Roncar pode aumentar risco de acidente vascular cerebral? entenda
Pessoas que roncam podem ter uma doença chamada apneia do sono, que é a pausa momentânea da respiração durante o sono, diz especialista
O ato de roncar está ligado ao aumento do risco de acidente vascular cerebral (AVC). É o que aponta um estudo recente publicado no The Lancet Regional Health. Durante uma década, 19,6 mil participantes acompanhados desenvolveram AVC. Todos eles roncavam.
O estudo destaca a importância de não ignorar os sinais, diz o coordenador do departamento de Medicina do Sono da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, Alexandre Ordones. O especialista alerta para os males do ronco, associado à apneia obstrutiva do sono.
"Essa parada respiratória durante o sono leva a uma diminuição da oxigenação no nosso corpo com queda de saturação. Isso pode levar a ocorrência da aterosclerose, o entupimento das artérias do nosso corpo, e isso favorece a ocorrência do AVC", explica.
Em Belém, Erika Badarane, otorrinolaringologista com atuação em medicina do sono, disse que a relação entre o AVC e o ronco existe porque pessoas que roncam podem ter uma doença chamada apneia do sono, que é a pausa momentânea da respiração durante o sono. “Essa baixa saturação de oxigênio no nosso organismo, quando ocorre de forma repetida, provoca danos aos vasos sanguíneos, que predispõem a doenças como o AVC. Pessoas com apneia do sono também tendem a ter um aumento da pressão arterial principalmente durante o sono, o que também é fator de risco para a ocorrência do AVC e de outras doenças cardiovasculares”, explicou.
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Uma das principais causas para o ronco são o sobrepeso e a obesidade, diz especialista
Ainda segundo a especialista, o ronco é um ruído durante o sono que ocorre quando o ar tem dificuldade para passar e provoca a vibração das estruturas pois existe um estreitamento das vias aéreas. Então qualquer fator que comprometa o fluxo de ar nas vias aéreas superiores pode provocar ronco. “Uma das principais causas para o ronco são o sobrepeso e a obesidade, pois provocam uma deposição de gordura no pescoço, o que reduz o calibre da faringe (garganta)”, disse.
Doenças que provoquem obstrução no nariz, como desvio de septo, rinites e pólipos nasais, também poderão contribuir para a ocorrência do ronco. Pessoas com alterações anatômicas craniofaciais, como mandíbula retraída (queixo curto), amígdalas e língua grandes, também estão mais propensas ao ronco, afirmou Erika Badarane. “A prevenção se dá pela perda de peso e tratamento das alterações anatômicas que possam provocar estreitamento das vias aéreas. Dependendo da causa, o tratamento pode ser realizado com medicamentos ou através de cirurgias”, explicou.
Ela observou que, além da má qualidade do sono para o paciente e para o parceiro(a), o ronco que vem acompanhado de apneia do sono pode provocar hipertensão arterial, arritmias cardíacas, diabetes, glaucoma, obesidade, alteração de memória, AVC, doenças cardiovasculares, depressão, dentre outras doenças.
"Minha esposa diz que eu ronco que falto infartar”, diz chaveiro
O chaveiro Antônio Edinilson dos Reis, 51 anos, disse que ronca “bastante”, principalmente quando toma cerveja. “Minha esposa diz que eu ronco que falto infartar”, contou. Ele afirmou que nunca investigou a origem do ronco, até porque isso não afeta sua rotina diária. “A pessoa que ronca não escuta. Quem está perto é que fala que a gente ronca”, afirmou. Antônio disse que nunca procurou saber sobre a origem do ronco dele. “A gente vai deixando para depois essas coisas”, afirmou ele, que é conhecido como “Antônio Chaveiro”.
O vigilante Rogério Lima, 43 anos, disse que ronca quando está muito cansado. E, também, quando consome bebida alcoólica. “Quando vou em alguma festa, algum evento social, e bebo é selado eu roncar bastante mesmo”, disse. Rogério contou que roncar interfere no sono dele. “Às vezes, eu me assusto com o meu ronco. Muito alto o barulho. Aí eu me espanto. Aí, pra voltar a pegar no sono, demora aquele período”, contou.
O vigilante disse que nunca pensou em procurar um profissional porque acha que é algo “normal”. “Acho que deve acontecer isso com todo mundo”, contou. Mas Rogério afirmou que isso não atrapalha o seu rendimento no trabalho.
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