Pesquisadores brasileiros participam de sequenciamento de genoma do café arábica

Em estudo publicado no Nature Genetics, o grupo selecionou genes candidatos a serem responsáveis pela resistência do café à ferrugem e demais doenças

Lívia Ximenes
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Em recente estudo publicado no Nature Genetics, jornal mensal sobre genética, pesquisadores sequenciaram o genoma do café arábica. Entre os 16 cientistas envolvidos, 11 eram brasileiros. O trabalho revelou genes do café que, possivelmente, o tornam resistentes à ferrugem e demais doenças.

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Entre as 130 espécies existentes, o café arábica (Coffea arabica) é o mais consumido do mundo. Esse tipo é resultado da fusão natural entre as espécies Coffea caneophora (café conilon ou robusta) e Coffea eugenioides. Com o sequenciamento de genoma é possível desenvolver cultivares mais adaptados a mudanças climáticas e com melhor resistência a doenças.

Ao sequenciar o genoma do café arábica, pesquisadores selecionaram genes candidatos - ou seja, provavelmente responsáveis - às questões de resistência à ferrugem nas folhas, broca dos frutos e broca do caule. Além desses, também foram apresentados genes relacionados ao aroma da espécie. No total, o Coffea arabica possui 69 mil genes, segundo Douglas Domingues, um dos autores do trabalho e pesquisador do Grupo de Genômica e Transcriptômica em Plantas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

“O preço para fazer sequenciamento caiu muito e o café era das poucas commodities que ainda não tinham o genoma referência sequenciado. Havia outros grupos tentando, e houve um trabalho publicado pouco antes do nosso. Mas a maioria usou a estratégia padrão: escolheu uma planta interessante para cultivo e sequenciou seu genoma”, afirma o pesquisador.

Conforme a pesquisa, a população do café arábica variou conforme os milênios. As diferenças na quantidade são resultados de mudanças climáticas. A princípio, essa espécie foi cultivada na Etiópia e no Iêmen, mas logo se espalhou para o resto do mundo.

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A baixa população dessa espécie ocasionou pouca diversidade genética, também fruto do histórico de consanguinidade. O café arábica é, de acordo com o estudo, cerca de 60% de todos os produtos cafeeiros do mundo. A pesquisa aponta evidências dessa espécie há cerca de 350 mil e 610 mil anos.

(*Lívia Ximenes, estagiária sob supervisão da coordenadora de Oliberal.com, Heloá Canali)

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