PCT Guamá abriga casa sustentável em Belém; saiba como montar uma
Materiais não só reduzem o impacto ambiental, mas também tornam a construção mais acessível e eficiente, adaptada ao contexto amazônico
A crescente preocupação com o meio ambiente e o aumento da busca por soluções ecológicas têm levado a construção civil a adotar novos padrões, com ênfase na sustentabilidade. No Pará, um exemplo pioneiro dessa tendência está localizado no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em Belém: a Casa Sustentável. Construída com materiais reciclados e tecnologias inovadoras, ela é um modelo de como é possível reduzir o impacto ambiental e, ao mesmo tempo, oferecer qualidade de vida e conforto. A startup Composta Belém, que atua na área de compostagem e educação ambiental, ocupa o espaço como sede desde setembro de 2021, tornando-se a primeira “moradora” da casa.
O projeto da Casa Sustentável, idealizado pela startup Seixo de Plástico, foi uma das iniciativas desenvolvidas no PCT Guamá, com apoio do Governo do Estado do Pará, através da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), e execução técnica da Fundação Guamá. O espaço tem 40 metros quadrados e é um exemplo de como a construção pode ser não apenas ecológica, mas também eficiente e acessível.
Segundo Samantha Chaar, CEO da Composta Belém, a ideia de ocupar esse espaço surgiu pela vontade de unir inovação e sustentabilidade. "A Casa Sustentável já fazia parte quando a gente chegou aqui no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá. Com essa inovação, uniu a vontade com a força de realmente fazer acontecer", explica Samantha.
Materiais utilizados
A construção da casa utilizou materiais alternativos e sustentáveis. Os tijolos e pisos foram feitos a partir do reaproveitamento de materiais como plástico, vidro e rejeitos da mineração. Um dos maiores desafios da construção foi transformar esses materiais em peças funcionais, como blocos e tubos, para a construção das paredes e do piso. A startup Seixo de Plástico, responsável pelo processo, usou uma metodologia própria para transformar o plástico em seixo, material que pode ser utilizado para a fabricação de peças como blocos de concreto. Dessa forma, a estrutura foi idealizada para ser um protótipo que pode ser replicado em diversas regiões, principalmente em áreas com recursos limitados, para exemplificar como a sustentabilidade pode ser integrada à arquitetura de maneira inovadora.
Outro diferencial da casa é o uso do miriti no forro, um material de fácil acesso na região e de baixo custo, que resultou em uma parceria com artesãos do município de Abaetetuba. Os quatro mil tijolos que formam a estrutura da casa demoraram cerca de um mês para serem produzidos. Além da inovação tecnológica, a solução proposta oferece vantagens como o conforto térmico. A casa construída com esses materiais apresenta melhor desempenho térmico do que construções tradicionais, ajudando a reduzir o consumo de energia.
Principais materiais usados na construção da casa e suas vantagens
- Tijolos sustentáveis: produzidos a partir de plásticos reciclados e vidro, esses tijolos oferecem conforto térmico superior aos tradicionais. O custo de produção foi 30% menor, tornando o projeto mais acessível.
- Miriti: material utilizado no forro, proveniente de artesãos do município de Abaetetuba, é uma opção ecológica, leve e de fácil acesso na região.
- Rejeitos da mineração: a lama vermelha, um rejeito da mineração, foi transformada em agregado graúdo. Isso não só reutiliza um resíduo poluente, mas também ajuda a combater a problemática das barragens de rejeitos, contribuindo para a preservação do meio ambiente.
- Plástico transformado em seixo: o plástico, material difícil de reciclar, foi transformado em seixo para a fabricação de blocos e outras peças para construção.
Além desses materiais, a casa também é equipada com tecnologias voltadas para a redução do impacto ambiental, como um sistema de compostagem e captação de água da chuva. A compostagem de resíduos orgânicos, transformando-os em adubo e biofertilizante, é uma solução importante para reduzir a quantidade de resíduos enviados aos aterros sanitários e, ao mesmo tempo, gerar um produto que pode ser usado para revitalizar o solo. Além disso, dependendo da inovação, a compostagem pode gerar gás e energia, ampliando seu impacto positivo no meio ambiente.
Segundo Samantha Chaar, "a compostagem é uma iniciativa muito nova e que se destaca bastante na cidade. E, apesar de estarmos em um ano muito especial com a COP 30, nada melhor do que ampliar esse conhecimento para as pessoas". A expectativa é que, com a COP 30, a compostagem ganhe ainda mais visibilidade e incentive as pessoas a destinarem corretamente seus resíduos orgânicos.
Como visitar a Casa Sustentável?
Para quem deseja conhecer a Casa Sustentável e aprender mais sobre o processo de construção ecológica, a Composta Belém está aberta a visitas de segunda a sexta-feira no PCT Guamá, localizado na avenida Perimetral, em Belém, entre as universidades Federal do Pará (UFPA) e Federal Rural da Amazônia. As visitas podem ser agendadas diretamente com a Fundação Guamá ou com a própria startup. Samantha destaca que "qualquer pessoa, desde grandes empresas até estudantes, pode vir conhecer e se envolver com a cultura sustentável que promovemos".
O PCT Guamá, onde a Casa Sustentável está localizada, é um parque tecnológico que busca fomentar a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador na região. Iniciado pelo Governo do Estado do Pará e com parcerias com universidades como a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), o parque se destaca por incentivar práticas sustentáveis e tecnologias que visam melhorar a qualidade de vida da população.
A área ocupa 72 hectares às margens do rio Guamá, um local com rica biodiversidade, ideal para o desenvolvimento de tecnologias voltadas para a preservação ambiental. O parque abriga mais de 30 empresas residentes e oferece suporte a mais de 40 associados, além de contar com 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento.
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