Alunos da Ufopa participam de escavação que encontrou ossadas de 4 mil anos atrás
Em conjunto com geógrafos brasileiros, a descoberta foi feita no sítio arqueológico Gruta do Gentio II, em Unaí (MG), onde foi encontrada a primeira múmia brasileira, no final da década de 70
Alunos da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em conjunto com geógrafos brasileiros, encontraram ossadas, principalmente de crianças e adolescentes, após a reabertura do sítio arqueológico Gruta do Gentio II, em Unaí, Minas Gerais. Os trabalhos foram interrompidos no início da década de 80. A exploração só foi retomada no final de 2021.
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O trabalho feito pelos profissionais da Universidade de Brasília (UnB) no local tem o objetivo de retomar a história indígena profunda do Brasil. A Gruta do Gentio II foi palco da descoberta da primeira múmia brasileira e das terras baixas da América do Sul. Acauã, como foi batizada, foi descoberta pelo Instituto Brasileiro de Arqueologia e estima-se que tinha 12 anos na época de sua morte, cerca de 3,5 mil anos atrás.
Segundo os pesquisadores, o local funcionava como um abrigo e cemitério há cerca de 4 mil anos. Eles pretendem continuar as buscas e esperam encontrar outros restos mortais e outros elementos que possam ajudar a compreender os rituais religiosos e funerários desse povo, além de sua dieta, modo de vida e costumes.
Francisco Pugliese, coordenador do projeto e pesquisador do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo e do Departamento de Antropologia da Universidade da Flórida, explica que além das ossadas, outros artefatos foram encontrados no local, em estado de preservação surpreendente.
“Não nos interessa só encontrar os indivíduos, mas entender em que contexto eles foram sepultados. Buscamos estudar e voltar a nos identificar com esse passado, com os nossos antepassados esquecidos. Com esse estudo, podemos entender muitas coisas sobre o nosso povo”, explica.
Outros materiais arqueológicos foram encontrados além das ossadas
Foram encontrados, além das ossadas: ossos de animais, espigas de milho, diversos tipos de sementes, brincos, agulhas, cerâmicas, tecidos, cabelos e penas. Os trabalhos na região serão retomados em julho de 2023, época do ano em que o clima contribuirá para o trabalho de arqueologia. O trabalho é lento e cuidadoso, por conta dos anos de abandono da região que impactaram os materiais arqueológicos.
O material encontrado foi levado para o museu de arqueologia da Universidade de São Paulo (USP), mas deve ser repatriado com o tempo para novas instituições. Alunos da USP e da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) também participam da escavação, que serve como um sítio-escola na pesquisa de escavação, para formação dos alunos em futuros arqueólogos locais.
(Estagiário Gabriel Mansur, sob supervisão do editor executivo de OLiberal.com, Carlos Fellip)
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