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Pará reduz casos de dengue em janeiro, mas segue em alerta com baixa vacinação

O Pará recebeu 78.209 doses do imunizante entre junho e dezembro de 2024, destinadas à faixa etária de 10 a 14 anos. No entanto, a cobertura vacinal até o momento está em apenas 11,2%, de acordo com a Sespa

Eva Pires | Especial para O Liberal e Camila Guimarães

O Pará registrou uma redução nos casos confirmados de dengue em janeiro de 2025, segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Foram 628 infecções, sem registro de mortes. No mesmo período de 2024, o estado contabilizou 1.092 casos confirmados, também sem óbitos. Apesar da queda, o cenário ainda exige atenção, já que ao longo de 2024 o Pará acumulou 17.578 casos e 12 mortes. Em 2023, o estado registrou 4.673 infecções e um óbito.

Na capital paraense, houve um registro de 73 casos de dengue em janeiro de 2025, sem mortes, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). No ano de 2024, foram 3.187 casos confirmados e quatro óbitos, representando um aumento de 636,36% em comparação com 2023, quando houve 433 infecções e nenhuma morte.

Vacinação contra a dengue ainda avança lentamente no Pará

A vacinação contra a dengue segue em andamento no estado, mas a cobertura ainda é baixa. O Pará recebeu 78.209 doses do imunizante entre junho e dezembro de 2024, destinadas à faixa etária de 10 a 14 anos. No entanto, a cobertura vacinal até o momento está em apenas 11,2%, de acordo com a Sespa.

Em Belém, a campanha de vacinação também enfrenta desafios. Em 2024, foram aplicadas 8.982 doses do imunizante, e em 2025, até agora, apenas 542 doses foram administradas. A meta anual estabelecida para a cidade é de 84.509 doses.

A baixa adesão à vacina preocupa autoridades de saúde, principalmente diante do alerta epidemiológico emitido recentemente pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) sobre o risco elevado de surtos do sorotipo 3 da dengue. Esse tipo do vírus não predominava no Brasil há mais de 15 anos e já foi identificado em diversos países das Américas, como a Colômbia, Costa Rica, Guatemala, México e Peru.

“A Opas pede aos países que reforcem sua vigilância, o diagnóstico precoce e a gestão clínica para que possam enfrentar um potencial aumento de casos de dengue”, destacou a entidade. O comunicado ainda cita que a Argentina chegou a registrar casos de dengue tipo 3 em 2024.

Risco da volta do sorotipo 3 da dengue

A dengue possui quatro sorotipos diferentes, e a imunidade adquirida após uma infecção protege apenas contra o tipo específico contraído. Isso significa que, ao ser infectada por outro sorotipo, a pessoa pode ter maior risco de desenvolver formas graves da doença.

A infectologista Rita Medeiros, de Belém, explica que o longo período sem circulação do sorotipo 3 aumenta as chances de disseminação rápida. “Os sorotipos do vírus da dengue circulam no mundo, e quando uma população acumula muitos suscetíveis (quem ainda não teve a doença por um determinado sorotipo), tendo infestação do Aedes aegypti, qualquer sorotipo pode voltar a circular no país. Como já faz muito tempo que o sorotipo 3 não circula, há risco de disseminação mais rápida, com a infecção de muitos brasileiros”, alerta a especialista.

O tipo 3 da dengue não apresenta diferenças significativas em relação aos outros sorotipos da doença, é o que explica a médica. Os sintomas, o tratamento e o risco de evolução para formas graves são semelhantes entre eles. Ela destaca que a vacina Qdenga oferece proteção contra os quatro sorotipos do vírus, incluindo o sorotipo 3.

Segundo a Opas, o sorotipo 3 vem sendo associado a formas graves da doença, mesmo em infecções primárias (quando o paciente não possui histórico de infecções por outros sorotipos da dengue). “O cenário levanta preocupações sobre o potencial impacto do sorotipo 3 na saúde pública”, afirmou a entidade.

“O ressurgimento do sorotipo 3, após um período de ausência prolongada em determinadas áreas das Américas, aumenta a vulnerabilidade de populações que não foram previamente expostas a ele”, concluiu a Opas.

Casos de dengue no Brasil

De acordo com dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, o Brasil registrou, ao longo das seis primeiras semanas de 2025, um total de 281.049 casos prováveis de dengue. O número representa uma queda de cerca de 60% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 698.482 casos prováveis da doença.

Entre as unidades federativas, 17 registraram redução nos casos prováveis de dengue, sendo que as maiores quedas foram identificadas no Distrito Federal, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Amapá e no Paraná. Já em dez estados, incluindo Tocantins e Pernambuco, houve aumento no comparativo com as seis primeiras semanas de 2024.

Em relação à incidência, os estados com maior número de casos prováveis por 100 mil habitantes são Acre, São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. São Paulo figura como estado com o maior número de casos prováveis do país: 164.463 mil apenas em 2025, um aumento de cerca de 60% em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com a pasta, a elevação preocupa, sobretudo em razão da presença de casos de infecção pelo sorotipo 3. “Neste momento, por exemplo, a Força Nacional do SUS [Sistema Único de Saúde] mantém equipe em São José do Rio Preto, no interior do estado”.

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