Doença transmitida por pombos oferece risco ao ser humano
Transmissão da Criptococose ocorre por meio da inalação das fezes da ave no ambiente. Infecção, em alguns casos, pode levar paciente à morte.
O hábito de alimentar, dar água e abrigos a pombos nos centros urbanos, como ocorre em diversos pontos de Belém, pode parecer simples para algumas pessoas. Mas a ação gera preocupação e precisa de conscientização pela população para evitar as práticas, conforme alertam especialistas. A principal razão para isso é porque as fezes desses animais podem conter fungos Cryptococcus, que provocam a criptococose. Nos seres humanos esta doença é contraída pela inalação de fezes contaminadas pelo fungo.
A criptococose é de difícil diagnóstico e apresenta possíveis complicações, como a meningoencefalite, e pode levar a pessoa à morte. A infectologista Lorena Martins explica que a criptococose é uma doença transmitida pelas fezes do pombo e pode ser sistêmica ou não.
“Normalmente os quadros podem ser não somente de meningoencefalite, que é o acometimento do Sistema Nervoso Central (SNC), mas serem outras formas de criptococose, como pulmonar, no osso, ocular. Mas a mais comum é a de meningoencefalite, que pode levar à morte, uma vez que acomete o SNC”, diz.
Ainda segundo ela, os sintomas são individualizados, pois dependem da imunidade dos pacientes. Porém, levando em consideração que a criptococose sistêmica é a forma mais comum de adoecimento das pessoas, os principais sintomas são febre, dores na cabeça, no corpo e na nuca, enjoos, vômitos e alteração visual.
“Esses sintomas dependem muito da imunidade do paciente. Nem sempre o paciente manifesta todos os sintomas. Pode ser que ele tenha somente um quadro de febre arrestado ou um quadro de criptococose. Se o paciente for portador de alguma doença crônica, tem mais riscos de desenvolver as formas mais graves. Caso seja um paciente que não trata nenhuma doença, é mais fácil evoluir de forma favorável quando tratado. Para chegar ao diagnóstico, temos que avaliar inclusive a epidemiologia, se teve contato com as fezes, se se expôs às fezes. Contudo, esses são os quadros mais comuns”, esclarece a infectologista.
Lorena Martins frisa ainda que a transmissão da doença ocorre por meio da inalação das fezes e não de pessoa parapessoa. “Uma pessoa não passa a doença para a outra. A transmissão ocorre por meio da inalação das fezes do pombo que estejam contaminadas pelo fungo. Não há uma prevenção específica da doença. As chances da transmissão aumentam para quem tem contato prolongado e permanente com esses animais, como em lugares que há infestação de pombos”, enfatiza. A infectologista acrescenta que não somente as fezes de pombos, mas também outras matérias orgânicas em decomposição, como folhas, frutos e madeiras, podem conter a presença do fungo Cryptococcus. Assim, caso a pessoa inale o cheiro, pode também correr o risco de se infectar.
PREVENÇÃO
Para Lorena Martins, a principal forma para ajudar a mudar esse quadro de convivência prejudicial entre pombos e seres humanos é por meio da conscientização das pessoas em não alimentar, dar água nem abrigos para os pombos. “A comunidade precisa se conscientizar disso. Quem precisa ter contato com esses animais, todas as vezes que forem manipular uma área fechada ou abrigo de pombos ou outras aves que podem transmitir doenças tem que usar máscara”, alerta a infectologista.
Caso a doença seja logo verificada, a médica afirma que ela tem tratamento 100% eficaz feito por antifúngicos e está disponível pelo Sistema Único de Saúde. No Pará, o Hospital João de Barros Barreto, onde a infectologista atua, é referência no tratamento. O Barros pertence ao Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará /Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informa que o controle de pombos é feito pelo Centro de Controle de Zoonoses, que realiza vistorias técnicas mediante solicitação de órgãos públicos e da população com objetivo de orientar e prevenir as zoonoses transmitidas por esses animais, e se necessário, a indicação de repelentes que impedem a permanência destas aves nos locais. Para solicitar visita do Zoonoses, é necessário entrar em contato pelo telefone (91) 3227-0355 ou ir até o centro localizado na avenida Augusto Montenegro, km 11, ao lado da UPA de Icoaraci, das 8h às 16h.
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