Cirurgia pioneira para tratamento do câncer na Região Norte será realizada em Belém
A técnica 'Pipac' consiste na aplicação de spray quimioterápico por laparoscopia.
Uma cirurgia inédita na Região Norte será realizada em Belém usando a técnica “Pipac”, na manhã desta sexta-feira, 13, em um paciente de câncer do peritônio, no Hospital do Coração. A técnica minimamente invasiva consiste na aplicação de um spray de quimioterápicos na forma de aerosol, que penetra mais profundamente nos tecidos para potencializar os efeitos da quimioterapia, oferecer baixa morbidade, recuperação rápida, possibilidade de procedimentos repetidos e boa resposta para a regressão do tumor.
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Para aplicar o spray, os médicos realizam uma videolaparoscopia (cirurgia realizada por meio de duas ou três perfurações no abdômen, por onde são introduzidos o laparoscópio, equipamento com microcâmera integrada, pinças e outros instrumentos usados na cirurgia.
A cirurgia em Belém será realizada pelo cirurgião oncológico Rafael Maia, da Oncológica do Brasil, que cuida do paciente. Ele será acompanhado pelos médicos Eduardo Dipp e. Rafael Seintenfus, que vieram de Porto Alegre, onde a técnica foi realizada pela primeira vez, em 2017. Já foram realizadas apenas 50 cirurgias como essa em diferentes partes do Brasil no Brasil.
“Pipac é um tratamento de vanguarda, paliativo para uma doença muito específica que é carcinomatose peritoneal (câncer no peritônio). É um tratamento para os pacientes que têm a doença restrita à cavidade peritoneal”, explica Eduardo Dipp, que conheceu a técnica na França e na Alemanha ao lado de Seintenfus, com quem desenvolveu, com o suporte de uma empresa especializada, o dispositivo de aplicação do aerossol quimioterápico.
O objetivo do Pipac é minimizar a possibilidade de ascite (acúmulo de fluidos no abdômen) e, em alguns casos, reduzir a doença, podendo preparar o paciente para uma cirurgia radical no futuro.
“A gente se agarra em Deus e na ciência. Eu espero que, com o Pipac, reduza o tumor e a produção de fluidos no abdômen para ter uma mobilidade melhor. Cheguei a sentir dor na lombar, mas ainda não posso ficar muito tempo em pé porque o peso da barriga é grande e eu emagreci (devido à doença)”, conta o paciente Afonso Pinto, analista de sistemas de 57 anos.
Ele conseguiu a cobertura do plano de saúde para a laparoscopia, mas não para a Pipac, pois a técnica ainda não está prevista na relação da Agência Nacional de Saúde (ANS). “Torço para que outras pessoas possam ter acesso no futuro, que mais pessoas possam fazer o Pipac e ter bons resultados para que a ANS inclua no hall de procedimentos a serem cobertos pelos planos”.
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