‘Papa Bicolor’: comerciante encontra nova beleza na vida após superar incêndio da própria casa

Figura frequente em jogos do Paysandu por ir vestido de Papa com as cores do Papão, José teve suporte da fé católica, de vizinhos e torcedores de times rivais, como Remo, para conseguir se reerguer das cinzas

Saul Anjos
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Mesmo em situações difíceis, é possível enxergar a beleza da vida, principalmente quando se tem uma segunda chance. É o caso do comerciante José Antônio da Silva, de 67 anos. Para quem gosta de futebol, sobretudo o Paysandu, o conhece de outra forma: Papa Bicolor. Em 2023, ele perdeu a própria casa em um incêndio que ocorreu na travessa Angustura, bairro da Sacramenta, em Belém. Figura frequente em jogos do Paysandu por ir vestido de Papa com as cores do Papão, José teve suporte da fé católica, de vizinhos e torcedores de times rivais, como Remo. Com tudo isso, ele conseguiu dar a volta por cima e se reergueu das cinzas. 

Atualmente, ele mora bem perto do antigo imóvel. Ele ainda se emociona ao relembrar do sinistro. “Eu trabalho no Ver-o-Peso vendendo isopor, luvas e baldes. No dia do incêndio, eu estava trabalhando. Eu vi um carro do Corpo de Bombeiros passando por lá e pensei sozinho: ‘tomara que não seja na minha casa’”, disse.

Logo depois o vendedor soube do ocorrido por, pegou a bicicleta, que estava atolada de isopor, e foi até a residência. “Quando cheguei no canto da Angustura com a Senador Lemos vi as viaturas dos bombeiros. Fui até a minha casa e um policial me reconheceu como o ‘Papa do Paysandu’, e ele me deixou passar. Era muito fogo e fumaça. Me desesperei”, recordou.

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Na ocasião, 16 casas, incluindo a de José, foram atingidas pelo fogo, sendo seis delas destruídas totalmente e o restante atingido de forma parcial. “Na frente da minha casa tinha uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. O fogo passou por debaixo da minha casa e quando chegou na imagem, entrou. Como se ela (Nossa Senhora Aparecida) tivesse dito: ‘aqui não’”, afirmou.

Para ajudá-lo e também as outras famílias afetadas, o Paysandu realizou uma vaquinha para arrecadar dinheiro e insumos. “Um ex-jogador do Paysandu, chamado Juninho, me ajudou muito. Ele me deu sapato, roupa. Devo muito a ele e também ao Paysandu, que me doou R$ 60 mil. Dividi esse dinheiro entre as famílias que foram afetadas no incêndio”, comentou.

Além disso, no dia 30 de setembro de 2023, o Paysandu realizou um treino aberto com posto de arrecadação de alimentos para as vítimas do incêndio. Nas redes sociais, torcedores do Remo e do Figueirense-SC se mobilizaram na ajuda às famílias.

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José Antônio conseguiu reestruturar parte da vida, mesmo que ainda não tenha voltado à antiga casa. Com os auxílios recebidos, comprou novos móveis e alugou um novo local para viver.

História com o Papa

Nascido em Cametá, no nordeste do estado, desde cedo José Antônio teve contato com a vida religiosa, inclusive chegou a frequentar o seminário em na juventude. No entanto, um momento marcante em sua trajetória de fé aconteceu em 1980, quando presenciou a visita do Papa João Paulo II a Belém.

A ideia de se vestir de Papa nos estádios surgiu em um período de profunda tristeza. Após perder um filho, José Antônio enfrentou um quadro grave de depressão. Segundo ele, o clube e a fé católica foram fundamentais em seu processo de recuperação.

Amor pelo Círio

Alguns após o incêndio, José esteve em uma das procissões do Círio em 2023. Devoto da Virgem de Nazaré, ele agradeceu a padroeira dos paraenses pela mobilização das torcidas que o ajudou e conseguir um novo lar e uma nova fantasia, já que a antiga tinha sido queimada no incêndio.

Dois anos depois, a devoção não diminuiu. Pelo contrário, só aumentou. “Amo a Nossa Senhora de Nazaré, a rainha do Pará, da Amazônia, do mundo. Só vou faltar ao Círio quando ela me levar junto ao Papai do Céu”, disse. “O Círio é a celebração do mundo. Toda vez participo e neste ano não será diferente”, completou.

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