Autor de chacina em Sinop morre em confronto com a polícia
Crime resultou na morte de sete pessoas, incluindo uma adolescente de 12 anos
Na quarta-feira (22), um dos envolvidos na chacina em um bar em Sinop, a 504 km de Cuiabá, foi morto em confronto com a Polícia Militar. Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, foi encontrado em uma área de mata próxima ao aeroporto, a cerca de 15km da cidade. O crime resultou na morte de sete pessoas, incluindo uma adolescente de 12 anos. Após um confronto com os policiais, Ribeiro foi baleado e encaminhado ao Hospital Regional de Sinop, mas não resistiu aos ferimentos. O segundo suspeito, Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, ainda está foragido e a polícia continua as buscas.
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Caminhonete e arma usadas no crime foram apreendidas na manhã desta quarta
A Polícia Civil do Mato Grosso localizou e apreendeu, na manhã desta quarta-feira (22), a espingarda calibre 12 mm e a caminhonete usadas pelos autores da chacina. O veículo, onde estava a arma e outros objetos, foi abandonado no terreno de uma obra no bairro Vila Verde, em Sinop, que teria ligação com um dos suspeitos.
Segundo envolvido decide se entregar às autoridades policiais
O advogado Marcos Vinicius Borges, que representa Edgar, informou que seu cliente se apresentará à polícia nesta quinta-feira (23). A única condição estabelecida pelo suspeito para se entregar é a garantia dos seus direitos institucionais e integridade física durante o processo.
Secretaria de Segurança montou força-tarefa para prender os suspeitos
As buscas por Ezequias e Edgar, contra quem a Justiça já havia expedido mandado de prisão temporária desde a noite de terça-feira (21), foram objeto de uma força-tarefa das Polícias Civil e Militar, determinada pela Secretaria de Segurança do Estado do Mato Grosso. Uma equipe do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de Cuiabá foi enviada à Sinop na tarde desta quarta-feira (22), para atuar na caçada aos atiradores.
Um dos assassinos tinha registro de CAC
A polícia do Mato Grosso confirmou que Edgar Ricardo de Oliveira tinha registro como Colecionador, Atirador Esportivo e Caçador (CAC) e frequentava um clube de tiro em Sinop. Em nota divulgada nesta quarta-feira (22), a Federação de Tiro de Mato Grosso (FMT) informou que ele foi desfiliado do clube por causa de faltas. Nas redes sociais, Edgar chegou a postar vídeos das práticas de tiro.
Dono do bar e um dos atiradores aparecem juntos em foto nas redes sociais
Uma foto postada em uma rede social mostra Edgar Ricardo de Oliveira ao lado de uma das vítimas da chacina de Sinop, o dono do Bruno Snooker Bar, Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos. Na imagem, os dois aparecem sentados tomando cerveja, o que dá a entender que eles já se conheciam. Maciel foi o primeiro a ser atingido pelos tiros disparados por Ezequias.
Maciel era conhecido por ostentar dinheiro de apostas em jogos de sinuca nas redes. Em um dos vídeos que circulam, Maciel exibe um bolo de dinheiro em espécie, dizendo que tem nas mãos R$ 10 mil, e depois afirma que o bolo contém R$ 20 mil.
Autores tinham passagens por roubo, porte ilegal de arma e violência doméstica
Após a repercussão do crime e identificação dos autores da chacina, a Polícia Civil do Mato Grosso iniciou as investigações para tentar chegar ao paradeiro da dupla. De acordo com o delegado Bráulio Junqueira, responsável pelo caso, os dois assassinos tinham diversas passagens pela polícia.
Ezequias Souza Ribeiro respondia por porte de arma ilegal, roubo, formação de quadrilha, lesão corporal e ameaça, além de possuir um mandado de prisão em aberto. Já Edgar Ricardo de Oliveira tinha registro por violência doméstica.
Filho de vítima diz que pai foi morto porque parou no bar para assistir o jogo
Cícero Dias, filho adotivo de Josué Ramos Tenório, uma das vítimas da chacina, contou que o pai foi morto sem ter nada a ver com a situação. Segundo o rapaz, Tenório, que morava em Rondonópolis, costumava viajar até Sinop a trabalho e, quando estava na cidade, costumava ir ao bar acompanhar as partidas de sinuca. “Ele sempre ia ao bar, gostava de assistir, acompanhar o pessoal jogar. Ele nem estava jogando, estava assistindo. Nossa família está arrasada, todos sem entender”, declarou.
Tenório era empresário e vendia frutas junto com a família. “Ele e outras pessoas não tinham nada a ver. Foi uma crueldade, uma situação desumana. Nem caiu a ficha ainda. É um monstro quem faz um negócio desse”, disse Cícero. Ele deixa a esposa e quatro filhos, dois dos quais adotivos.
Entenda a dinâmica do crime
Edgar Ricardo de Oliveira, 30, chegou ao Bruno Snooker Bar, no bairro Jardim Lisboa, de propriedade de Maciel Bruno de Andrade Costa, uma das vítimas, no final da manhã de terça-feira (21) para beber e jogar sinuca. Edgar decidiu apostar uma partida contra Getúlio Frazão, uma das vítimas, e perdeu cerca de R$ 4 mil. Diante da derrota, ele se retirou do bar e foi embora.
Getúlio continuou no bar, junto com a esposa e a filha, Larissa, onde almoçaram e ficaram conversando com amigos.
Pela tarde, Edgar retornou ao bar, desta vez em companhia de Ezequias Souza Ribeiro, 27, e desafiou Getúlio novamente. Os dois jogaram mais algumas partidas e perderam novamente. Mas, desta vez, Edgar não se conformou. Depois de jogar o taco de sinuca na mesa ele faz um sinal para o comparsa, dando início à vingança pela derrota.
Ezequias sacou uma pistola 380 e rendeu todas as pessoas, colocando-as próximas a uma parede do bar, enquanto Edgar foi até o carro e voltou com uma espingarda calibre 12. O primeiro a disparar foi Ezequias, que deu um tiro em Bruno e depois outro, pelas costas, em Getúlio, que caiu e recebeu mais dois disparos na cabeça. Ao mesmo tempo, Edgar passou a disparar nas demais vítimas.
Três pessoas - entre elas a adolescente Larissa, de 12 anos - tentam correr para fora do bar, mas acabam atingidas pelas costas e morrem. Apenas uma consegue fugir. Após a execução, os homens pegam o dinheiro que está em uma das mesas de sinuca e outros objetos pelo bar e fogem na caminhonete estava estacionada em frente ao local.
Bráulio afirmou que nove pessoas foram rendidas e apenas duas delas sobreviveram. Conforme relato de testemunhas à polícia, o clima no local era tranquilo e não houve discussão ou qualquer outra desavença no bar antes do crime.
Antes da chacina, algumas das vítimas gravaram vídeos no estabelecimento. As imagens das câmeras de segurança também mostravam uma movimentação tranquila no local.
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