Quais doenças transmitidas pelo pombo? Animal representa doenças graves com bactérias e fungos

Proliferação descontrolada de pássaros incomoda famílias e atrapalha comerciantes

O Liberal

Os pombos estão por toda a parte em Belém. É comum vê-los nas calçadas, nas feiras livres, em varandas e tetos e nas praças da cidade, quase sempre disputando restos de comida ou até mesmo sendo diretamente alimentados.

Os animais, porém, representam riscos de proliferação de doenças graves nos centros urbanos, como a criptococose, salmonelose e até meningite.

O vendedor Anderson Bragança costuma sempre vê-los aglomerados na esquina da rua dos Pariquis com a Padre Eutíquio, especialmente por conta de um prédio abandonado onde os pombos se reúnem.

"É uma situação complicada. Há um prédio aqui ao lado onde temos bastante problemas com pombos. Quando chove, temos o odor das fezes dos pombos, que ficam espalhadas pelo chão por conta dos ventos. Isso, creio eu, é prejudicial à saúde de quem passa todos os dias pela rua. E, sinceramente, não sei como seria para tirar eles daí. As pessoas passam e às vezes jogam pão ou outras coisas. É muito pombo. E não adianta enxotar eles porque eles são animais livres e também porque umas horas depois eles voltam. Seria importante o poder público olhar isso", afirma ele.

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Transmissão da Criptococose ocorre por meio da inalação das fezes da ave no ambiente. Infecção, em alguns casos, pode levar paciente à morte.

Na feira da 25, a comerciante Patrícia Ferreira lamenta quando os pombos atrapalham as vendas.

image Pombos em Belém (Ivan Duarte / O Liberal)

"É algo que Belém sempre teve. Traz transtorno e incomoda. Muitos clientes chegam e dão a volta quando percebem que tem muitos pombos acumulados, simplesmente vão embora. Isso ocorre principalmente com famílias que tem crianças. Gera uma preocupação e prejudica o nosso comércio. O poder público poderia unir forças e autoridades para combater esse problema. Se a gente fizesse a prevenção, teria menos gastos e evitaria muita dor de cabeça. Preferem esperar que aconteça algo pior para tomarem iniciativa. Mas nunca olham por esse lado", argumenta.

Riscos para a saúde

Prevenir problemas relacionados a pombos requer um bom planejamento em relação ao saneamento, além de ruas e calçadas limpas.

A veterinária Érika Mendonça lembra que existem mais de 20 espécies catalogadas do animal, mas a mais comum nos centros urbanos é o Columbia livia, vetor de várias doenças bacterianas e fúngicas.

"Para o controle da população existem géis repelentes, enquanto que nas residências é importante tapar buracos onde os animais possam fazer ninhos, com telas de proteção. É importante ter bastante cuidado pois os pombos defecam e isso requer lavar sempre as calçadas com água, e não apenas varrer, pois a poeira pode levantar e alguém pode inalar a poeira proveniente dos excrementos do animal. E caso ocorra um contato com pombo, é importante lavar a área com água e sabão e evitar qualquer tipo de produto. Se surgir algum problema na pele, tem que ir ao médico o mais rápido possível", aconselha.

O médico infectologista Alessandre Guimarães lembra que trabalhadores envolvidos com serviços de limpeza e de reparos em serviços de refrigeração possuem mais chances de contrair a criptococose, uma micose sistêmica que pode ser carregada pelos pombos e que pode se manifestar tantos nas formas pulmonar e cutânea quanto no próprio sistema nervoso. Pessoas que vivem com o vírus HIV e estão imunodeprimidas também são mais suscetíveis às doenças causadas por pombos.

"O ressecamento das fezes gera um pó que pode ser aspirado. Isso é mais comum em locais fechados do que locais abertos, como em porões, forros, casas antigas e caixas de ar condicionado. A recomendação para esses profissionais é jogar hipoclorito e deixar 20 minutos em toda a superfície, além de usar a máscara N95. Jamais deve-se varrer, pois o pó levanta. Os sintomas variam: no quadro pulmonar há tosse e dor no peito. Já a criptococose cerebral deixa o paciente com sintomas de meningite pelo fungo, como febre, dor de cabeça, náuseas, vômitos e até perda da acuidade visual. Já na forma cutânea a doença provoca lesões na pele", alerta.

Nota da Sesma

A Secretaria Municipal de Saúde informou que as ações realizadas pelo poder público quanto ao controle de pombos no  município de Belém compreendem visitas técnicas e repasse de orientações sobre cuidados e manejo com estes animais, bem como distribuição de material informativo.

 "As denúncias podem ser encaminhadas para o Centro de Controle de Zoonoses, o qual encaminha um técnico para orientações e produção do relatório técnico com base na visita técnica em questão.", detalhou a Sesma.

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