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Ratanabá: linhas podem ser valas de defesas indígenas

Formações geológicas naturais e valas de defesas não têm a ver com teoria de cidade perdida, segundo arqueóloga

Carolina Mota
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A teoria que surgiu a respeito da cidade de Ratanabá tem levado arqueólogos a encontrarem respostas que justifiquem as supostas evidências. Uma das evidências de maior peso foi a descoberta de possíveis túneis que, de acordo com a teoria, ligam Ratanabá à outras cidades da América do Sul. Porém, especialistas afirmam que as linhas observadas poderiam ser valas feitas por indígenas para proteger aldeias das invasões de outros povos. As informações são do G1.

"No Xingu, existem valas no entorno das antigas aldeias, que podem sugerir fossos de defesas", declarou Suzana Hirooka, arqueóloga e fundadora do museu de História Natural de Mato Grosso.

Na época, os povos lutavam constantemente entre si, o que pode explicar o isolamento de alguns grupos.

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As outras possibilidades seriam as formações geológicas e o desenho de geoglifos na região.

Ainda de acordo com a arqueóloga, quanto à teoria das grandes pirâmides, cidades de ouro e antigas civilizações, são histórias fantasiosas que servem apenas para atiçar a imaginação. O máximo que já foi encontrado são vestígios de cerâmicas em rochas de rio e desenhos rupestres, o que costuma ser comum para os arqueólogos.

"Essa ideia da cidade, das pirâmides e das ruas não passam de especulações. O máximo que houve foi uma navegação em cima de imagens de satélites e que se chegou a essas conclusões. Não é incomum encontrar falhas geológicas com alinhamentos. Não é incomum achar formações rochosas e empilhamento de tijolos, de paredes ou com formas semelhantes a pirâmides. Isso é comum, principalmente em região de rochas sedimentares, onde há facilidade de erosão e encontra certas estruturas no relevo", afirmou Suzana.

"A falta de divulgação científica pode abastecer as teorias errôneas sobre a região e, consequentemente, atrapalhar o trabalho dos arqueólogos" reforçou. O receio da arqueóloga se deve ao incentivo às expedições amadoras e apaixonadas que essas teorias na internet podem despertar. Segundo ela, isso poderia levar à depredação de sítios arqueológicos.

Mais teorias

Outra história circulando pelas redes sociais conta que Ratanabá seria visto pelos indígenas como sendo Itão-Kuengü, que significa Grandes Mulheres ou Hiper Mulheres, em referência à uma antiga lenda na região. 

Segundo a coordenadora do Movimento das Mulheres Indígenas no Alto Xingu, Watatakalu Yawalapiti, a relação entre as histórias não faz sentido e ainda desrespeitam toda a ancestralidade dos povos.

"É uma história das etnias do Alto Xingu. São líderes mulheres que se rebelaram e tinham poderes através dos cantos. Elas não eram nenhuma civilização perdida, elas vieram antes de nós. Elas foram recrutando etnia por etnia, apenas mulheres e meninas. Então, elas encontraram um lugar grande diante de um lago enorme que não era possível ver o outro lado. É uma história longa, mas elas nunca se perderam. Pelo contrário, elas escolheram aquele local e ficaram lá e ninguém chegava perto, porque dizia que havia uma proteção grande", disse.

Na história mitológica, as mulheres indígenas transitavam entre as aldeias por meio de túneis, por onde também dançavam e atraíam outras mulheres, segundo Watatakalu.

"Aliás, elas conseguiam abrir túneis e andavam e dançavam por debaixo da terra, assim elas atraíam e recrutavam outras mulheres através do canto. As principais líderes tinham passado por situações bem delicadas com os maridos, e por isso se rebelaram", contou.

Watatakalu pretende produzir um filme para contar o ponto de vista feminino sobre essa história da região. A produção visa eternizar a mitologia local, passada de geração em geração.

Carolina Mota, estagiária da redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política.

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