Moradores seguem fechando ruas com lixo como forma de 'protesto' na Pedreira e Telégrafo em Belém

Passagens tiveram o tráfego total e parcialmente bloqueado por montantes de lixo para cobrar o serviço de coleta da Prefeitura

Camila Guimarães

Nesta segunda-feira, 1º de janeiro de 2024, moradores dos bairros da Pedreira e Telégrafo seguem bloqueando a passagem de algumas ruas com lixo e entulho na tentativa de chamar atenção da Prefeitura de Belém para a falta de coleta dos resíduos na capital. Em trechos como na passagem França Chaves com o Canal do Galo, na Pedreira, e na rua Júlio César, entre Djalma Dutra e Chaco, no Telégrafo, moradores relatam que a coleta não é feita há semanas.

No último sábado, dia 30 de dezembro, a equipe de reportagem de O Liberal esteve mostrando a situação na Rua Nova, no perímetro entre Barão do Triunfo e Mauriti, onde moradores amontoaram vários sacos de lixo e entulho para cobrar alguma atitude do poder municipal. Outras ruas também fizeram o mesmo.

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Segundo as pessoas que vivem naquele trecho, quando o dia clareou, a via já estava sem passagem devido à quantidade de material descartado no local

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Os resíduos foram registrados em diversos bairros, entre eles: Mangueirão, Telégrafo, Marco, entre outros pontos da capital

image Rua está quase sem passagem para veículos. (Marx Vasconcelos / Especial para O Liberal)

Sem coleta

O técnico em Telecomunicação, Márcio Gomes, morador da passagem França Chaves, na Pedreira, há cerca de 47 anos, relata que o caminhão do lixo nunca passou por lá. Os moradores sempre tiveram que levar o lixo doméstico até a rua Canal do Galo para que o material seja coletado. Com o atraso no serviço, o lixo foi se acumulando ao ponto de quase fechar completamente a esquina.

"Isso acontece porque o carro do lixo não passa por aqui, né? Aí o pessoal não quer deixar na frente das suas casas e deixa tudo lá no caminho. O pessoal de outros bairros vê o que está acontecendo e faz a mesma coisa. Acho que tem meses que não passa a coleta aqui", se queixa.

Márcio relata que, há mais ou menos dois anos, ele e outros moradores da passagem fizeram um mutirão e limparam a área próxima à esquina, onde o lixo está amontoado atualmente. Mas o resultado do esforço coletivo durou pouco tempo, pois logo mais rejeitos começaram a ser despejados no local.

O morador, que possui carro particular, conta que tem que buscar outra rota para poder chegar em casa. "Até pra entrar aqui em casa é ruim, porque se eu passar pelo lixão, vem o mal cheiro todo no carro".

image Morador se queixa das consequências do lixo: "prejudica a saúde". (Marx Vasconcelos / Especial para O Liberal)

Outro morador da área é o autônomo Edivaldo Rodrigues, que há 55 anos atesta os problemas relacionados ao lixo no bairro. "Desde que o canal foi criado aqui é assim. Acho que vai fazer um mês que não passa o caminhão do lixo. Traz um prejuízo enorme para a saúde. Atrai rato, tudo quanto é inseto, mucura, mosca. A doença só quer um pé, né? E quando chove, enche esse canal e fica horrível de lixo espalhado. Aí que fica feito mesmo", se queixa. "Espero que a prefeitura faça uma limpeza nisso. Ao menos que mandem fazer a coleta", completa.

Bloqueios para chamar atenção

Mais adiante, já no bairro do Telégrafo, na rua Júlio César, entre Djalma Dutra e travessa do Chaco, o aposentado Moisés Monteiro, de 71 anos, aponta as mesmas preocupações, pois a imundície no local tem atraído muitas moscas, mosquitos e outros insetos. Por lá, a rua também foi fechada com lixo pelos próprios moradores. Apesar dos prejuízos, Moisés pondera sobre a motivação:

"Eles jogam o lixo todo aqui na frente porque só assim que eles [a Prefeitura] vêm limpar. Só limpam quando fazem isso ou a imprensa vem aqui. A prefeitura é a culpada, porque se viesse limpar, ao menos de dois em dois dias, não ficaria assim. Eles [trabalhadores da coleta de lixo] dizem que quando eles não recebem eles não passam. Já faz semanas que eles não passam e fica aí amontoando", relata Moisés.

image A Rua Júlio César, entre Djalma Dutra e Chaco, ficou com a passagem totalmente bloqueada por lixo e entulho. (Marx Vasconcelos / O Liberal)

Para Moisés, a situação é triste, um motivo de vergonha: "É uma tristeza. Veio uma filha minha do Maranhão nesse final de ano e falou 'égua papai, tá assim aqui?'. Ela até bateu uma foto. E o pior é que não é só aqui. Na Vileta tem, na Humaitá está assim também".

Entulho na Duque

Na avenida Duque de Caixas, a situação do lixo também aborrece moradores e comerciantes. Evany Cavalcante, dono de um bar que funciona há cerca de 24 anos no local, reclama sobre a inconstância da coleta de entulho.

"O caminhão do lixo até passa, mas o do entulho nunca mais passou. Passava terça e quinta e não passou mais. Esse entulho está aí há uns 45 dias. A gente cobra, mas não tem jeito. Esse prefeito abandonou a cidade", lamenta.

image Comerciante se queixa de falta de coleta de entulho na avenida Duque de Caxias, em Belém. (Marx Vasconcelos / Especial para O Liberal)

Evany conta que a situação já tem prejudicado seu negócio: "Prejudica o meu comércio, porque é muita mosca, mosca aqui direto. Fica muito ruim de trabalhar", reclama.

A Prefeitura de Belém foi acionada para responder às denúncias da população, mas, até o momento, não houve retorno.

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