Sem solução para a coleta do lixo, moradores realizam protestos em Belém
Eles dizem que a prefeitura está falhando no recolhimento dos resíduos sólidos, principalmente na coleta de entulhos
Usando pedaços de madeira e pneus, nos quais atearam fogo, moradores fecharam a rua Coronel Luís Bentes com o canal do Galo, no Telégrafo, em Belém, nesta terça-feira (2). Eles protestaram por causa da grande quantidade de entulhos acumulada nesse local.
Com o bloqueio da via, nenhum veículo passava pelo local até por volta de 13 horas. Aquela é uma área de descarte irregular de entulhos. Mas, nesta terça-feira, chamava a atenção o volume de materiais depositados na via pública. Uma viatura da Polícia Militar compareceu ao local.
Os militares e os moradores aguardavam a chegada de algum representante da Secretaria Municipal de Saneamento, da Prefeitura de Belém, para que fossem tomadas as devidas providências. Nos últimos dias, outros protestos foram registrados na capital também por causa do acúmulo de entulhos na cidade.
Na segunda-feira, 1º de janeiro de 2024, moradores dos bairros da Pedreira e Telégrafo continuavam bloqueando a passagem de algumas ruas com lixo e entulho na tentativa de chamar atenção da Prefeitura de Belém para a falta de coleta dos resíduos na capital. Em trechos como na passagem França Chaves com o Canal do Galo, na Pedreira, e na rua Júlio César, entre Djalma Dutra e Chaco, no Telégrafo, moradores contaram que a coleta não é feita há semanas.
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No último sábado, dia 30 de dezembro, a equipe de reportagem de O Liberal mostrou a situação na Rua Nova, no perímetro entre Barão do Triunfo e Mauriti, onde moradores amontoaram vários sacos de lixo e entulho para cobrar alguma atitude do poder municipal. Moradores de outras ruas também fizeram o mesmo. Como a prefeitura não conseguiu, até agora, resolver a questão da coleta dos resíduos sólidos de forma eficaz, moradores estão realizando protestos para chamar a atenção das autoridades municipais.
Sobre o protesto desta terça-feira, na rua Coronel Luís Bentes, às margens do Canal do Galo, o morador Rubens Santos, economista de 75 anos, disse que a prefeitura não está fazendo o recolhimento regular do lixo. “Eles pararam com o carro e tiraram só o ‘lixinho’. Eu fui lá e perguntei a razão de eles não tirarem o lixo todo. Eles disseram que o prefeito não está pagando a empresa. Disseram que não estamos recebendo salário e que passaram o Natal sem dinheiro”, contou.
“Esse acúmulo de lixo atrai ratos, moscas, que entram na boca da gente”, afirmou Rubens. “Por isso fizemos esse protesto aqui. Vamos ver o que o prefeito vai fazer”, disse. Segundo ele, a sujeira vem sendo acumulada há mais de 10 dias. E, para complicar ainda mais a situação, chovia na hora do protesto, o que acaba levando os resíduos para dentro do canal.
Avenida Marquês de Herval, na Pedreira, também registra pontos de entulho
Também na manhã desta terça-feira (2), a reportagem flagrou pontos de entulho na avenida Marquês de Herval, na Pedreira. Os moradores dizem que a prefeitura está falhando na coleta dos resíduos, mas também ponderam que a população precisa fazer a sua parte.
Raimundo Nonato Pereira da Silva, auxiliar operacional de 49 anos, disse que o governo municipal está “falhando muito” no recolhimento do lixo da cidade. “Precisa melhorar a coleta, e muito. Pra onde tu olha em Belém tem lixo”, contou. Ele também disse que os moradores precisam colocar o lixo no dia certo, para evitar que esses resíduos se acumulem nas ruas.
Ainda segundo Nonato, o lixo domiciliar acaba sendo misturado com entulho (sofás velhos, carcaças de geladeira, telhas, entre outros materiais). “O lixeiro passa, vê essa porcaria e não vai recolher”, afirmou. Uma grande quantidade de entulhos estava concentrada na Marquês de Herval com a passagem Vera Cruz, dificultando a circulação dos pedestres.
Nesse endereço, o também morador Cláudio Santos, 57 anos, que passava pelo local, disse que a prefeitura precisa mudar o sistema de coleta de lixo, pois o modelo em vigor não está funcionando. Ele afirmou que deveriam existir empresas de reciclagem em diversos pontos da cidade. Isso ia gerar renda, contribuir para a limpeza da cidade e reduzir a quantidade de resíduos sólidos depositada no aterro, afirmou.
Cláudio também responsabilizou a população, que não espera o dia certo para a coleta do lixo. “A prefeitura também não pode passar todos os dias para coletar”, ressalvou. Ele afirmou que, mesmo que houvesse uma fiscalização mais rigorosa, não resolveria o problema. “O povo está mal acostumado”, afirmou.
A autônoma Narjara Alves, 32 anos, disse que a prefeitura, muitas vezes, só recolhe o lixo doméstico, deixando, no local, os entulhos, que vão se acumulando pelas ruas. “Deveria ter mais fiscalização e também passar o caminhão do entulho”, afirmou. Narjara afirmou ainda que a população tem uma parcela de culpa, porque joga o lixo e o entulho em locais indevidos. “Joga cama, armário, geladeira, um monte de coisa”, afirmou. “A população deveria se conscientizar mais e não jogar lixo na rua”, completou.
José Roberto da Silva Gonçalves, 22 anos, disse que a população tem sua parcela de responsabilidade porque “concentra” muito lixo na rua. “Mas a prefeitura, vendo isso, tinha que ter uma iniciativa. Mas está falhando nessa falta de iniciativa”, contou. Ele afirmou que a coleta deveria ser mais frequente.
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