Frequentadores se queixam da precariedade do Museu Parque Seringal de Ananindeua

Os equipamentos da academia ao ar livre estão quebrados, os chalés deteriorados e faltam funcionários, o que compromete a manutenção desse espaço público

Dilson Pimentel
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Equipamentos da academia ao ar livre quebrados, chalés deteriorados e falta de funcionários, o que compromete a manutenção de um importante espaço público. Essa é a realidade do Museu Parque Seringal de Ananindeua. Trata-se de uma Unidade de Conservação do tipo área de relevante interesse ecológico (ARIE), que ocupa uma área de 12 mil metros quadrados localizada no conjunto Cidade Nova 8, no bairro do Coqueiro, em Ananindeua.

O espaço, que tomou o lugar de um terreno antes usado como local de descarte de lixo e que era motivo de preocupação para quem morava nos arredores por atrair roedores, urubus, servir para desova de animais mortos e, nos horários de menor movimento, registrar muitos assaltos, hoje é uma das poucas áreas verdes e abertas à população, seja para proporcionar um contato mais próximo com a natureza como para a prática de lazer, caminhadas, visitas escolares, atividades coletivas, festas temáticas e produção de imagens.

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No entanto, o local vem sofrendo com o abandono de quem é responsável por geri-lo. O parque é aberto ao público, mas não tem nenhuma segurança. Inicialmente, o espaço contava com uma guarnição da Guarda Municipal, que ocupava um dos quiosques e garantia a segurança dos frequentadores e também dos funcionários do parque. Mas, com o passar do tempo, eles deixaram de ficar baseados no espaço e passaram a fazer apenas rondas. Hoje em dia, o órgão só destaca guarnições quando há solicitação da direção do parque por conta de eventos que concentram maior número de pessoas na área interna do Seringal.

Pela manhã, o local é bastante frequentado por idosos, que usam os aparelhos já deteriorados da academia ao ar livre. O motorista Ubirandi Nascimento, 77 anos, lamentou a situação precária em que se encontram os equipamentos. Entre eles, citou o esqui, a remada sentada e os giros diagonal e vertical, destacando a situação de cada um. “Quase todos estão com problemas no rolamento. Já pedi providências”, disse ele, que frequenta o local há quase dois anos. Mas, até agora, nada foi resolvido. “Pode causar um acidente”, contou, dizendo que, antes de se exercitar, verifica o estado de conservação dos equipamentos. “Meu apelo é para que arrumem os equipamentos. Isso aí está assim há mais de ano”, afirmou. Seu Ubirandi também se queixou da falta de segurança no local. 

image O motorista Ubirandi Nascimento, 77 anos, lamentou a situação em que se encontra a academia ao ar livre: “Quase todos estão com problemas" (Foto: Ivan Duarte/O Liberal)

Aposentado Cristovão Nunes disse que população está envelhecendo e merece ter qualidade de vida

O aposentado Cristovão Nunes, 62 anos, também usa a academia ao ar livre. Ele disse que a população está envelhecendo. “E nada melhor do que cada bairro ter uma praça. Mas não somente uma praça para 'acumular' meliantes, mas para dar qualidade de vida para a nossa população idosa. Nós também votamos”, disse.

Ele afirmou que muitas pessoas não podem pagar por uma academia particular e que uma academia ao ar livre é uma boa opção para esse público. “É necessário, nessa academia ao livre, ter um educador físico para orientar os idosos que chegam pela primeira vez para fazer um exercício. A gente vê que está tudo largado”, afirmou. Sobre a precariedade dos equipamentos, Cristovão alerta: “Se não formos com muita prudência, muita tranquilidade, poderemos sofrer um acidente. Nessa questão, que é de saúde pública, a gente vê realmente um abandono”.

No parque funciona o Memorial do Seringal, que está fechado com um cadeado. Vidraças quebradas, objetos empoeirados e amontoados se perdendo no esquecimento, colocam o museu na trajetória oposta à que ele se destina - que é manter viva uma parte importante da história da Amazônia. Dentro desse chalé há informações sobre Chico Mendes, ambientalista, sindicalista, ativista político e seringueiro. Em 1988, Chico Mendes foi assassinado por donos de terras opositores à sua luta. Assim como nos demais chalés, há janelas quebradas e sujeira no memorial. Uma tábua de acesso ao local está quebrada, o que pode causar acidentes.

A reportagem conversou com uma moradora que, pedindo para não ser identificada, falou sobre a situação do memorial. “É um local de educação, de informação, mas está fechado há algum tempo, sem nenhuma utilização. Você vê que ele guarda alguns materiais, alguns objetos que contam a história, principalmente do Ciclo da Borracha, e outros itens que são importantes, principalmente para visitação de estudantes, para pessoas que querem conhecer um pouco dessa história, e que está fechado, está no cadeado”, afirmou.

Ela observou que o memorial está deteriorado. “Você não tem um profissional da área, de museus, que possa vir aqui para fazer visitas guiadas. Então, assim, é uma coisa que ficou completamente sem utilidade. É muito triste você ver esse descaso, porque é um espaço agradável, é um espaço importante que pode ser extremamente útil e que está aí se perdendo no descaso, no abandono. E pra gente, que vê isso todo dia e sabe da importância de espaços como esse, é muito lamentável, é muito triste isso”, completou.

image Equipamentos da academia ar livre estão deteriorados e podem machucar as pessoas idosas (Foto: Ivan Duarte/O Liberal)

Falta de pessoal compromete manutenção do espaço

A gestão do Parque Seringal fica a cargo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema) de Ananindeua, que deveria prover o espaço tanto com recursos estruturais como de pessoal. Hoje, apenas três servidores vinculados ao órgão estão alocados no Parque, além de auxiliar de serviços gerais e um estagiário.

Outros dois servidores são cedidos pela Secretaria de Educação do município, incluindo uma professora de dança que ministra aulas para um grupo de alunas no espaço. O serviço de limpeza e pequenos reparos é feito por três funcionários terceirizados. Eles recebem o apoio de um quarto colaborador cedido e remunerado pelo restaurante que fica localizado dentro da área do parque. No entanto, esses 8 funcionários são insuficientes para a demanda diária do espaço, que atualmente recebe também boa parte dos frequentadores do Complexo da Cidade Nova 8, que está em obras e cuja previsão de reforma é de um ano.

A reportagem também apurou que o ideal seria que o parque contasse com um efetivo próprio de pelo menos 15 pessoas, divididas nos turnos da manhã e tarde. Há necessidade, ainda, de uma equipe multiprofissional que inclua biólogo e pedagogo, além de profissional de carpintaria, eletricista e segurança, hoje resumida a um vigia noturno que trabalha em noites alternadas, o que deixa vulnerável o espaço, visto que ali são guardados equipamentos usados no serviço de manutenção, como maquinários, ferramentas e material de expediente.

Durante a semana, o parque funciona pela manhã, das 7h às 12h, e à tarde, das 15h às 19h horas. Aos sábados, domingos e feriados, o acesso ao público vai das 7h às 19h. Após o encerramento do expediente, os portões do parque são fechados, mas isso não impede a invasão por parte de vândalos ou pessoas que, sem muito esforço, podem subtrair materiais usados pelos funcionários que são deixados no quiosque da administração, visto que, assim como os demais espalhados pela área do Seringal, ele é construído em madeira e carece tanto de reforma como de reforço estrutural.

image Aposentado Cristóvão Nunes: "A população está envelhecendo e merece ter qualidade de vida" (Foto: Ivan Duarte/O Liberal)

Por se tratar de uma Unidade de Conservação do tipo área de relevante interesse ecológico (ARIE), as construções presentes no Museu Parque Seringal de Ananindeua devem atender a alguns critérios. E um deles é que sejam estruturas feitas de madeira, incluindo o Memorial, o que torna esses anexos suscetíveis à ação do tempo e de insetos, como os cupins. Daí a necessidade de um cuidado permanente e adequado dessas estruturas, que não podem sofrer uma intervenção inapropriada.

Na área do parque ficam também um playground para crianças, um viveiro de plantas e um tablado para apresentações culturais e atividades ao ar livre, cuja estrutura também necessita de reparos.

O Parque Seringal foi inaugurado em abril de 2012, tornando-se o primeiro Museu de Ananindeua e o segundo parque ambiental da cidade. Bem arborizado, o local conta com dezenas de seringueiras, além de outras árvores comuns ao bioma amazônico.

Por nota, a Prefeitura de Ananindeua informou que, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema), já retomou a manutenção dos espaços públicos do Parque Museu Seringal, com o objetivo de garantir segurança e conforto para a população. Nesta programação, está sendo feita a recuperação do mobiliário urbano, incluindo bancos, lixeiras e outros equipamentos.

Além disso, a Sema comunica que o projeto de reforma do seringal será licitado pela Secretaria Municipal de Saneamento e Infraestrutura (Sesan). Essa iniciativa visa melhorar ainda mais a qualidade dos espaços públicos e promover um ambiente mais agradável para todos os cidadãos.

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