadeia do produto. 

89% dos estabelecimentos agropecuários de Belém são da agricultura familiar, enquanto que 80% dos alimentos comercializados na Central de Abastecimento do Pará vem de outros estados

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O relatório também atesta um hábito comum do belenenses: 11% dos moradores da capital compra alimentos nas feiras, enquanto a média nacional é de 4%.

Outros costumes bem endêmicos da cultura de Belém aparecem no relatório: o pescado representa 12% dos gastos totais com alimentação, enquanto que no resto do país o número é de 5%. Somente em 2019, por exemplo, a prefeitura contabilizou 2,8 milhões de quilos de peixe comercializados em feiras e mercados. Vinte e quatro porcento desse total foi da espécie dourada. 

Tenoné

O estudo também mapeou possibilidades de combate às vulnerabilidades sociais por meio da agricultura familiar. No bairro do Tenoné, por exemplo, que fica localizado no distrito de Icoaraci, foram mapeados 48 hectares de potenciais espaços para agricultura urbana.

Caso fossem ocupados com unidades produtivas no modelo Lote Agrícola, seria possível produzir 2.683 toneladas de alimentos por ano, capazes de abastecer 230 mil pessoas e gerar emprego e renda para 191 pessoas.

Atualmente, o bairro possui quase 6 mil famílias cadastradas no CadÚnico para acessar políticas de assistência social. Em toda a cidade, o Instituto Escolhas mapeou 310 hectares de espaços potenciais (não utilizados) em Belém com área superior a 5.000m², equivalente a 26% do total mapeado, e 34 hectares de áreas já produtivas. Se utilizados, esses espaços poderiam produzir 19.405 toneladas de alimentos por ano, além de gerar 1.376 empregos

“Mapeamos áreas não edificadas, terrenos não utilizados ou subutilizados, sem vegetação, que podem ser ocupados pela produção de alimentos. Em seguida, simulamos a aplicação de modelos de produção sustentável nesses espaços potenciais e em sistemas agroflorestais para a produção de açaí”, conta Jaqueline Ferreira, responsável pelo projeto. 

Despesas e hábitos de consumo

A despesa média com alimentação na Região Metropolitana de Belém (RMB) representou 20% do orçamento familiar. Entre as famílias mais pobres, com renda per capita de R$ 355 mensais, esse percentual chegou a 28% do orçamento familiar. 

Em média, 27% das despesas familiares com alimentação na RMB são feitas fora do domicílio - valor abaixo da média nacional (33%). Entre os mais pobres, esse índice cai para 9%. Já entre os mais ricos, com renda per capita de R$ 3.828 mensais, sobe para 38%.

Em 2018, os 20% mais ricos contavam com uma renda mensal per capita 10,8 vezes superior à dos 20% mais pobres. Também em 2018, mais da metade da população da RMB se encontrava em situação de insegurança alimentar (grave, moderada ou leve). Os dados mostram ainda que o problema é maior na RMB do que em outras regiões metropolitanas do país.

Além disso, desde 2006, os preços dos alimentos na RMB crescem mais do que a média nacional, com alta acentuada no período recente da pandemia (a partir de janeiro de 2020).

O estudo também apurou que 295 estabelecimentos ligados ao comércio atacadista estavam em operação em Belém até 2019. Quando o assunto é comércio varejista, o número sobe para 970. A cidade também conta com 17 mercados públicos (com 1.251 comerciantes) e 32 feiras regulares (com 7.452 comerciantes). 

O Censo Agropecuário de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística identificou 601 estabelecimentos agropecuários em Belém. Oitenta e cinco porcento desses estabelecimentos têm menos de 20 hectares. Trinta e sete porcento dos estabelecimentos são chefiados por mulheres, percentual acima do estado (20%) e país (17%).

O açaí é o destaque: 69% dos estabelecimentos produzem o fruto, sendo 53% por meio de cultivo e 16% por meio de extrativismo. Vinte porcento dos estabelecimentos produzem macaxeira, enquanto os animais galináceos aparecem em 12% das propriedades listadas.

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