Covid-19 é risco constante para usuários de ônibus em Belém

Em meio à terceira onda da doença na capital, passageiros e funcionários das empresas de ônibus se protegem como podem para evitar a contaminação dentro dos coletivos

Fabyo Cruz
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O uso do transporte público durante a pandemia é uma das principais preocupações da população, desde quando a doença se alastrou pelo país, e a aflição não é à toa. A utilização do serviço é essencial para a maioria dos brasileiros, porém segue como um “vilão” no enfrentamento à covid-19, aponta um estudo da Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação (SBCC). Em Belém, passageiros e funcionários das empresas de ônibus se protegem como podem para evitar a contaminação dentro dos coletivos.

A pouca ventilação dentro dos ônibus foi destaque na pesquisa realizada pela SBCC, no entanto, outros fatores também podem influenciar a propagação da doença dentro do transporte coletivo. A estudante Vanessa Sousa, de 19 anos, afirma que é praticamente impossível manter o distanciamento ao longo das viagens, por conta disso, ela diz que a utilização da  máscaras e do álcool em gel se tornaram ainda mais necessários. A jovem ressalta que nem todos os usuários do transporte coletivo têm os mesmos cuidados

“Eu moro no Parque Verde e estudo em Nazaré, então saio de casa por volta das 6h30. As paradas de ônibus já estão cheias nesse horário. Todo mundo precisa pegar ônibus para chegar em seus compromissos, então o jeito é usar a máscara e o álcool em gel sempre. Nós ficamos muito próximos uns dos outros, tocamos nos assentos e nas barras de apoio o tempo todo. Acredito que ainda falta um pouco mais de conscientização de algumas pessoas”, comenta a estudante.

Há sete anos trabalhando como motorista de ônibus, Ilgo Castro, de 43 anos, mantém os cuidados com a saúde e relembra dos momentos difíceis que passou no começo da pandemia. “A nossa profissão nunca parou na pandemia, no começo eu fiquei com bastante medo de pegar covid-19 e passar para minha família. Depois acabei pegando, mas graças a Deus não aconteceu nada comigo e com eles. Os ônibus são higienizados antes de saírem da garagem, mas a gente precisa passar álcool em gel e usar a máscara durante as viagens”, disse o profissional.

Ilgo Castro afirma que mesmo com um decreto vigente que obriga o uso de máscaras dentro do transporte coletivo, alguns usuários se negam a colocar ou retiram a proteção facial ao passarem pela catraca. Alguns dos passageiros chegam ao ponto de discutiram com os motoristas, afirma o trabalhador. “A gente sempre avisa para eles (passageiros) usarem máscaras quando entrarem no ônibus, mas não são todos que obedecem. Para evitar problemas eu já até deixei de insistir”, conta o trabalhador.

Para o cobrador Andrey Lima, de 28 anos, o risco de contaminação pode ser maior devido ao contato direto que ele possui com dinheiro em espécie, entregue pelos usuários no momento de pagamento da passagem. Ele diz que poucos usuários usam o cartão Passe Fácil, de uso pessoal e de simples higienização. “Os passageiros usam mais moedas e papel para não pagarem inteira nas passagens de ônibus, então eu preciso passar constantemente o álcool em gel nas mãos, já que o dinheiro circula por todos os lugares. E a gente nunca sabe se aquela pessoa tem ou não covid-19”, afirmou.  

image Com superlotação e falta de ventilação adequada, os ônibus se tornam um risco potencial onda após onda da pandemia (Igor Mota / O Liberal)

Risco de contágio dentro dos ônibus é semelhante a ambiente hospitalar, diz infectologista

A infectologista Débora Crespo afirma que os usuários e funcionários das empresas de transporte coletivo precisam estar cientes que o ambiente dentro dos ônibus oferece tanto risco de contaminação pela covid-19, quanto um ambiente hospitalar. “Nós sabemos que a maioria das pessoas dependem desses transportes para irem ao trabalho, colégio, visitar um parente ou fazer algum outro compromisso, porém elas precisam ter a noção dos riscos que correm nestes lugares. Nós nos preocupamos quando estamos dentro do hospital, então por que não há a mesma preocupação quando estamos dos onibus?”, questiona a médica.  

“Nesses espaços as pessoas estão sujeitas a aglomerações, pouca ventilação, sobretudo, nesta época de chuvas quando as janelas precisam ficar fechadas. A verdade é que os usuários do transporte coletivo estão expostos de várias formas, seja quando sentam-se nas poltronas dos ônibus ou quando seguram-se nas barras de apoio, é quase impossível não se expor. Por conta disso é recomendado que mantenham os cuidados básicos ao utilizar o transporte público”, completou. Em meio à terceira onda da covid-19 em Belém, a maioria dos passageiros que encontravam-se nos ônibus, durante a reportagem, respeitaram e utilizaram máscaras corretamente.

image Os motoristas de ônibus, como Marco Maia, foram tão hostilizados por cobrar uso das máscaras que até passaram a ignorar e se colocarem em risco de contágio para não serem agredidos (Igor Mota / O Liberal)

Cuidados básicos ao utilizar o transporte coletivo em Belém

- Use a máscara de forma adequada

- Higienize as mãos com frequência

- Utilize o cartão digital

- Evite horários de pico

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